O presidente israelense,
Shimon Peres, símbolo do diálogo com os palestinos, deixa suas funções nesta
quinta-feira, em plena ofensiva contra a Faixa de Gaza.
Seu
sucessor, Reuven Rivlin, eleito pelos deputados em 10 de junho, fará seu
juramento em uma cerimônia discreta na Knesset, o parlamento.
Os
prefeitos e outros dirigentes municipais de localidades expostas aos disparos
de foguetes de Gaza foram convidados para o ato para "mostrar que o mais
importante hoje em Israel é a operação 'Barreira Protetora'", a operação
militar israelense contra o Hamas palestino, afirmaram em um comunicado
conjunto o novo presidente Rivlin e o presidente da Knesset, Yuli Edelstein.
Reuven
Rivlin, do Partido Likud, foi eleito o 10º presidente de Israel com 63 votos
contra seu adversário, o centrista Meir Sheetrit, que recebeu o apoio de 53 dos
120 deputados do parlamento.
Rivlin,
conhecido pelo caráter afável e por seu extravagante senso de humor, faz parte
da ala mais radical do Likuk, rejeita a criação de um Estado palestino e apoia
a política de colônias nos territórios palestinos ocupados.
Advogado
de profissão e com 74 anos, também é famoso por sua defesa da democracia e dos
direitos civis, que lhe valeram o respeito da esquerda e, inclusive, da minoria
árabe israelense.
Duas
vezes presidente do Parlamento, ele substituirá Peres, que, com seu carisma e
popularidade, aproveitou os sete anos de mandato para promover uma mensagem a
favor da paz.
Os
analistas consideram que a saída de Peres implicará uma mudança de rumo na
presidência, que priorizará os assuntos internos do país, e não a política
internacional.
"Rivlin
não será o presidente do Estado de Israel, e sim da 'Grande Israel'.
Aproveitará o cargo de presidente para fazer avançar a colonização na
Cisjordânia", lamentou recentemente um analista do jornal de esquerda
Haaretz.
Apesar
de suas divergências públicas, Rivlin recebeu finalmente o apoio do
primeiro-ministro e companheiro de partido, Benjamin Netanyahu, que havia
tentado convencer o Prêmio Nobel da Paz e sobrevivente do Holocausto Elie
Wiesel a se candidatar para o cargo contra ele.
A
função de presidente é basicamente protocolar em Israel, já que o poder
executivo está nas mãos do chefe de Governo.
Apesar
disso, Shimon Peres, de 90 anos, soube utilizar seus sete anos de mandato para
promover uma mensagem a favor da paz e em várias ocasiões rompeu sua
neutralidade institucional a ponto de ser visto como o único opositor de
Netanyahu.
Peres
expressou a todo momento sua opinião em questões sensíveis como o processo de
paz com os palestinos, as relações estratégicas com seu aliado americano ou o
programa nuclear iraniano.
Nesta
linha, o Nobel da Paz 1994 acusou publicamente em maio passado Netanyahu de ter
feito fracassar, em 2011, o acordo de paz negociado em segredo com os
palestinos.
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Fonte: Aleteia
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