A declaração do papa Francisco feita nesta quinta-feira, 5, de que é permitido bater nos filhos para
discipliná-los, causou polêmica. Porém, para especialistas ouvidos pelo Estado,
a mensagem do papa deve ser entendida como um viés construtivo: ele quer mostrar
a importância do pai na educação dos filhos, realçar o papel da paternidade
dentro de casa.
“Nos livros do
Antigo Testamento, o ensinamento é que o pai deve agir com firmeza. E firmeza
naquele mundo podia chegar até o limite da deserção do clã”, pontua o teólogo e
filósofo Fernando Altemeyer Júnior, professor de Ciências da Religião da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Obviamente que estamos
diante de outro contexto hoje em dia”.
Para o teólogo, papa
Francisco quis mostrar que “há um lugar na paternidade e ela não deve ser zero”.
“O pai tem um papel de autoridade e deve exercê-lo, pois pais que dizem só sim,
criam monstros”, completa ele. “a questão da palmada não é o fulcro da questão.
O papa quis mostrar que os pais precisam ser mais presentes, mais acompanhantes
de seus filhos. Que assumam a paternidade. Este discurso está dentro da lógica
do que o papa vem falando recentemente, da necessidade de recuperar algumas
funões que estão perdidas na sociedade ocidental”.
A psicopedagoga
Maria Irene Maluf considera exagero criticar a frase proferida pelo papa. “Ninguém
está apregoando que é pra bater em criança. Não estamos dando o aval para que
uma criança seja supliciada. Mas não há pai que num momento difícil não pegue
com mais força no braço, não dê um tapa no bumbum ou não ameace bater no filho”,
diz ela. “Há situações em que a criança precisa sentir que os pais têm mais
força e, portanto, é preciso obedecê-los. O meio termo é essencial: não podemos
ser tão críticos a alguém que dá um tapa no filho e não podemos ser
condescendentes com quem dá uma surra violenta”.
_________________________________
Edison Veiga
O Estado de S. Paulo
Disponível em:
Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário