Estejamos atentos que não mais vivemos numa sociedade
cristã. Muito pelo contrário, a força formadora de cultura atual, a matriz
geradora do modo de pensar e viver agora é pagã, pós-cristã e até mesmo
anticristã, claramente destinada a arrancar qualquer vestígio de uma
consciência fundada na civilização cristã, agora vista como arcaica, opressiva,
repressiva e obscurantista.
Assim sendo, quem desejar ser cristão de corpo, alma e consciência, que não se iluda: esteja atento criticamente aos meios de comunicação e aos formadores de opinião – e aqui incluo também os meios acadêmicos. Vale hoje, plenamente, a advertência do Senhor: “Se o mudo vos odeia – isto é, não vos preza, não vos ama, não vos tem estima, vos despreza – sabei que primeiro odiou a Mim. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que é seu!”
Que nenhum cristão se iluda por ver pessoas ainda
professando a sua fé. A questão é outra: nossa matriz cultural mudou: o
pensamento e suas várias expressões agora se nutre de um paganismo e até de um
ateísmo virulento. Olhe ao redor, meu Amigo: propõe-se um modo de vida, uma trama
de valores em que o homem de fato vive como se Deus não existisse: a própria
humanidade deve ser sua medida e seu deus. Deus deve ser reduzido ao âmbito do
privado, do opinável, das hipóteses exóticas, resquícios de um passado sombrio
de uma humanidade imatura... Este é o pensamento dominante atual...
Sendo assim, um cristão que realmente deseje viver
segundo Cristo e educar seus filhos no caminho do Senhor, com uma mentalidade
cristã e valores genuinamente cristãos que norteiem sua vida, que esteja atento
ao que ele vê, ouve, aprende, pois a educação cristã não pode mais ser suposta
como uma realidade descontada, mas deve ser transmitida em família metódica e
persistentemente sob a responsabilidade primeira dos pais!
Pense: onde uma criança ou um jovem podem fazer uma
experiência verdadeira de fé e aprender de modo sistemático o conteúdo da fé?
Na escola? Não. Na sociedade, nos meios de comunicação? Certamente que não. Na
Igreja? Sim, se ele for lá e encontrar uma verdadeira comunidade de fé e amor...
Mas, tudo, em nível de uma fé profunda e efetiva, tem que se iniciar na
família! É isto e não há escapatória.
E aos pais que sendo verdadeiros cristãos, realmente
desejarem educar os filhos na fé, eu advirto: não partam de valores ou normas
morais, de regras e proibições, de imposições e moralismos, mas de Alguém: do
Cristo Senhor, como Deus cheio de amor que nos veio salvar e nos mostrou Seu
amor a ponto de dar a vida por nós, por mim. Não temam em mostrar, em insistir
suave e convictamente que cada um de nós é precioso para o Senhor e, Nele, cada
vida tem sentido porque cada vida é fruto do sonho do Senhor e é por Ele amada.
Então, que a criança, que o jovem percebam o apelo: Quem dera que Ele seja
precioso para mim como eu sou para Ele!
Faça cada cristão sua parte de testemunhar mansa e
convictamente o Senhor! O resto, é confiar na graça de Deus e na liberdade de
cada um. Afinal, criando-nos e revelando-Se a nós, dirigindo-nos Sua palavra, o
próprio Senhor Deus quis correr o risco da nossa liberdade, quis conviver com a
possibilidade do nosso “não”, da nossa ingratidão, do nosso fechamento...
Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares, PE
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