"Quanto
a qualquer homem da casa de Israel ou algum residente forasteiro que reside no
vosso meio, que comer qualquer espécie de sangue, eu certamente porei minha
face contra a alma que comer o sangue, e deveras o deceparei dentre seu povo. Pois
a alma da carne está no sangue, e eu mesmo o pus para vós sobre o altar para
fazer expiação pelas vossas almas, porque é o sangue que faz expiação pela alma
[nele]. Foi por isso que eu disse aos filhos de Israel: "Nenhuma alma
vossa deve comer sangue e nenhum residente forasteiro que reside no vosso meio
deve comer sangue.". Quanto a qualquer homem dos filhos de Israel ou algum
residente forasteiro que reside no vosso meio, que caçando apanhe um animal
selvático ou uma ave que se possa comer, neste caso tem de derramar seu sangue
e cobri-lo com pó. Pois a alma de todo tipo de carne é seu sangue pela alma
nele. Por conseguinte, eu disse aos filhos de Israel: "Não deveis comer o
sangue de qualquer tipo de carne, porque a alma de todo tipo de carne é seu sangue.
Quem o comer será decepado [da vida]" (Levítico 17,10-14).
Gostaria
muito de esclarecer a minha dúvida, pois qual seria a forma de interpretar, no
qual ele mesmo afirma; que caçando apanhe um animal selvático ou uma ave que se
possa comer, neste caso tem de derramar seu sangue e cobri-lo com pó. Então
quer dizer que não podemos comer carne vermelha? - Karlo Felipe (Campina
Grande – PB).
Prezado Karlo,
salve Maria!
Ao contrário dos 10 mandamentos, a antiga Lei
Mosaica era uma lei preparatória para o povo judeu, com símbolos e
prefigurações de Cristo e do Novo Testamento, cujo sacrifício por excelência
seria o próprio Filho de Deus. Com a Encarnação, Morte e Ressurreição de
Cristo, não seria mais necessário o símbolo, pois o próprio Cristo já cumprira
tudo o que era esperado e prefigurado. Os Mandamentos são a Lei Eterna para o
homem e não serão jamais abolidos.
Adão, no paraíso terrestre, tinha a lei de não
comer o fruto da árvore do conhecimento do Bem e do Mal. Era um sacrifício para
Deus, reconhecendo nEle o Senhor de tudo. Havia nisso o símbolo de que o Bem
absoluto era impossível de ser conhecido pelo homem, pois o infinito não cabe
no finito. Já o Mal é o pecado, que também não pode ser conhecido, pois vai
contra a razão.
Ao pecar, com a expulsão do paraíso, foi necessário
ao homem – agora tendente ao pecado - fazer sacrifícios de expiação. Nesses
sacrifícios, animais eram imolados e o sangue, simbolo da vida destes, era
reservado aos sacerdotes, para significar que a vida era um dom de Deus e
pertencia somente a Ele, Senhor de tudo.
Porém, se essa proibição fosse uma lei eterna, São
Pedro não teria tido a visão, relatada nos Atos dos Apóstolos (X, 9-16), quando
Deus mandou que ele comesse de todos os animais quadrúpedes, répteis e aves da
terra, contra o que mandava a Lei Mosaica. Portanto, não seria mais proibido
comer sangue animal, quanto mais qualquer carne vermelha, pois o verdadeiro
Sangue a ser sacrificado seria o do Verbo Encarnado, no calvário, renovado de
modo incruento na Santa Missa.
Na Santa Missa, a Morte de Cristo é renovada quando
o sacerdote separa o Sangue do Corpo de Cristo. Ora, ao homem que fosse se
alimentar de animais, era obrigatório separar o sangue deste do resto do corpo,
prefiguração clara da liturgia.
Quando Cristo morreu, o véu do templo se rasgou. O
antigo culto foi abolido e o templo tornou-se desnecessário. E com eles, a lei
de Moisés.
A carne vermelha é proibida somente nos dias de
abstinência, conforme manda a Igreja: todas as sextas-feiras, na Sexta-feira
Santa e na Quarta-feira de Cinzas.
No Coração de Maria Santíssima,
Fabio Vanini
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Montfort
Mas o Concílio de Jerusalém proíbe o consumo de sangue
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