O Patriarcado caldeu de Babilônia (Iraque),
liderado por Dom Louis Sako, pediu os cristãos a rechaçar os apelos de vingança
contra os muçulmanos sunitas, proposto em 15 de fevereiro por um cristão caldeu
vinculado às milícias paramilitares – formadas também por muçulmanos xiitas –
que lutam contra o Estado islâmico (ISIS).
No
dia 15 de fevereiro, em um programa de televisão iraquiana, Ryan Salem, cristão
caldeu de Alqosh, assegurou que os cristãos também estão presentes em Mosul
para combater e se vingar dos muçulmanos sunitas.
Desde outubro de 2016, são realizadas ofensivas do governo
iraquiano – junto a milícias xiitas, curdas e a coalizão internacional liderada
pelos Estados Unidos –, para retirar Mosul do Estado Islâmico, grupo terrorista
formado por muçulmanos sunitas. Entretanto, muitos muçulmanos desta corrente
principal do Islã também foram vítimas do ISIS.
Através
de um comunicado divulgado no dia 16 de fevereiro, o Patriarcado caldeu de
Babilônia condenou “energicamente” as afirmações de Ryan Salem, “que declara
guerra” contra os muçulmanos sunitas em Mosul.
Esclareceu que as palavras de Salem “não têm nenhuma relação com
a moral ensinada por Cristo, mensageiro de paz, amor e perdão”, e não pode
fazer estas afirmações em nome dos cristãos.
Nesse sentido, rejeitou “as desconsideradas declarações a fim de
criar um grande conflito sectário” no Iraque. Salem, expressou o Patriarcado,
“deve respeitar a ética da guerra e respeitar as vidas de pessoas inocentes”.
De acordo com a agência vaticana Fides, durante o discurso
televisionado, Salem estava ao lado de prisioneiros sunitas, provavelmente
capturados como colaboradores do Estado Islâmico.
Fontes próximas ao Patriarcado caldeu, contatadas pela Agência
Fides, informam que o objetivo do comunicado foi cortar pela raiz os equívocos
e as instrumentalizações que poderiam levar a represálias contra as comunidades
cristãs locais.
A agência vaticana já havia recordado que o Patriarcado liderado
por Dom Louis Sako tinha tomado distância em relação aos milicianos que atuam
em grupos paramilitares que participavam de operações de guerra exibindo
cruzes, efígies de Jesus e outros símbolos cristãos durante suas operações
militares.
“Trata-se de indivíduos que agem mal: a ostentação de símbolos
cristãos é uma maldade e fomenta conflitos relacionados à religião, espirais de
vingança e mais sofrimentos”, declarou o Arcebispo em junho do ano passado.
Nesse sentido, o Patriarcado caldeu enfatizou também a sua
distância de grupos armados ativos no cenário iraquiano que procuram
reivindicar sua filiação às comunidades cristãs locais.
A agência vaticana Fides indicou que Dom Louis Sako recomentou
várias vezes aos cristãos que queriam participar na libertação de Mosul que o
fizesse alistando-se no exército iraquiano ou nas forças curdas – do governo
autônomo do Curdistão iraquiano –, evitando, em todos os sentidos, criar
milícias sectárias que terminem alimentando diferentes formas de “sedição
confessional”.
______________________________
ACI Digital
Nenhum comentário:
Postar um comentário