sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O Pensar de Deus


Nosso mundo é maravilhoso. Nele há lugar para tudo e para todos. Há lugar para intelectuais e para analfabetos, para escritores e para leitores, para patrões e para empregados, para cristãos e para pagãos, para santos e para pecadores. E a lista poderia se estender a muitas outras áreas da vida humana.

Vejo e admiro essa riqueza que vai atingindo as mais diversas opções do existir e do pensar. Há quem se ocupe de temas políticos, outros de temas econômicos, outros de temas culturais, outros de temas artísticos e outros de temas religiosos.

Todos procuram difundir seus conhecimentos e suas convicções. E todos empenham o máximo do esforço no sentido de convencer o publico a respeito de propostas e ensinamentos que revelem valores que valem a pena assumir. Empenham-se ao máximo para não decepcionar. Cada qual com seu modo de pensar e se posicionar face ao intelecto humano e à tentativa de entender o pensar de Deus.

Certamente o pensar humano é bem diferente do pensar de Deus. Por mais que se esforce o ser humano jamais chegará a entender totalmente o pensar de Deus. Por isso muitas vezes questiona acontecimentos e situações de sofrimento ou de provações julgando que Deus deveria intervir e fazer algo a seu favor.

Outras vezes considera injusto o fato de Deus não castigar os que praticam atos de violência contra seres indefesos, os que corrompem menores, os que matam, os que destroem, os que violentam inocentes. Contudo, esquecemos que Deus pensa diferente.

Segundo o profeta Isaias, Deus nos diz: “Os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês; os meus caminhos não são os caminhos de vocês. Tanto quanto o céu está acima da terra, assim os meus caminhos estão acima dos caminhos de vocês” (Is.55,8-9).

O pensar de Deus não cabe na mente humana. O julgar de Deus não se compara ao julgar humano. A recompensa de Deus não se equipara à recompensa humana. Deus trata cada ser humano como seu filho muito amado. Não fica medindo o quanto de bem, o quanto de misericórdia, ou boas obras tenha realizado. Mas olha o amor que dedicou a partir do momento em que descobriu o valor de tudo quanto tenha podido realizar.

Deus olha e recompensa a cada um de acordo com a presteza com que se dispõe assumir sua tarefa, ou sua missão nesse mundo. Para Deus não importa se foi sempre fiel, ou se só mais tarde tenha descoberto essa riqueza. Não olha o tempo. Olha a disponibilidade.

Essa diferença entre o pensar do homem e o pensar de Deus não agrada a todos. Especialmente não agrada a quem espera recompensa maior pelo fato de fazer mais do que a maioria em favor do Reino de Deus. Esquece que a bondade de Deus é a mesma para todos.

Deus quer ser bom para todos. Quer recompensar a todos. E ninguém, senão ele, tem o poder de julgar. E seu julgamento vem pelo caminho da misericórdia.

Por mais que o ser humano se esforce, sempre mais frágil será seu modo de interpretar e vivenciar o pensar de Deus.



Frei Venildo Trevizan
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Capuchinhos BC

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