A
Igreja, em sua Tradição recebida de Cristo e dos Apóstolos, venera as
representações do Senhor, da Virgem Maria, dos Anjos e dos Santos(as) contidas
nos templos ou fora deles, pois são sinais que do visível pretendem ajudar-nos,
enquanto seres psicossomáticos que somos, a chegar ao invisível.
É
dentro deste princípio, muito válido, que a Arquidiocese do Rio de Janeiro, não
concedeu permissão para a imagem do Cristo Redentor ser veiculada em cenas
consideradas desrespeitosas no filme “Rio, eu te amo”.
De
imediato, a pergunta que pode aflorar é a seguinte: além do importante aspecto
religioso, já mencionado, que outra grande razão teria a Arquidiocese para não
autorizar o uso da estátua do Senhor no Corcovado nas filmagens de José
Padilha?
A
resposta é simples: porque o grande ícone, embora esteja localizada em um
espaço público, como estão as igrejas nas praças das cidades, é propriedade da
Arquidiocese do Rio e cabe a ela, portanto, ser consultada para autorizar ou
não o uso de imagem da estátua que contém nos pés um santuário (templo dedicado
a peregrinações dos fiéis e também de turistas brasileiros e estrangeiros).
Importa
lembrar que o Cristo Redentor não foi construído pelo Estado e doado à Igreja,
como se constroem e doam estádios de futebol a alguns clubes. Ao contrário,
aquela estátua é fruto de grandes esforços do povo católico brasileiro desejoso
de secundar, em 1888, um sonho da Princesa Isabel – a redentora dos escravos
africanos que aqui viviam por meio da Lei Áurea – de erigir no Morro do
Corcovado uma imagem do Sagrado Coração de Jesus.
Em
1921, porém, o General Pedro Carolino Pinto de Almeida, por meio do Círculo
Católico, novamente, levantou a ideia de se construir uma imagem de Cristo, no
Morro do Pão de Açúcar, abençoando a Cidade Maravilhosa. Ideia que o Cardeal
Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti aprovou, embora ainda se
restassem dúvidas quanto ao local exato da construção: Pão de Açúcar, Santo
Antônio ou Corcovado? Venceu, como se sabe, por votação, este último.
Apresentados,
pois, três projetos arquitetônicos, o de Heitor da Silva Costa foi o vencedor.
Com esses passos dados, um grupo de 20.000 senhoras cariocas, sob a liderança
da escritora Laurita Lacerda, pediu a Epitácio Pessoa, então presidente da
República, a autorização para a referida construção no Corcovado, cuja bênção
da pedra fundamental se deu em 1922 e a inauguração, em 12 de outubro de 1931,
sob os cuidados do Cardeal Sebastião Leme.
Isso
posto, importa darmos a palavra ao Cardeal Dom Eusébio Scheid que, em 10 de
outubro de 2006, escrevia: “É bom que todos os nossos amigos do Brasil e,
especialmente, do Rio de Janeiro, saibam que esta obra foi financiada pelas
doações de católicos, desde ricas damas da sociedade, até humildes
trabalhadores. E, inclusive, há um pormenor: até indígenas ajudaram, com suas
pequenas esmolas, para a construção do colossal monumento ao Cristo Redentor” (A Voz do Pastor).
Conta-se,
inclusive, o fato de uma octogenária senhora que, na ausência de auxílios
previdenciários, pedia esmola na porta da igreja para saldar seus modestos
gastos. Como muitos a ajudavam, ela se propôs a doar o que recolhesse em um dos
domingos às obras de construção do Cristo Redentor. E realmente o fez.
Terminada
uma das Missas, a paupérrima senhora se dirigiu ao pároco com cinco mil e
oitocentos réis que uma testemunha da comovente cena arredondou para seis mil
réis, mas o padre tentou dissuadi-la da oferta, porém a velhinha não se deixou
vencer e deu todo o valor – seu e da testemunha – ao sacerdote dizendo ser o
“dinheiro da pobre para o Pai dos pobres”.
Outra
testemunha tirou, então, dois mil réis do bolso e disse à humilde senhora:
“Este te dou de prêmio por teu amor a Jesus; é para tuas necessidades!”, mas a
velhinha, imediatamente, passou o valor ao sacerdote dizendo: “Pois, seu vigário,
já agora são oito mil réis para o Monumento do Cristo do Corcovado. Eu prometi
que daria o que hoje recebesse de esmolas. Ainda que a mim deem hoje um conto
de réis, é tudo para o Cristo do Corcovado...” (Pergunte e Responderemos n. 536, fev. de 2007, p. 95s).
Tais
cenas não podem ser esquecidas, de modo que a santa imagem não deve ser entregue
a caprichos de terceiros – como querem os pleiteadores da tese segundo a qual o
monumento feito pelos fiéis, absurdamente, não pertença, de fato e de direito,
a eles –, mas, ao contrário, há de ser respeitada pelas pessoas de fé e também
por todos os homens e mulheres de boa vontade que sabem ser tolerantes para com
a religião alheia.
Registre
seu apoio à Arquidiocese do Rio de Janeiro e a Dom Orani:
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Fonte: ZENIT
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