Hoje e nos próximos cinquenta dias, a Igreja canta
solenemente na Liturgia: “Cristo ressuscitou, aleluia!” A Páscoa da
ressurreição de Cristo enche o céu e a terra de alegria; está mais uma vez
demonstrado o poder de nosso Deus e Salvador. Ninguém Lhe tirou a vida, Ele
mesmo a ofereceu ao Pai por nós. Por isso, Jesus ora, dizendo: “Ressuscitei, ó
Pai, e sempre estou contigo: pousaste sobre mim a tua mão, tua sabedoria é
admirável, aleluia!” (Sl 138,18.5-6). Foi assim que São Francisco de Assis
entendeu quando disse: “Cristo deitou-se para dormir e levantar-se depois na
madrugada da Ressurreição”.
Se hoje mais uma vez nos alegramos porque Cristo
Nosso Senhor ressuscitou, nos alegramos também porque Ele alcançou para nós a
redenção e a ressurreição. Não é senão por sublime experiência mística que
Santo Agostinho se expressou numa forma que poderia ser mal entendida como um
paradoxo no mínimo irreverente: “Ó feliz culpa, a de Adão, que nos trouxe tão
grande Salvador”. Na força da ressurreição do Senhor ressuscitamos com Ele,
entendemos o sentido último de nossa vida e assistimos a esperança iluminando a
face da terra. Toda a criação se alegra com a certeza de sua própria
restauração operada pelo Ressuscitado, esperando, como afirma o Apóstolo Paulo,
“de ela também ser libertada da escravidão da corrupção para entrar na
liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8, 23). E nós, cristãos, criados
por Deus, redimidos por Cristo e santificados pelo Espírito Santo, podemos
caminhar por este mundo de cabeça erguida, louvando a Deus, amando-nos uns aos
outros e cuidando da criação. Tudo assim como diz a Palavra de Deus: “Amarás o
Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua
mente e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem
toda a lei e os profetas” (Mt 22, 37-40). E “cultivarás e guardarás a criação”
(Gn 2,15).
As passagens do Novo Testamento, notadamente dos
quatro Evangelhos, que se referem à ressurreição de Jesus, falam das aparições
de Jesus ressuscitado, do sepulcro vazio, da fé na ressurreição e do seu
anúncio. O Evangelho deste domingo da Páscoa é de São João 20, 1-9. Na Missa
vespertina a Liturgia permite que se leia o Evangelho de Lucas 24,13-35.
Tendo presente o Evangelho de João, o Apóstolo
apresenta a fé pascal num crescendo que vai se aperfeiçoando: do “ver sem crer”
(20,1.5.6) para o “ver e crer” (20,8.25.27-29a) até o “crer sem ver”
(20,29b).
Maria Madalena foi de madrugada ao sepulcro de
Jesus e viu que a pedra tinha sido retirada. Ela voltou correndo indo ao
encontro de Simão Pedro e João, informando-lhes que o sepulcro estava vazio e
não sabia onde tinham levado o Senhor. João saiu correndo para ver e chegou
antes, esperando que Pedro, que era mais velho, chegasse também para deixá-lo
entrar no sepulcro por primeiro. Depois, João entrou, viu os sinais - as faixas
de linho e o pano com que foi coberto, tudo bem dobrado num lugar à parte - e
acreditou. Noutra ocasião, Tomé precisou ver e tocar com seus dedos as chagas
para crer, quando Jesus disse: “Porque viste, creste. Felizes os que não viram
e creram”. Como João comenta: “De fato, eles ainda não tinham compreendido a
Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos”. Maria Madalena
tornou-se a primeira mensageira da ressurreição de Jesus, foi ela quem por
primeiro levou aos discípulos a notícia do sepulcro vazio e do Ressuscitado.
Na primeira leitura da Missa tirada dos Atos dos
Apóstolos - At 10, 34.37-43 - São Pedro tomou a palavra em nome dos Apóstolos e
pregou ao povo dando testemunho do que Jesus fez, da sua morte e ressurreição:
“Nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em
Jerusalém. Eles o mataram, pregando-O numa cruz. Mas Deus O ressuscitou no
terceiro dia, concedendo-Lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às
testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus,
depois que ressuscitou dos mortos. E Jesus nos mandou pregar ao povo e
testemunhar que Deus O constituiu juiz dos vivos e dos mortos”.
Na Oração da Missa, o celebrante convida o povo a
elevar a Deus esta oração: “Ó Deus, por vosso Filho Unigênito, vencedor da morte,
abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concedei que, celebrando a
ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da
vida nova”.
Prezado leitor e leitora, desejo a você e seus
familiares votos de feliz e santa Páscoa.
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