AOS
TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL
MENSAGEM
DA CNBB
“Meu
Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho” (Jo
5,17)
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida, no
Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida – SP, em sua 55ª
Assembleia Geral Ordinária, se une aos trabalhadores e às
trabalhadoras, da cidade e do campo, por ocasião do dia 1º de maio.
Brota do nosso coração de pastores um grito de solidariedade em
defesa de seus direitos, particularmente dos 13 milhões de
desempregados.
O
trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa, constitui uma
dimensão da existência humana sobre a terra. Pelo trabalho, a
pessoa participa da obra da criação, contribui para a construção
de uma sociedade justa, tornando-se, assim, semelhante a Deus que
trabalha sempre. O trabalhador não é mercadoria, por isso, não
pode ser coisificado. Ele é sujeito e tem direito à justa
remuneração, que não se mede apenas pelo custo da força de
trabalho, mas também pelo direito à qualidade de vida digna.
Ao
longo da nossa história, as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras
pela conquista de direitos contribuíram para a construção de uma
nação com ideais republicanos e democráticos. O dia do trabalhador
e da trabalhadora é celebrado, neste ano de 2017, em meio a um
ataque sistemático e ostensivo aos direitos conquistados,
precarizando as condições de vida, enfraquecendo o Estado e
absolutizando o Mercado. Diante disso, dizemos não ao “conceito
economicista da sociedade, que procura o lucro egoísta, fora dos
parâmetros da justiça social”(Papa
Francisco, Audiência Geral, 1º. de maio de 2013).
Nessa
lógica perversa do mercado, os Poderes Executivo e Legislativo
reduzem o dever do Estado de mediar a relação entre capital e
trabalho, e de garantir a proteção social. Exemplos disso são os
Projetos de Lei 4302/98 (Lei das Terceirizações) e 6787/16 (Reforma
Trabalhista), bem como a Proposta de Emenda à Constituição 287/16
(Reforma da Previdência). É inaceitável que decisões de tamanha
incidência na vida das pessoas e que retiram direitos já
conquistados, sejam aprovadas no Congresso Nacional, sem um amplo
diálogo com a sociedade.
Irmãos
e irmãs, trabalhadores e trabalhadoras, diante da precarização,
flexibilização das leis do trabalho e demais perdas oriundas das
“reformas”, nossa palavra é de esperança e de fé: nenhum
trabalhador sem direitos! Juntamente com a Terra e o Teto, o Trabalho
é um direito sagrado, pelo qual vale a pena lutar (Cf. Papa
Francisco, Discurso aos Movimentos Populares, 9 de julho de 2015).
Encorajamos
a organização democrática e mobilizações pacíficas, em defesa
da dignidade e dos direitos de todos os trabalhadores e
trabalhadoras, com especial atenção aos mais pobres.
Por
intercessão de São José Operário, invocamos a benção de Deus
para cada trabalhador e trabalhadora e suas famílias.
Aparecida,
27 de abril de 2017.
Dom
Sergio da Rocha
Arcebispo
de Brasília
Presidente
da CNBB
Dom
Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ
Arcebispo
São Salvador da Bahia
Vice-Presidente
da CNBB
Dom
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo
Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral
da CNBB
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