Nesta semana, a nossa
cidade viveu alguns momentos importantes sobre a elaboração do Plano Municipal
de Educação. A discussão foi muito significativa e trouxe à luz muitas
situações relevantes, e é necessário que reflitamos sobre isso. Também tomamos
conhecimento de que o Ministério da Educação tem consigo, em três diferentes
versões, a Base Nacional Curricular Comum (BNCC).
Trata-se
de um Documento elaborado pelo próprio Ministério junto com representantes da
área educacional e, aprovado pelo Conselho Nacional de Educação, será,
finalmente, implementado em mais de 190 mil escolas públicas e particulares
(incluindo, é óbvio, as mantidas por entidades religiosas) do Brasil.
Ocorre,
no entanto, que tanto o PME em discussão aqui no Rio de Janeiro e as três
versões da BNCC ignoram o PNE (Plano Nacional de Educação) aprovado pelo
Congresso Nacional, dado que este, atendendo aos legítimos apelos da Nação,
retirou do texto toda menção à ideologia de gênero que a BNCC, agora, deseja
reinserir. Aliás, esse tipo de manobra é antiga e sempre volta: quando o
Congresso não aprova algum desejo de um grupo, as manobras fazem com que tudo
volte de um outro modo a ser imposto à população, seja por via executiva, seja
por via judiciária.
Ora,
essa ideologia, sob capa de correta e louvável proteção às mulheres, impõe, na
verdade, a mais radical ideologia da História, dado que, se levada às últimas
consequências, destruirá a humanidade, conforme afirma o estudioso argentino
Dr. Jorge Scala. (Cf. Ideologia de gênero: neototalitarismo e morte da família.
São Paulo: Catechesis/Artpress, 2011, p. 11).
E
por que destruirá? – Porque prega que “a diversidade sexual homem-mulher, e
suas derivadas esposo-esposa e pai-mãe, não procedem da natureza, mas são
impostas por uma ‘cultura’ arbitrária mediante um sistema discriminatório e
repressivo. Esse fenômeno perpetua-se por culpa das instituições (família, escola,
Igreja), que condicionam a formação das crianças, impedindo-lhes de escolher a
‘orientação sexual’ e o ‘papel reprodutivo’ que elas prefeririam”.
Daí
“a ideologia de gênero quer libertar as crianças e os adultos desse sistema
repressivo, de maneira a criar uma ‘sociedade sem classes sexuais’ mediante a
‘desconstrução’ dos papéis sexuais e reprodutivos e das instituições sociais
que os reproduzem, sobretudo as familiares, escolares e religiosas. Portanto,
ela pretende que tanto os programas escolares quanto os de ‘reeducação’
familiar e de ‘renovação’ religiosa proíbam o ensino moral e da fé,
substituindo-o pela ideologia do gender” (Oscar Alzamora Revoredo. Ideologia de
gênero: perigos e alcance. Lexicon. Brasília: CNBB, 2014, p. 491-507, apud
Opção preferencial pela família. São Paulo: Supplica Filiale, 2015, p. 21).
Trata-se,
portanto, como se vê, de uma subversão de toda a ordem natural querida por
Deus, pois nega, radicalmente, a natureza humana em matéria sexual (ninguém
nasceria, psicologicamente, homem ou mulher, mas escolheria ser homem, mulher
ou neutro – nem um nem outro – com o tempo) para impor uma ideologia que o Papa
Francisco não hesitou em classificar como “demoníaca”, em 30/01/2015. Ele segue
a mesma linha de seu imediato predecessor Bento XVI, que afirmava, em
21/12/2012, em discurso à Cúria Romana, ser tal sistema de ideias uma forte
revolta da criatura contra o Criador, que fez o ser humano homem e mulher (cf.
Gn 1,27). Portanto, ela é inaceitável à luz não só da fé e da moral, mas também
da sã razão fundamentada nas ciências biológicas.
Diante
dessa seríssima ameaça que nos cerca, é preciso que, junto a outras forças
vivas e atuantes da nação, dentro da lei e da ordem, alertar o maior número
possível de pessoas, bem como demonstrar – de modo sereno, mas, ao mesmo tempo,
claro e convicto – nossa discordância a mais esta ameaça ao Brasil. Ela começa
pela deformação de nossas crianças e adolescentes e, por esse meio, atinge
também as famílias, a religião e, por fim, a sociedade em geral.
É
muito importante que nos manifestemos nas Câmaras Municipais e também diante
das imposições dos outros poderes que tentam legislar aquilo que já foi
decidido de outra forma pelo Congresso Nacional. É fundamental que os
vereadores façam valer o bom senso e construam para a posteridade uma cidade
que progride e avança dentro de valores importantes para a vida humana.
Uma
outra forma de demonstrar nosso sadio descontentamento é assinando a petição
online no endereço eletrônico abaixo disponível para este fim, bem como rezando
para que Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, a
maior educadora da história humana, interceda junto a Deus por nós, a fim de
que não nos deixemos, junto às nossas famílias e comunidades, levar por mais
este grave perigo que ameaça corromper moralmente a Nação Brasileira de nossos
dias.
Com
uma saudação fraterna a todos os homens e mulheres de boa vontade que querem
construir uma nação humana e com valores da família.
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
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