A proposta pedagógica da Liturgia nas celebrações
do Ano Litúrgico é evidente para quem se dedica ao estudo da Liturgia. Domingo
após Domingo, a Liturgia vai celebrando e conduzindo seus celebrantes nos
caminhos do discipulado. Isso acontece no decurso de todo o Ano Litúrgico, mas
existem momentos nos quais isso aparece de modo mais evidente. Um destes
momentos se fazem presentes nas celebrações realizadas neste mês de fevereiro
de 2017.
Discípulos e discípulas para iluminar o mundo
Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo!
Esta é uma das mais importantes e completa definição da identidade do discípulo
e discípula de Jesus, presente no Evangelho do 5DTC-A. O discípulo e discípula
do Evangelho nasceram para brilhar, para irradiar a luz do Evangelho em todas
as partes do mundo. A luz da fé não brilha pela excelência do conhecimento de
dogmas ou da Teologia, mas, como diz o contexto celebrativo do 5DTC-A, pelo
empenho de quem se dedica ao pobre e ao irmão e irmã necessitados, eles que são
a grande riqueza do Evangelho.
É através da partilha da vida que cada discípulo e
discípula de Jesus acendem a luz divina e dá sabor ao viver aqui na terra. Isto
faz com que a celebração deste Domingo seja celebrada num contexto provocador,
exigindo dos celebrantes uma avaliação do seu modo de viver para celebrar
realmente um culto coerente com aquilo que se vive.
Três escolhas do discípulo e discípula:
a vida, o
amor, o desapego
O discipulado caracteriza-se por escolhas que
realizam a vida pessoal, seja em contexto particular como naquele de
relacionamento social. Escolhas capazes de harmonizar a vida interior de quem
se coloca nos caminhos do Evangelho. A primeira destas escolhas é a vida.
Escolher viver significa fazer a escolha mais importante da existência.
Cada pessoa é chamada a escolher a vida para ser
feliz (6DTC-A). Parece uma coisa óbvia e, mesmo assim, muitas escolhas
existências não favorecem o cultivo da vida, mas a escondem em fendas do mal.
Diante de cada um de nós está o caminho da vida e o caminho da morte. A escolha
precisa ser feita com critérios divinos e não humanos.
Quanto a escolha da vida, o 6DTC-A considera que
Deus não impõe nenhuma Lei, mas propõe um caminho de sabedoria sintetizado nos
seus Mandamentos. Se a sabedoria dos poderosos se destina à destruição, a
sabedoria divina é sempre promotora do respeito à vida do outro a favor de sua
dignidade. As leis religiosas e os Mandamentos têm sua importância enquanto
expressões de respeito e promoção da dignidade da vida humana. Compreende-se
assim que os Mandamentos não são algemas, mas indicativos de relacionamentos
que valorizam a vida humana em toda sua dignidade.
A segunda escolha no caminho do discipulado é o
cultivo do amor. Na realidade, não se pode cultivar a vida sem amor. Mas um
amor que seja tamanho, a ponto de amar até mesmo os inimigos (7DTC-A). Como
cristãos e cristãs pertencemos a Jesus Cristo e o Espírito Santo de Deus habita
em nós. Por isso, somos chamados a ser santos como o Pai celeste é santo. Somos
chamados a amar não somente os que nos amam, mas amar até mesmo nossos
inimigos. Disto, uma celebração para refletir sobre nosso modo de ser no mundo
com um comportamento tipicamente cristão, e isto significa um comportamento
amorosamente fraterno. Diante de uma Palavra que exige empenho, como desta
Liturgia do 7DTC-A, a necessidade de uma resposta compromissada.
Por fim, a terceira escolha é o desapego dos bens
materiais, que tem a ver com um modo de viver, com um estilo de vida. Jesus
ensina este estilo de vida indicando nossos olhares ao céu, onde voam as aves,
e aos campos, onde crescem os lírios (8DTC-A). A proposta de Jesus é que não
nos afundemos em preocupações, mas confiemos na bondade divina que cuida dos
lírios do campo e das aves do céu. Como uma mãe carinhosa, assim Deus é incapaz
de se esquecer de seus filhos e filhas, chamando-os a serem administradores dos
seus mistérios. Uma celebração que se torna convite para ajudar os celebrantes
a acolher a proposta de Jesus de não se preocupar com muitas coisas, mas buscar
o essencial para se viver na simplicidade.
Serginho Valle
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Serviço de
Animação Litúrgica
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