Uma
recente pesquisa publicada pelo Dr. Mark Gray, que trabalha no Centro de
Investigação Aplicada no Apostolado (CARA) da Universidade de Georgetown,
mostrou que as crianças católicas estão abandonando a fé aos 10 anos porque
existe uma incompatibilidade entre o que aprendem sobre a Igreja e a ciência no colégio.
Das duas pesquisas realizadas pelo Dr. Gray, uma delas se
centrou em pessoas cujas idades oscilavam entre 15 e 25 anos e foram criados como
católicos, mas já não se identificavam como tais. O outro se centrou em pessoas
com 18 anos ou mais que se identificavam como católicos.
“As entrevistas entre os jovens e adultos, que deixaram a sua fé
católica, revelaram que a idade na qual tomaram a decisão de abandonar a fé foi
aos 13 anos. Cerca de dois terços das pessoas entrevistadas, 63% disseram que
deixaram de ser católicos entre os 10 e 17 anos. Outros 23% disseram que se
afastaram da fé antes dos 10 anos. Apenas 13 % disseram que alguma vez pensaram
em voltar para a Igreja Católica”, explicou ao Grupo ACI.
Gray assinalou que as pessoas que se afastaram “desejam ter uma
prova, uma evidência do que estavam aprendendo sore a religião e sobre Deus”.
“Isto é quase uma crise de fé. Em todo o conceito de fé, esta
geração está lutando com a fé de uma maneira que não ocorreu nas gerações
anteriores”, comentou.
Também explicou que há uma tendência na cultura popular que vê o
ateísmo como “inteligente” e a fé como “um conto de fadas”.
O
perito indicou que uma das razões dessa situação é a separação entre a fé e a
educação, porque os jovens vão à Missa uma
vez por semana, mas passam o resto da semana aprendendo que a fé é “boba”.
Por outro lado, disse que se os estudantes aprendessem na mesma
escola sobre a evolução, a teoria de Big Bang e a fé com professores que têm
convicções religiosas, isto demonstraria que “não há conflitos entre a ciência
e a religião e entenderiam acerca da Igreja, sua história e sua relação com a
ciência”.
O Dr. Gray explicou que esta situação foi diferente com as
gerações anteriores que estudaram ciência e fé no mesmo currículo. A educação
“ajudou muito os jovens a lidarem com estas grandes questões e a não gerar um
conflito entre a religião e a ciência”.
Por sua parte, o Pe. Matthew Schneider, sacerdote legionário que
trabalhou com jovens durante quatro anos, disse que a fé e a ciência devem ser
apresentadas aos jovens ambas em harmonia.
O sacerdote explicou que é um desafio ensinar como a “fé e a
ciência se relacionam” através da filosofia e da teologia. Enquanto ciência se
ocupa do “que é observável e medível”, “o mundo necessita de algo não físico em
sua origem, deste modo entendemos Deus com a ciência”.
“A ciência nasceu da fé cristã”, prosseguiu. “Não há
contradição” entre fé e ciência, “mas é necessária a compreensão de cada uma em
seus próprios reinos”.
O que
os pais podem fazer para que seus filhos permaneçam na fé?
O Pe. Schneider recordou uma pesquisa realizada por Christian
Smith, professor de sociologia da Universidade de Notre Dame, que concluiu que
a combinação de três fatores produz uma taxa de 80% de retenção entre os jovens
católicos.
Se tiveram uma “atividade semanal” como a catequese, estudos
bíblicos ou um grupo de jovens; se há adultos na paróquia, sem ser os seus
próprios pais, que possam falar com eles acerca da fé; e se tiverem
“experiências espirituais profundas”, há uma maior probabilidade de permanecer
na fé católica, disse o Pe. Schneider.
Por sua vez, o Dr. Gray indicou que a igreja é “muito aberta” à
ciência e que uma das provas disso é a filiação dos cientistas não católicos
com a Pontifícia Academia de Ciências. Entre eles está o físico Stephen
Hawking.
“Não há um conflito real” entre a fé e a ciência, disse Gray.
“A igreja equilibrou de maneira constante os assuntos de fé e
razão desde os trabalhos de Santo Agostinho no século V. Ainda tem a
oportunidade de conservar mais jovens católicos se puder fazer mais para
corrigir os mitos históricos sobre a Igreja com relação à ciência”, destacou.
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ACI
Digital
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