Entrevista com o Padre Gabriele Amorth:
Padre Gabriele, uma pessoa pode ser libertada sem saber, ou seja,
através da oração dos outros?
É
possível que a oração de uma comunidade cristã, dos familiares ou amigos
prepare o caminho para a plena cura. Mas por experiência, digo que a libertação
não acontece contra a vontade da própria pessoa. Sem a contribuição ativa da
pessoa, feita de uma intensa vida de fé sustentada pelos sacramentos e pela
oração, a libertação não acontece. O risco que vejo no caso de possessão ou
outro mal é o de permanecer sozinho, isolado, sem apoio. Ter uma comunidade
paroquial, uma comunidade da Renovação Carismática, de um outro movimento, ou
amigos que rezam para a sua libertação é verdadeiramente uma graça da qual
deve-se glorificar a Deus.
Se uma pessoa não quer ser exorcizada, ou receber uma oração, devemos
deixá-la?
Não se
pode obrigar alguém a receber um exorcismo, ou uma oração de libertação contra
a sua vontade. Frequentemente é o espírito malígno que manipula, algumas vezes
de forma invensível, uma pessoa a não querer receber a oração. Após a oração,
ou o exorcismo, muitas vezes acontece que a pessoa parece quase “mais
consciente”, novamente capaz de possuir suas próprias faculdades voluntárias. É
a confirmação que a oração fez efeito, que porém pode ser apenas temporário.
Em qual sentido?
No
sentido que a libertação definitiva não aconteceu ainda e que, a qualquer
momento, a pessoa pode recair no seu estado apático e negativo. Mas este
“momento de consciência” é um bom sinal, o caminho já foi traçado e é preciso somente
percorrê-lo.
Existem também pessoas que possam descobrir o mal que aconteceu a elas
frequentando um lugar santo?
Acontece
sobretudo quando se vai a santuários marianos, onde não é raro realizar
libertações, ou quando participa-se de um retiro, procissões ou adorações
eucarísticas. Talvez tenha-se vivido um passado um pouco conturbado e, naquela
ocasião, o fato se manifesta de maneira mais clara e evidente. É o sinal de que
o demônio permaneceu escondido até quando pode, mas diante da potência de Deus
precisou se manifestar. Este fato, contrariamente ao que se pode pensar, é um
momento de graça, porque somente conhecendo a doença é possível curá-la.
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Por Stefano Stimamiglio
Fonte: Aleteia
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