"Ninguém pode
servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou será fiel a
um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e as riquezas" (Mt
6,24).
Na
verdade, o acolhimento e a prática destas poucas palavras do ensinamento de
Jesus contém um especial segredo de sabedoria para nossa vida cristã. Não se
pode viver das compensações do mundo e dos valores do Reino de Deus ao mesmo
tempo.
Não é
coerente admitirmos que o bem e o mal são a mesma coisa. Claro, sabemos que
somos humanos, por isto mesmo, somos marcados por limites, fraquezas e pecados.
Queremos o melhor, mas nem sempre conseguimos ser melhores. É preciso saber que
a opção pelo caminho do bem ou do mal nos levam a destinos diferentes.
Admitir
que todos nós somos pecadores e erramos é uma coisa. Outra é admitirmos que
verdade e mentira, certo e errado, justiça e injustiça, amor e ódio sejam a
mesma coisa. É neste sentido que o compromisso com o Reino de Deus nos é
exigente. Jesus em sua vida de fidelidade à vontade do Pai para a salvação de
toda a humanidade se transformou numa assinatura viva do que significa vivermos
na radicalidade dos valores do Reino. O discípulo é chamado a seguir os passos
e a vida de seu Mestre se quiser ser reconhecido como seu discípulo, discípula,
(Jo 13,13-14). Não há o que discutir, mas o assumir.
Somos
todos convidados a fazer parte do Reino de Jesus. Mas, por tantas razões, nem
todos aceitamos as exigências deste convite. Não basta sabermos o que é o certo
ou o errado, como não basta apenas conhecer a Boa Nova dos Evangelhos e
admitirmos que Jesus é o nosso único Salvador e Redentor. O apóstolo Tiago nos
diz que o próprio demônio sabe e admite estas verdades. Somos desafiados a
viver diariamente no seguimento dos passos e da vida de Jesus, do vivermos na
prática o “amar como Ele nos amou e ama”.
O que
Jesus nos pede é que mesmo sendo fracos nos esforcemos com sua graça para
diariamente sermos melhores no caminho dos valores do Reino. Não há outra porta
de entrada, nem outro caminho para fazermos parte do seu Reino e do seu discipulado.
Não
podemos nos enganar a nós mesmos, nem aos outros e, muito menos, a Deus. A
hipocrisia é o resultado do querermos ser aceitos como bons, honestos, santos e
verdadeiros, quando na verdade, somos falsos, medíocres e mentirosos. Diante do
bem e do mal Jesus não aceita nem a neutralidade do permanecermos em cima do
muro, isto é, indiferentes perante a vida. “Conheço a tua conduta: não és frio
e nem quente. Oxalá, tu fosses frio ou quente! Porque és morno, nem frio e nem
quente, estou para te vomitar de minha boca” (Ap 3,15-16).
Trata-se,
enfim, de pormos como centro de nossas escolhas, opções e valores a vida e a
Pessoa de Jesus. As exigências do Reino são sempre as mesmas. “Eles se
mostravam assíduos aos ensinamentos dos apóstolos, à comunhão fraterna, à
fração do pão e às orações... Todos que tinham abraçado a fé reuniam-se e
punham tudo em comum e não havia entre eles nenhum necessitado”... (At
2,42-47).
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Fonte: Ajuda à Igreja que sofre
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