É próprio de cada criatura viva
preservar-se e defender-se de tudo o que a tente levar para a sepultura. No
entanto, os mecanismos de morte acontecem se cada um de nós não trabalhar para
a preservação da vida de todos. O solo terrestre, com tudo o que ele tem em
baixo ou em cima da superfície, está sendo ameaçado, arruinado ou destruído.
Não vale o “só cada um por si”! Enquanto todos não estiverem dispostos a se
ajudarem para a superação da destruição e não tiverem o cuidado com a vida de
cada um (solo, minas d’água, biomas, vegetação, animais e seres humanos), todos
são prejudicados.
Jesus deu-se totalmente pela
causa abraçada de mudar o rumo da história do planeta e do ser humano. Não
reservou sequer a última gota d’agua e do sangue jorrados do alto da cruz.
Mostrou o que devemos fazer para preservar e desenvolver a vida na terra. Sua
ressurreição nos garante a certeza de que não seguimos simplesmente um fundador
de religião humano a mais. Entregou a vida na natureza humana, mas a
ressuscitou porque tem também a natureza divina. Com Ele somos capazes de
também dar de nós pelo bem da natureza e da vida humana. Mesmo que tenhamos
infelizmente caído no “sepulcro” de nossos egoísmos, injustiças, degradação da
terra e das relações com o semelhante, há esperança de ressurreição. Podemos e
devemos mudar a mentalidade da ganância, da busca do ter a todo custo, da
concentração das riquezas nas mãos de poucos e consequentes injustiças sociais,
da monocultura em diversas regiões, da destruição de grande parte das matas
ciliares, das mineradoras que destroem e poluem, da falta de políticas públicas
que não levam em conta a preservação do meio ambiente e a promoção de
benefícios sociais principalmente às classes mais prejudicadas...
A solidariedade é uma das
virtudes que marcam a vida de quem comunga com a Páscoa de Jesus. É possível
corrigir a corrupção que domina negativamente boa parte da política. Esta deve
ressuscitar para a vida nova de serviço ao povo e não de busca desenfreada de
benefícios para si e poucos, através da prática do ilícito em prejuízo para o
povo. Ele é o mandatário e não deve ser o escravo, sendo sepultado em sua
dignidade.
Precisamos muito de testemunhas
qualificadas, como os Apóstolos de Jesus, para anunciar e garantir a todos que
Ele ressuscitou. Quem quer viver com Ele a própria ressurreição, deve aceitar a
missão de dar de si para a ressurreição das inter-relações humanas promotoras
de vida de sentido e dignidade a todos. Como é importante fazer a Páscoa de
Jesus acontecer para todos! Nosso esforço de promover a vida nos deve
defendê-la desde a concepção até sua morte natural. O aborto e todos os
mecanismos de morte devem ser abolidos de nossa sociedade. Leis que os
favoreçam devem ser rechaçadas por todos!
Pedro e João, avisados por Maria
Madalena que Jesus não estava mais no túmulo, foram correndo para ver a
sepultura e constataram que, de fato, o corpo do Mestre lá não estava mais.
Eles acreditaram na ressurreição do Senhor (Cf. João 20,1-9), que apareceu
depois a eles e aos demais discípulos.
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
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