Os assírios, atacados por jihadistas do grupo
Estado Islâmico (EI), formam uma antiga comunidade cristã cuja presença na
Síria é recente, em função dos massacres que sofreram no Iraque.
Esta comunidade faz parte das muitas que formam o
mosaico de cristãos do Oriente e se destaca como sendo os descendentes do
antigo império assírio estabelecido na Mesopotâmia, muito antes da introdução
do cristianismo e do Islã.
Os assírios são cristãos nestorianos, uma corrente
do cristianismo condenada pelo Concílio de Éfeso em 431, devido às diferenças
sobre a dupla natureza, divina e humana, de Cristo.
Segundo a tradição, foram os apóstolos Tomé e Judas
Tadeu que evangelizaram a Mesopotâmia. Em 37, Judas Tadeu se tornou o primeiro
bispo de Seleucia-Ctesiphon, a capital dos partas, perto da atual Bagdá,
enquanto Tomé partiu para a Índia.
O que é certo, porém, é que, desde o final do
século I, missionários vindos da Palestina ou de Antióquia estabeleceram-se a oeste
do Império Parta, próximo das comunidades judaicas da Babilônia e das
populações aramaicas da Alta Mesopotâmia.
Esses, que falam aramaico, são considerados os
descendentes dos assírios, daí o nome de comunidades "assírias".
Estes cristãos assírios podem ser uniatas (ligados
ao Vaticano) ou não, segundo Odon Vallet, especialista francês das religiões.
Desta forma, uma parte da Igreja assíria se ligou a
Roma em 1830, tornando-se a Igreja caldeia, que estava presente,
principalmente, no Iraque.
Cerca de 30.000 assírios viviam na Síria antes do
início da guerra civil. Destes, dois terços habitavam a província de Hassake,
no extremo nordeste do país, com cerca de 1,4 milhão de habitantes.
De acordo com o jornal católico francês La Croix, a
Igreja assíria do Oriente reúne atualmente entre 250.000 e 400.000 seguidores,
a maioria nos Estados Unidos e na Índia. O atual patriarca de
Seleucia-Ctesiphon, Mar Dinkha IV, instalou, na década de 1980, a sede da sua
igreja em Chicago.
Na Síria, a comunidade assíria formou o Conselho
Militar Siríaco, que luta ativamente ao lado dos curdos. No Iraque, ela começou
a treinar suas próprias milícias, considerando que os curdos e as forças
federais não são capazes de protegê-los adequadamente dos jihadistas.
Os assírios são encontrados principalmente entre
Hassake e Ras el Ain, em 35 aldeias em torno de Tall Tamer.
A instalação da comunidade nesta região data dos
massacres de 1933 no Iraque. A França foi responsável por instalá-los em
aldeias de colonização agrária, antes de migrarem para as cidades de Hassake e
Qamischli, e posteriormente para Aleppo e Damasco.
De acordo com o geógrafo francês especialista em
Síria Fabrice Balanche, as localidades de Haut Khabur são seu lar original na
Síria.
Mas devido ao êxodo rural, a maioria destas aldeias
são atualmente mistas, com uma população curda de trabalhadores agrícolas
vindos substituir os assírios que partiram para a cidade.
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Aleteia
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