A
Lituânia tem a sua Colina das Cruzes (veja aqui). A China pode agora ter uma
Cidade das Cruzes!
Wenzhou
tem 3 milhões de habitantes e fica na província de Zhejiang, na China Oriental.
É uma cidade costeira que serve como lar para uma das maiores comunidades
cristãs da China, com cerca de 300 mil católicos e um milhão de protestantes,
tanto membros de igrejas sancionadas pelo governo quanto de “assembleias
domésticas” clandestinas, que tornam a cidade conhecida como "Jerusalém do
Oriente".
As
autoridades da região, no entanto, insistem em remover as cruzes "não
autorizadas" que os cristãos colocam nas igrejas locais. A “campanha do
mal” para remover as cruzes é coordenada pelo Partido Comunista, dizem os
ativistas cristãos. Segundo eles, mais de 1.200 cruzes foram retiradas das
igrejas da província de Zhejiang desde o final de 2013, quando essa ordem foi
dada pelo governo. Houve um pico de remoções nas últimas semanas.
Diante da
repressão, um bispo de 89 anos de idade, acompanhado por 20 sacerdotes, foi
protestar pessoalmente diante da sede do governo local. A imagem de dom Vincent
Zhu Weifang, que caminha com uma bengala e que liderou o protesto no dia 24 de
julho, inspirou muitos católicos locais à resistência, de acordo com fontes
consultadas pelo site ucanews.com. Vários policiais apareceram no local durante
o protesto, que durou duas horas, mas, segundo testemunhas oculares, não
tomaram medidas repressivas naquele momento.
Antes
desse evento, oito padres de Zhejiang tinham procurado ajuda da Igreja em
Pequim para pressionar o governo a interromper a campanha de remoção de cruzes.
Dom Zhu
divulgou uma carta aberta em agosto passado convidando os católicos a
defenderem os seus direitos e a sua dignidade em face da repressão. Foi a
primeira vez que a Igreja católica levou a causa para as ruas. Os protestantes
já tinham se manifestado em ocasiões anteriores.
Zhejiang
tem uma população católica de 210.000 pessoas. A maior diocese da província é a
de Wenzhou, reduto da comunidade "não oficial" da Igreja, composta
por cerca de 120.000 membros. A comunidade católica não reconhecida pelo
governo na área de Yongqiang também fez um apelo a todas as suas paróquias para
orar e jejuar como forma de protesto não-violento, em defesa do seu direito de
celebrar a fé.
Pregadores
protestantes estão incentivando as suas congregações a fazerem o mesmo,
opondo-se pacificamente às remoções e colocando cruzes de madeira em suas casas
e carros, relatou o jornal The Guardian. "Cada vez que eles derrubarem uma
cruz, nós vamos colocar novas", afirmou um líder cristão de Zhejiang ao
periódico britânico. "Estamos até pensando em fazer bandeiras e roupas com
estampas em cruz. Faremos a cruz florescer por toda a China!".
A
polêmica pode chamar atenção internacional, em especial porque Barack Obama
deverá viajar em breve à China e também porque o país asiático terá sua eleição
presidencial no ano que vem. Segundo The Guardian, ativistas de todo o mundo já
estão pedindo que Obama levante a questão junto ao presidente Xi Jinping quando
este fizer a sua primeira visita de Estado aos EUA, em setembro.
Marco
Rubio, candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, afirmou na
última semana que "a liberdade religiosa está, sem dúvida, sendo atacada
na China". Essa repressão, no entanto, "teve a consequência não
intencional de dar a muitos fiéis uma vivacidade maior, como fica evidenciado
pelo crescimento explosivo do cristianismo na China", acrescentou Rubio.
John
Burger
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Aleteia
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