Ante os casos de
abusos sexuais cometidos por sacerdotes revelados recentemente na Argentina, o
Bispo de San Francisco, na província de Córdoba, Dom Sergio Buenanueva,
explicou que “o celibato não é uma razão suficiente para que um adulto se torne
um depredador de menores”.
O
Bispo manifestou a sua dor e repúdio ante os casos de abusos sexuais ocorridos
em um centro que atende crianças com problemas de audição e transtornos de
linguagem em Mendoza, no qual estão envolvidos dois sacerdotes e vários leigos.
O
Prelado ressaltou que o celibato não é a razão destes abusos, pois “há uma personalidade
desestruturada que é prévia à opção do celibato”.
“Um
padre celibatário abusa de um menor pelas mesmas razões que abusa alguém que
não é padre nem é celibatário”, assegurou.
Dom
Buenaventura explicou que em sua expressão mais genuína, o celibato “é um
chamado de Deus que um homem ou uma mulher sente de se consagrar totalmente a
Deus, imitando nisto a Cristo, o grande celibatário do cristianismo”.
Para o Bispo, “o padre
católico celibatário é uma figura evangélica muito bonita, muito fecunda. Eu sou
celibatário e é uma opção de vida que eu fiz e que diante de Deus sou
muito feliz e tento vivê-lo como é, como uma consagração a Deus”.
Dom
Buenanueva fez estas declarações à rádio argentina ‘Cadeia 3’, que intitulou a
entrevista como “O bispo de San Francisco exortou a reformular o celibato”,
quando, na verdade, o Prelado fez uma clara defesa desta disciplina eclesial.
No
caso dos abusos em um centro do Instituto Antonio Próvolo em Mendoza, estes
remontam a 2007, quando os abusados eram todos menores de idade, na localidade
de Luján de Cuyo.
A
justiça declarou como imputados pelos delitos de “abuso sexual agravado pela
guarda e a convivência preexistente com menores, em concurso real com corrupção
de menores” os sacerdotes: Pe. Nicolás Corradi, Pe. Horacio Corbacho; o
administrador José Luis Ojeda; o coroinha José Bordón; e o jardineiro Armando
Gómez, todos funcionários do lugar.
Um
dos sacerdotes denunciados e agora detido, Pe. Nicolás Corradi (82 anos), já
tinha sido acusado de abusar sexualmente de meninas e meninos surdos entre 1955
e 1984 na sede do Instituto Próvolo em Verona (Itália) e, depois de serem
feitas estas denúncias, foi transferido para a Argentina sem nenhuma
explicação.
Dom
Buenaventura criticou este tipo de atos dentro da Igreja e disse que em alguns casos este tipo
de transferência poderia ser considerado até “delitivo”.
“Isto
é um dos temas que deverá ser profundamente corrigido, a Igreja já está
corrigindo, melhorou muitíssimo nisto, é quase impossível que um bispo possa
fazer isto pela normativa, pela mudança de mentalidade que está ocorrendo”,
assinalou o Prelado.
Sobre
o celibato, o Prelado disse: “não acredito que a Igreja mude a sua prática
atual, também acho que esta não será a solução, mas acredito que precisamos ter
uma discussão muito séria, muito honesta e muito franca para ajudar os
sacerdotes”.
Por
outro lado, a Igreja aprendeu “muito dolorosamente” que não pode admitir à vida
sacerdotal ou à vida consagrada homens que tenham um diagnóstico “de alguém que
possa ter posteriormente um comportamento de pedófilo ou de abusador”.
Frente
a esta situação, “como dizia o Papa Bento XVI e o Papa Francisco com muita força, é
necessário enfrentar estas coisas, com toda a dor do mundo e com toda a
disposição para mudar a raiz” de tudo aquilo que permitiu que fossem cometidos
estes delitos graves contra menores.
Uma
prova disto é a decisão da Santa Sé de expulsar do estado clerical o agora
ex-sacerdote Cristian Gramlich, acusado de abusos em San Isidro (Argentina).
Por Bárbara Bustamante
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ACI Digital
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