Os jihadistas do
Estado Islâmico (EI) justificaram a destruição de santuários religiosos na
segunda maior cidade do Iraque, Mossul, por considerarem que tinham sido
construídos sobre sepulturas, o que é semelhante à idolatria.
"A demolição
de estruturas erguidas sobre sepulturas é uma questão muito clara do ponto de vista
religioso", afirmou o grupo sunita radical em um comunicado nesta
terça-feira.
"Nossos
antecessores piedosos fizeram isso (...) e não há nenhum debate sobre a
legitimidade de demolir ou remover esses túmulos e santuários",
acrescentou o grupo, que tomou várias cidades no norte, no leste e no oeste do
Iraque após uma ofensiva lançada em 9 de junho.
O texto faz
referência à demolição de uma cúpula erguida sobre o túmulo de Zayd ibn
al-Khattab, o irmão do segundo califa do Islã (século VII), por ordem de
Mohammad Ibn Abdul Wahhab, o fundador do wahhabismo, uma corrente mais rígida
do Islã seguida pelos jihadistas.
Khattab, que
teria morrido heroicamente em batalha, ganhou fama póstuma, e Abdel Wahhab via
na cúpula construída sobre seu túmulo um objeto de idolatria.
Nos últimos dias,
o EI tem destruído importantes locais religiosos em Mossul, a capital do
"Califado" proclamado no fim de junho nas áreas controladas pelo
movimento no Iraque e na Síria.
Entre esses
locais, estão o túmulo do profeta Jonas (Nabi Yunis) e o santuário do profeta
Seth (Nabi Chit), considerado o terceiro filho de Adão e Eva na tradição
judaica, islâmica e cristã.
Jihadistas também
ameaçaram destruir o "corcunda", apelido de um minarete ligeiramente
inclinado construído no século XII, símbolo da cidade.
De acordo com o
EI, todas as escolas de jurisprudência islâmica "concordaram com o fato de
que o uso de uma mesquita construída sobre uma sepultura é contrário ao
Islã". A posição é contestada por muitos especialistas.
Harith al-Dhari,
presidente do Comitê dos Ulemás Muçulmanos,
principal organização sunita no Iraque, condenou fortemente a demolição de
locais de culto pelo EI.
O comitê descreve
a destruição como uma "imensa perda para o povo de Mossul,
que viam essas mesquitas como lugares emblemáticos (...), como parte de sua
cultura e sua história", disse em um comunicado esse líder religioso, por
muito tempo considerado como um partidário do EI.
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Fonte: Aleteia
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