Prezados Associados, Professores, Pesquisadores e demais interessados no Ensino Religioso:
Diante da informação de que o ER foi excluído da terceira versão da Base Nacional Comum Curricular, o FONAPER torna público a sua contrariedade e convoca a todos para replicarem este manifesto junto aos seus contatos e redes de trabalho.
Outra forma de participação é assinando o abaixo assinado para o Ministro da Educação, disponível CLICANDO AQUI.
Não deixe de participar desta mobilização por um ER não confessional nas escolas públicas brasileiras.
O Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) manifesta-se favorável à permanência do Ensino Religioso nas
escolas. A disciplina está cada vez mais esquecida e excluída das reformas
educacionais atuais. Num tempo onde o mercado e o pragmatismo determinam a
formação dos cidadãos, não há lugar para as áreas relacionadas às humanidades.
Dom
Leomar Brustolin, bispo auxiliar de Porto Alegre e referencial para a Educação
e Cultura do Regional Sul 3, destaca a defesa do Ensino Religioso Escolar para
garantir uma educação integral e cidadã. “A integralidade supõe incluir as
ciências humanas na formação da pessoa. Nesse sentido, o componente do Ensino
Religioso é determinante para desenvolver atitudes que implicam na paz da
sociedade. São elas: o diálogo, o respeito, a tolerância e a reverência
religiosa”, explica.
O bispo ressalta que não se trata de doutrinar os estudantes
sobre uma confissão religiosa, mas de educar para a convivência pacífica no que
diz respeito à religiosidade. “Basta observar as graves crises de terrorismo,
discriminação e fundamentalismos que estão abalando o século 21. A geração
técnico-científica decidiu prescindir da dimensão religiosa e está pagando
muito caro para conseguir a harmonia”, afirma, observando que a religião
trabalha o aspecto do simbólico e do sentido da existência humana. “Seria um
grave reducionismo negar essa dimensão na formação cidadã”, completa.
Diante
da exclusão da disciplina o Ensino Religioso da BNCC, o Fórum Nacional
Permanente do Ensino Religioso (Fonaper) está se mobilizando. Na última semana
o Fonaper lançou um manifesto, confira abaixo:
MANIFESTO CONTRA EXCLUSÃO DO ENSINO RELIGIOSO
DA 3ª VERSÃO DA BNCC
Diante da
exclusão do Ensino Religioso (ER) da terceira versão da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), pela atual gestão do Ministério da Educação (MEC), o FONAPER
vem a público c manifestar sua desaprovação perante esta atitude arbitrária e
contraditória, já que não reconheceu a mudança de paradigma deste componente
curricular ocorrido nas últimas décadas.
A elaboração da BNCC é resultado
de um pacto interfederativo,
conforme previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação
Básica (DCNEB), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e no
Plano Nacional de Educação (2014-2024). Desde a constituição de um Comitê de
Assessores e Especialistas, com ampla representatividade dos estados e
municípios, esse caráter colaborativo e democrático tem sido respeitado em
todas as suas instâncias e fases. Indicados pelo Conselho Nacional de
Secretários de Educação (CONSED), pela União Nacional de Dirigentes Municipais
de Educação (UNDIME) e pelo MEC, assessores e especialistas das diferentes
áreas de conhecimento e componentes curriculares elaboraram os documentos
preliminares da BNCC, disponibilizados à consulta pública pelo MEC entre
setembro de 2015 e março de 2016.
Até setembro de 2016, em todos os
Estados ocorreram Seminários Estaduais, cujo objetivo era apresentar contribuições
para finalização do documento. O Ensino Religioso esteve presente
durante todo esse processo de discussão pública, recebendo
contribuições de professores, pesquisadores e demais interessados, além de ter
recebido apoio de profissionais da educação de diferentes áreas do conhecimento
e de vários segmentos educacionais.[1]
Diante disso, indagamos: se
o documento da BNCC é resultado de um pacto interfederativo, poderia o MEC
decidir isoladamente pela exclusão do ER, desconsiderando o investimento
realizado ao longo de três anos, a consulta pública e os profissionais
envolvidos na elaboração do documento?
Fato é que o MEC parece assumir a
mesma posição de 20 anos atrás, quando excluiu o ER do processo de elaboração
dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). O que essa omissão gerou? Uma diversidade
de concepções e regulamentações do ER contraditórias, que vão desde a
reafirmação do confessional – o que afronta a laicidade do Estado – até
propostas pautadas nos princípios da diversidade, interculturalidade e direitos
humanos.
Embora tratado como área de
conhecimento da Educação Básica pelo CNE (cf. Resolução CNE nº 04 e 07, de
2010), a falta de diretrizes curriculares nacionais fez com que muitos sistemas
de ensino e Instituições de Ensino Superior deixassem de investir na
habilitação dos profissionais do ER, resultando na perpetuação de práticas
prosélitas, descumprindo o que está previsto no art. 33 da LDB, de “assegurar o respeito à diversidade
cultural religiosa do Brasil”.
Neste contexto, a manutenção do
ER na BNCC favoreceria todos os sistemas e redes de ensino a desenvolverem
processos de formação continuada dos professores, fomentaria as Instituições de
Ensino Superior a investirem na formação inicial de professores, bem como na
produção de materiais didáticos e paradidáticos para esta área.
Diante da persistência e
crescimento das práticas de intolerância e discriminação contra certos grupos
religiosos e seculares, o MEC precisa reconhecer que as novas gerações
necessitam ser educadas a se relacionarem com os diferentes, e a escola se constitui
em um lugar privilegiado para isso. Nesse sentido, a escola laica assume uma
importância capital na promoção de sociabilidades que aprendam, acolham,
colaborem e respeitem as diferenças. Daí decorre sua função formativa de
contribuir na construção de uma cidadania que habilite as pessoas a conviverem
com convicções de mundos distintos e a adotarem como legítimos alguns
princípios básicos para vida coletiva.
Portanto, é também função da
escola disponibilizar aos estudantes o conhecimento da diversidade dos
fenômenos religiosos, incluindo o estudo de perspectivas não religiosas, como o
materialismo, agnosticismo, ateísmo, ceticismo, entre outras, tendo em vista a
educação para o diálogo e convívio entre pessoas religiosas, agnósticas e sem
religião. Pode contribuir para a promoção da liberdade religiosa e dos direitos
humanos, desenvolvendo práticas pedagógicas que enfrentem e questionem
processos de exclusões e desigualdades. Desta forma, discriminações e
preconceitos entre grupos sociais são desnaturalizados e, na medida em que são
abordados como elementos de aprendizagem, contribuem para a convivência
respeitosa (BNCC, 2016 – 2ª versão).
A manutenção do ER da 3ª versão
da BNCC reflete a vontade de educadores e sistemas de
ensino quanto ao que deve ser aprendido nas escolas brasileiras. Considerando que não houve
diálogo do MEC com as pessoas e instituições envolvidas com essa área de
conhecimento, o FONAPER entende que a exclusão do ER da BNCC é um ato
arbitrário e contraditório que será contestada em diferentes instâncias.
Coordenação
FONAPER (2017-2019)
Florianópolis,
13 de fevereiro de 2017.
[1]Segundo
os dados do Portal da Base, a proposta de ER disponibilizada à consulta pública
teve uma aceitabilidade que ultrapassa os 93\\\\%.
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Fonte: FONAPER
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