1. Quem são
os coptas?
- Os coptas são os descendentes dos antigos
egípcios, que se converteram ao cristianismo no século I.
- Quando os muçulmanos conquistaram o Norte da
África, a partir do século VII, impuseram ao Egito o seu idioma árabe e a sua
religião islâmica. No entanto, uma minoria dos egípcios se manteve cristã e
preservou também o idioma copta, derivado da antiga língua egípcia. Hoje, o
copta é usado apenas liturgicamente.
- Os coptas formam atualmente 10% da população
egípcia e são tratados como cidadãos de segunda classe, motivo que diminui
aceleradamente o seu número. Existem altas taxas de migração, além de
conversões ao islã por conveniência social.
- A situação da comunidade cristã copta piorou
ainda mais depois da queda do ditador egípcio Hosni Mubarak, em 2011. Nos
últimos quatro anos, os coptas passaram a sofrer uma forte perseguição por
parte de facções islamitas.
- 90% dos cristãos coptas pertencem à Igreja
Ortodoxa Copta de Alexandria, que nasceu no próprio Egito. Os 10% restantes
(cerca de 800.000 pessoas) se dividem entre a Igreja Católica Copta e a Igreja
Protestante Copta.
- A Igreja Ortodoxa Copta de Alexandria é
independente e não está em comunhão nem com a Igreja Ortodoxa nem com a Igreja
Católica. A separação aconteceu após o Concílio de Calcedônia, no ano de 451,
por divergências doutrinais no entendimento da pessoa e das naturezas humana e
divina de Cristo. O atual patriarca ortodoxo copta é Tawadros II.
- Um grupo de coptas separou-se da Igreja Ortodoxa
Copta em 1741 para entrar em comunhão plena com a Igreja Católica Romana. Foi
assim que surgiu a Igreja Católica Copta, cuja sede fica no Cairo. Os católicos
coptas mantêm as suas tradições e ritos litúrgicos orientais, mas reconhecem a
autoridade e a primazia do papa de Roma, estando, assim, oficialmente unidos à
Santa Sé. Seu patriarca, obediente ao papa, é Ibrahim Isaac Sidrak.
2. Quem eram
os 21 coptas sequestrados pelo Estado Islâmico?
- A maioria dos 21 reféns assassinados covardemente
eram migrantes de um vilarejo pobre do Egito, que se transferiram para a
vizinha Líbia em busca de novas oportunidades.
- Na Líbia, eles se estabeleceram na cidade
litorânea de Sirte, a cerca de 500 quilômetros ao leste da capital, Trípoli.
- Foram sequestrados por milícias ligadas ao Estado
Islâmico, em Sirte, entre os meses de dezembro de 2014 e janeiro de 2015.
- No último dia 12 de fevereiro, o Estado Islâmico
publicou fotos dos 21 reféns em sua revista online "Dabiq", editada
em inglês e voltada a divulgar as suas atividades terroristas ao Ocidente.
3. O que os
extremistas do Estado Islâmico fizeram com os reféns coptas?
- Em 15 de fevereiro, os terroristas divulgaram em
fóruns jihadistas na internet um vídeo estarrecedor, cujo título era "Uma
mensagem assinada com sangue para a nação da cruz". Eles se referem à
cristandade.
- O vídeo foi editado pela "Al Hayat",
uma das produtoras do grupo terrorista. O Estado Islâmico mantém uma
sofisticada estrutura de comunicação e propaganda, que serve tanto para
recrutar novos membros na Europa e na América do Norte quanto para disseminar
as suas ameaças ao Ocidente.
- As imagens no vídeo mostram os assassinos
vestidos de preto e os reféns usando um uniforme laranja idêntico ao de outros
reféns degolados anteriormente pelo Estado Islâmico na Síria e no Iraque. De
mãos amarradas nas costas, os cristãos coptas são conduzidos em fila à beira do
Mar Mediterrâneo, na costa líbia, e obrigados a se ajoelhar na praia. Antes de
ser degolados, vários deles aparecem movendo os lábios, possivelmente em
oração.
4. Por que
os terroristas do Estado Islâmico degolaram esses 21 cristãos coptas?
- No mesmo vídeo, um dos jihadistas diz em inglês
que a morte dos 21 egípcios é uma reação à "guerra dos cristãos"
contra o Estado Islâmico e uma "vingança em nome de Carmelia
Shehata", uma cristã copta egípcia que teria se convertido ao islã em 2005
e que, devido a essa conversão, teria sido supostamente mantida presa pelos
coptas em um mosteiro cristão. O episódio originou, na época, violentas
manifestações por parte dos muçulmanos egípcios, que exigiam a entrega de
Carmelia.
5. O Estado
Islâmico assumiu o controle da Líbia?
- A Líbia é hoje um país sem governo. A situação
está fora de controle desde a queda do ditador Muamar Kadafi, na revolução de
2011. Várias facções controlam porções do país e brigam entre si para expandir
o seu domínio territorial.
- Há principalmente dois grupos rivais disputando o
poder na Líbia: um controla a capital, Trípoli, e o outro a cidade de Tobruk. O
governo reconhecido internacionalmente como legítimo é o que está sediado em
Tobruk.
- A importante cidade de Bengasi, palco inicial da
revolta contra Kadafi, está hoje sob o domínio de várias milícias jihadistas.
Algumas delas mantêm vínculos com a Al-Qaeda.
- A cidade de Sirte também está em mãos de milícias
radicais islâmicas. Uma delas é a Ansar al Sharia, o braço do Estado Islâmico
na Líbia.
6. De que
maneira o Egito reagiu à execução dos seus 21 cidadãos coptas?
- No mesmo dia da execução dos 21 reféns (o último
domingo, 15 de fevereiro), o governo egípcio proibiu os seus cidadãos de viajar
à Líbia.
- Nesta segunda, 16, o presidente do Egito, Abdel
Fattah al-Sisi, ordenou ataques aéreos contra o Estado Islâmico na Líbia.
- Al-Sisi chegou ao poder em 2013, após derrubar,
com apoio popular, o governo da Irmandade Muçulmana, que é um partido político
de orientação religiosa islamita. A Irmandade Muçulmana tinha ocupado a
presidência do Egito após a derrubada de Mubarak, entre 2011 e 2013.
- Al-Sisi considera que o caos no país vizinho
ameaça o Egito porque os jihadistas líbios mantêm relações com os extremistas
pró-Estado Islâmico que atuam na península egípcia do Sinai. O presidente
egípcio é inimigo do islamismo político que hoje controla Trípoli. Por isso,
ele reconhece como legítimo o governo líbio baseado em Tobruk.
- O Egito está alinhado com vários países do
Oriente Próximo, do Oriente Médio e do Norte da África para combater o Estado
Islâmico, que é tido como um inimigo em comum.
___________________________________
Aleteia
Nenhum comentário:
Postar um comentário