A
verdade é intolerante com a mentira, pelo fato de que a primeira exclui a
segunda. Assim como a falsa mãe aceita o filho cortado ao meio, a falsa
religião se contenta em ver a a Verdade despedaçada e aceita todo um aglutinado
de inverdades, com a intenção de destruir o que é reto.
O cardeal Pie
assim o expõe de forma clara no famoso sermão da intolerância.
“A religião
que vem do céu é verdade, e é intolerante com relação às doutrinas errôneas; a religião que
vem do céu é caridade, e é cheia de tolerância quanto às pessoas.”
“Faz parte da
essência de toda a verdade não tolerar o princípio que a contradiz. A afirmação
de uma coisa exclui a negação dessa mesma coisa, assim como a luz exclui as
trevas. Onde nada é certo, onde nada é definido, podem-se partilhar os
sentimentos, podem variar as opiniões. Compreendo e peço a liberdade de opinião
nas coisas duvidosas: in dubiis, libertas. Mas, logo que a verdade se apresenta
com as características certas que a distinguem, por isso mesmo que é verdade,
ela é positiva, ela é necessária, e por conseguinte ela é una e intolerante: in
necessariis, unitas. Condenar a verdade à tolerância é condená-la ao suicídio.
A afirmação se aniquila se duvida de si mesma, e ela duvida de si mesma se
admite com indiferença que se ponha a seu lado a sua própria negação. Para a
verdade, a intolerância é o instinto de conservação, é o exercício legítimo do
direito de propriedade. Quando se possui alguma coisa, é preciso defendê-la,
sob pena de logo se ver despojado dela.”
Louis-Édouard Cardinal Pie (1815-1880),
bispo de Poitiers e mentor de S. Pio X
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Claro Vale: Sub Tuum
Praesidium
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