A pouca distância de Assis, antiqüíssima cidade da
Úmbria, foi edificada em 352 uma pequena capela de quatro piedosos eremitas
vindos da Palestina e foi dedicada à Virgem Santíssima. No século VI, esta
capela foi dada aos Monges Beneditinos do Monte Subásio, os quais, ampliaram e
embelezaram-na. Ali, com as 'porções de terras' que tinham, veio o nome Porciúncula, ou seja,
"porçãozinha" ou "pequena porção" [de terras]. Em seguida
pois, pela freqüente aparição dos Anjos, foi chamada de Santa
Maria dos Anjos.
O Seráfico Pai São Francisco de Assis, quando tomou
a sua vida santa, vendo o quanto abandonada e decaída aquela capela, reparou-a
pela fervente devoção que tinha pela Mãe de Deus, da qual lhe foi revelado que
aquela igrejinha lhe era querida, de modo especial entre todos aqueles
consagrados em seu Nome. Em seguida, São Francisco ganhou-a do Abade
Teobaldo, monge beneditino, e ali se retirou comos seus companheiros, quando
foi forçado a abandonar o Tugúrio de Rivotorto.
Numa noite de inverno do ano de 1216, enquanto o
Homem Seráfico, aceso de zelo ardentíssimo, pensava sobre a conversão e a
salvação dos pecadores, uma luz suave o circundou e um Anjo o convidou para a
Capela, onde o esperavam Nosso Senhor, a sua Santíssima Mãe e muitíssimos
Anjos. Francisco se prostrou na capela e adorou a Jesus e venerou a Virgem
Santíssima e os Anjos. Enquanto ele se humilhava assim na vildade do seu nada,
Jesus lhe deu a coragem de pedir a graça que lhe agradava. E São Francisco
então, como novo Moisés, não pensou em si, mas em todas as almas e respondeu:
"Senhor, peço que todos aqueles que, arrependidos e
confessados, entrando nesta igrejinha, tenham o perdão de todos os seus pecados
e a completa remissão das penas devidas às suas culpas". E Jesus a ele:
"Grande é a graça que me pedes, ó Francisco; todavia, concedo-lha a ti, se
minha Mãe me pedir". Francisco então pediu a mediação da Virgem Maria, a
qual com sua súplica, seu Divino Filho concedeu a graça. Porém, quis
que apresentasse ao seu Vigário, o Sumo Pontífice, para obter a sua
confirmação.
Dito isto, cessou a visão e Francisco imediatamente
foi ao Papa Honório III e ele, depois de várias dificuldades, lhe confirmou a
graça, limitando-a, porém, a um dia somente, por todos os anos e fixando para
esta o dia 2 de agosto, a começar das Vésperas da Vigília.
No dia 2 de agosto do mesmo ano de 1216, o
Seráfico Pai, na presença dos Bispos de Assis, Perúgia, Todi, Espoleto, Nocera,
Gúbio e Folinho, que foram convidados para a consagração da igrejinha da
Porciúncula, diante de uma multidão extraordinária de fiéis, promulgou a grande
indulgência que ele tinha obtido e assim foi aberto a todos os homens
perpetuamente o incomparável tesouro do Perdão de Assis.
Depois, com a Bula do dia 4 de julho de 1622, o
Papa Gregório XV estendeu esta grande indulgência a todas as Igrejas da Ordem
Franciscana e prescreveu que, além da confissão, era necessária a comunhão
e a oração pelo Sumo Pontífice. Em 12 de janeiro de 1678, o Papa Inocêncio XI
declarou que a dita indulgência estava aplicada também às almas do Purgatório.
Esta indulgência tornou-se célebre pela sua origem
toda extraordinária e pela circunstância singularíssima que esta pode ser
lucrada toties quoties, isto é, tantas vezes quanto se
visita a igreja que goza de tal favor e nas quais se cumprem as prescrições
requeridas. A respeito deste propósito, surgiram, é verdade, dúvidas, mas a
Santa Sé interveio várias vezes e autoritativamente tirou toda dúvida,
declarando e confirmando que ao Perdão de Assis estava anexo este privilégio toties
quoties.
Para render mais facilmente aos fiéis a aquisição de tão
grande benefício, o Sumo Pontífice Pio X condedeu, para a comodidade dos fiéis
que o Perdão de Assis pudesse ser obtido também nas igrejas ou oratórios que,
na aplicação do privilégio com o consenso do Bispo e que o Perdão de Assis
pudesser ser transferido do dia 2 de agosto para o Domingo seguinte.
O Papa Bento XV, em 16 de abril de 1921, com o um solene documento estendeu
esta indulgência do Perdão de Assis a todos os dias do ano, in perpetuo, mas somente na Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis.
E assim o desejo expresso por São Francisco a Nosso Senhor vem com um tal ato
completamente exaudito. Ainda hoje em todas as Igrejas do orbe, a indulgência é
aplicada neste dia.
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Fonte: Salvem a Liturgia!
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