quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Dia Internacional de Oração pelos Cristãos Perseguidos no Oriente Médio - 6 de Agosto.


Eu tenho uma pergunta para fazer a vocês – mas não respondam em voz alta, apenas em seus corações. Quem de vocês reza pelos cristãos que estão sendo perseguidos? Quantos rezam? Cada um responda em seu coração. Eu rezo por meu irmão, por minha irmã que está em dificuldade porque ele confessa e defende a sua fé? É muito importante olhar para além de nossas próprias fronteiras, para sentir que nós somos uma só igreja, uma só família em Deus! - Papa Francisco.

A cada cinco minutos um cristão é assassinado simplesmente por professar a sua fé. E o Oriente Médio é a região onde a perseguição hoje é mais cruel. A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), através de seus benfeitores, está fazendo tudo ao seu alcance para socorrer materialmente e espiritualmente os perseguidos, construindo casas, escolas, provendo alimento, medicamento, sustentando os heroicos missionários que diariamente doam suas vidas para salvar outras tantas e tudo mais que se faz necessário para ajudá-los a alcançar algo que é mais próximo de uma vida normal, para dar-lhes esperança e força para suportar todas as dificuldades.

No entanto, no dia 6 de agosto, quando se completa um ano da fuga de milhares de cristãos do norte do Iraque, a AIS pede o mais importante: a oração. Com o apoio da CNBB, a Ajuda à Igreja que Sofre convida você e sua comunidade a celebrar a Santa Missa nas intenções dos cristãos perseguidos no Oriente Médio. Se não for possível a Missa, um terço ou mesmo nas orações pessoais que cada um possa fazer. O mais importante é que todos estejam unidos em oração.

Em São Paulo, na Catedral da Sé, haverá uma celebração às 16h30m presidida pelo Cardeal Arcebispo Dom Odilo Pedro Scherer

A perseguição não está acontecendo aqui, mas está acontecendo agora! Para rezar também é preciso conhecer. Nesta página você tem acesso às informações sobre o que acontece no Oriente Médio e os testemunhos de sofrimento e martírio vividos pelo “povo da cruz”, como são chamados os cristãos pelos seus perseguidores.



A PERSEGUIÇÃO ATUALMENTE

A última pesquisa feita pela Ajuda à Igreja que Sofre sobre a liberdade religiosa é uma leitura preocupante. O relatório dá ênfase à preocupação com os cristãos nos países onde os princípios da liberdade religiosa, conforme foram enunciados pela Declaração dos Direitos Humanos da ONU, não estão sendo considerados. Muitos países não respeitam as suas comunidades minoritárias, o que leva a ocorrências diárias de discriminação e de injustiças legais e sociais. Uma cultura do medo emerge – intimidação, aprisionamento injusto, violência, tortura e até mesmo o assassinato.

A situação de maior preocupação é a que está ocorrendo no Oriente Médio. A Primavera Árabe trazia a promessa democracia, mas foi um desastre para os cristãos. Na Síria o sofrimento tem sido especialmente agudo. A mudança política tem alimentado o crescimento de um islamismo militante e anticristão. Em meio à violência geral e ao caos, os ataques contra os cristãos permanecem em sua maioria desconhecidos. Tal como depois da guerra do Iraque, dez anos atrás, quando intimidações específicas contra os cristãos levaram a um êxodo maciço, a atual confrontação no Oriente Médio poderá levar a um desaparecimento efetivo do cristianismo nessas antigas terras onde o Evangelho foi proclamado em primeiro lugar. Um grande número de cristãos, entre eles iraquianos que haviam fugido para a Síria, agora está buscando refúgio e segurança em países vizinhos e no Ocidente.

Além do custo humanitário e econômico dessa migração em massa, o mapa religioso do Oriente Médio e do norte da África está sendo redesenhado. É um dever para todos os cristãos compreenderem os sofrimentos de nossos irmãos e irmãs em Cristo e ajudar a lhes dar uma voz.

A megacrise que atinge a Síria e o Iraque, assim como outras novas crises intermináveis, criaram o problema mais grave de deslocamento de populações já registrado na história e que está se acelerando rapidamente. Segundo dados do último relatório da agência da ONU para refugiados (ACNUR) lançados em junho/2015*, ao final de 2014 o número de refugiados atingiu 59,5 milhões. O crescimento desde 2013 é o maior registrado em um único ano. Mais de 2,5 milhões de pessoas tiveram que deixar suas casas no Iraque em 2014 e cerca da metade delas se refugiou na região autônoma do Curdistão iraquiano, no norte, onde o fluxo não para de crescer. Um total de 14 milhões de pessoas foram expulsas de suas casas no Iraque e na Síria.




SÍRIA

Desde que começou o surto de violência na Síria em março de 2011, a situação humanitária tem se deteriorado continuamente. A violência levou ao assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças, alguns deles alvejados deliberadamente. Centenas de milhares estão acuados sem poder fugir. Muitos sírios perderam membros de suas famílias e seus trabalhos e as crianças perderam suas escolas. Centenas de milhares de outras famílias tiveram que fugir de suas casas por causa da guerra, indo para outras cidades. Cerca de 9 milhões de pessoas vivem nas regiões em guerra e são afetadas por ela direta ou indiretamente. O preço dos alimentos triplicou, a insegurança alimentar tem aumentado constantemente desde o início da crise e ultrapassa em muito a região afetada pelo conflito. Condições cada vez piores e a violência cada vez maior fazem com que seja mais difícil os civis encontrarem refúgio em outras cidades. Incontáveis clínicas, hospitais e outros serviços essenciais e infraestrutura, como abastecimento de água e limpeza, foram destruídos ou seriamente danificados. O deslocamento de pessoas em larga escala resultou em superlotação nos centros de refugiados. A capacidade das comunidades que recebem os refugiados já chegou ao limite. Além disso, a violência torna difícil para as pessoas terem acesso à água potável, alimento e tratamento de saúde.

Em meados de 2014, a ONU estimou que cerca de 10,8 milhões de pessoas na Síria tinham necessidade de assistência humanitária e 6,8 milhões são refugiados, a metade deles crianças. O número total de refugiados sírios registrados ou em aguardo de registro nos países vizinhos já passa dos 3,2 milhões de pessoas. Dentro do país, a ajuda internacional está reduzida devido ao número limitado de entidades autorizadas a fornecer assistência humanitária na Síria.


IRAQUE

Segundo a UNAMI, missão da ONU no Iraque, 2014 foi um dos anos mais sangrentos para o país desde 2006/2007, com 12.282 mortes e 23.126 feridos. O período coincide com o avanço das forças do grupo autodenominado Estado Islâmico (EI) e sua luta com o governo iraquiano. Só em janeiro de 2015 a violência matou 1.375 pessoas no Iraque.

Desde a proclamada “Primavera Árabe” que os cristãos têm sido vítimas do poder crescente dos radicais islâmicos. O EI declarou a instauração de um califado nas regiões que controla, que se estendem desde certas regiões da Síria até o Iraque. A crise teve início em 06 de junho de 2014, quando os cristãos e outras minorias foram forçados a fugir ante os atos bárbaros que varreram a cidade de Mossul e a planície de Nínive. Eles foram arrancados de mãos vazias de suas casas e aldeias durante à noite em direção a um futuro desconhecido, atingidos pelo medo e terror. Cerca de 1,2 milhão de iraquianos foram deslocados internamente como resultado da violência, incluindo mais de 600 mil apenas no mês de junho. As crianças são as mais afetadas pelo conflito e informações confiáveis indicaram que elas estão sendo recrutadas e usadas como soldados.

“Caso este êxodo continue, terminará a história do cristianismo no Iraque”, disse Dom Louis Sako, chefe da Igreja Católica Caldeia.

As comunidades cristãs são inteiramente dependentes de ajuda externa e foram apoiadas pela Igreja desde que chegaram no norte curdo do Iraque. Muitos deles encontraram refúgio em Ankawa, Erbil, e, mais ao norte, na região de Dohuk, perto da fronteira com a Turquia.

O padre Fadi Jamil Haddad foi raptado em Damasco quando estava negociando a libertação de um paroquiano. Um enorme resgate foi pedido pelo padre Haddad, mas ele foi morto. Seis dias depois do seu rapto o seu corpo foi encontrado numa estrada com sinais indescritíveis de tortura e mutilação.

Mariam era uma moça de 15 anos que foi raptada depois que uma “fatwa” (decisão das autoridades muçulmanas) autorizou o estupro de mulheres cristãs e não sunitas. Durante 15 dias Mariam foi casada, estuprada e divorciada por 15 rebeldes radicais muçulmanos. Profundamente traumatizada ela começou a dar sinais de doença mental. Foi então assassinada.

A irmã Joseph Marie Chanaa conta o rapto de um rapaz de 15 anos de idade. “Eles penduraram o rapaz de cabeça para baixo por vários dias. Eles pediram um resgate de 100 mil dólares. Para levantar o dinheiro a família vendeu tudo que tinha: a casa, o negócio e o carro. O rapaz foi libertado, mas em estado de coma. Ele morreu 3 dias depois. A família não só perdeu o seu filho, mas ficou desesperadoramente pobre”.

COMO RESPONDER À PERSEGUIÇÃO 
CONTRA OS CRISTÃOS?

A Ajuda à Igreja que Sofre está entre as instituições de caridade que, apoiando os bispos do Oriente Médio, dá suporte às famílias desabrigadas. Na Síria e no Iraque, os países mais afetados da região, de outubro de 2014 a fevereiro de 2015 foram aprovados mais de 30 projetos emergenciais de ajuda aos milhares de refugiados, o que totalizou mais de 15 milhões de Reais. De 2011 até hoje, apoiamos o Oriente Médio com 71,5 milhões de Reais, num total de 1.019 projetos. As ajudas são direcionadas para alimento, abrigo e educação – e no Natal de 2014 enviamos presentes para as crianças. O esquema foi um dos maiores em mais de 60 anos de história da instituição de caridade e também inclui suporte pastoral para os sacerdotes e irmãs refugiadas pela crise que varreu o país.

Além de oferecer nossa solidariedade espiritual, como cristãos, devemos assumir o dever de ajudar a dar uma voz para os fiéis perseguidos e a insistir que suas histórias sejam contadas.

Uma oração do Iraque para os
cristãos no Iraque

Senhor Jesus Cristo,
Você nos ensinou a rezar ao Pai em seu nome,
E você nos assegurou que tudo o que pedíssemos, nós receberíamos.
Por isso, nos dirigimos a você com total confiança
Pedindo-lhe para nos dar a graça e a força de perseverar nesta tempestade,
Para alcançar a paz e a segurança, antes que seja tarde demais:
Esta é a nossa oração e, embora pareça impossível para nós,
Nós confiamos a você para que nos dê tudo o que precisamos para a nossa sobrevivência e nosso futuro.
Ajude-nos, Pai,
Em nome de seu Filho crucificado e ressuscitado, Jesus,
Para continuarmos a trabalhar juntos,
Para sermos livres, responsáveis e amorosos,
Para encontrarmos a sua vontade e fazê-la com alegria, zelo e coragem.
Em Caná, a Mãe de Jesus foi a primeira a notar que não havia vinho.
Pela intercessão de Maria, pedimos-lhe, Pai,
Para mudar a nossa situação - como seu filho transformou a água em vinho - da morte para a vida.
Amém.


(Patriarca Caldeu Louis Raphael Sako).
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Ajuda à Igreja que Sofre

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