É
preocupante a atual situação de violência na nossa sociedade. Mais preocupante
ainda se levarmos em conta que boa parte desta situação deve-se ao tráfico e
consumo de drogas, sobretudo do craque. Craque: devastador tanto pelo que cria
de imediata e profunda dependência quanto pelo estrago que faz no usuário. E,
no entanto, tem se propagado pelo interior do nosso Estado de modo realmente
assustador.
Violência:
assaltos, assassinatos, depredações, sequestros, vandalismos, exploração sexual de menores,
agressões no seio da família... Como combatê-la? – perguntamo-nos, preocupados.
Logo uns
dizem: coloque-se mais polícia nas ruas, mais segurança pública ostensiva e
preventiva! É verdade: mais segurança nas nossas ruas e estradas, certamente
que ajuda a combater algumas manifestações dessa onda desalmada. Mas,
certamente que não basta e não é nem pode ser a solução.
Políticas
públicas amplas e eficientes – defendem outros. Não há dúvidas de que educação,
emprego e outras iniciativas inclusivas por parte do Estado brasileiro são
dívidas históricas que precisam ser resgatadas e, por negligência ou
incompetência, tantos males têm trazido à nossa sociedade, dentre eles o
aumento dos índices de criminalidade e seus congêneres.
Nada disso
surte efeito duradouro sem uma ênfase nos valores morais, sem a construção de
uma ética pública e privada – defendem ainda outros. Como não concordar? Não é
precisamente este vazio moral que destrói as famílias, que joga na lama mais
fétida os nossos dirigentes e as nossas instituições democráticas? Precisamos,
sim, de reconstruir nossa convivência social a partir de valores e instituições
que exprimam e transmitam tais valores. Basta pensar na família e na escola...
Mas, há
ainda uma última perspectiva, um último nível para que se possa sanar a
violência entranhada na nossa atual sociedade: não há valores que se sustentem
e não há homem realmente comprometido com eles de modo absoluto (salvo
raríssimas exceções) sem Deus, sem religião!
Mais que tudo, é uma falta de Deus, de referência religiosa profunda e empenhativa que constatamos na nossa sociedade. Sem isto, tudo o mais tende a desabar.
E aqui está um imenso campo e enorme desafio para a Igreja: reanunciar Jesus à nossa sociedade secularizada, provocando um encontro profundo e transformador das pessoas com Jesus. Mas, este desafio é de cada cristão pessoalmente: tornar Jesus presente na sua vida, no seu ambiente e na sua famílias.
Uma sociedade aberta a Deus é uma sociedade sadia, respeitosa da vida de cada pessoa, porque nela está presente a imagem do Criador. Pense nisso, meu caro Amigo...
Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares, PE
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