Começamos um novo ano, certamente não
diferente de 2016. As perspectivas estão muito nebulosas, confusas e com poucas
esperanças. O terrorismo, a ganância e o individualismo se alastram de maneira
muito assustadora. Perdemos a confiança nas pessoas, principalmente nas
lideranças que deveriam sustentar a estabilidade dos cidadãos. Como disse
alguém: “Só Deus, só Nele confiar!”.
Mesmo
em meio a atos de injustiça, que têm raízes em todos os setores da vida
brasileira, o ano deve começar com as bênçãos de Deus. Nas palavras do papa
Francisco, para quem faz o processo da reconciliação e da superação das
fraquezas, a misericórdia divina supera as misérias humanas. Não há limites no
amor de Deus, porque faz parte de seu plano, a salvação de todos.
Todo
envolvimento com a maldade causada pela injustiça impede a pessoa de acolher o
anúncio da Boa-nova do Evangelho. Ela deixa de participar da alegria e das
maravilhas da presença de Deus, que transforma totalmente o ser humano. Tira as
pessoas do jugo da escravidão e as faz proclamadoras dessa boa notícia. Em vez
de destruir, constrói o bem e a sociedade com responsabilidade.
O
modo de agir de Deus é surpreendente. Ele se abaixa e se torna humano para
possibilitar que nos coloquemos de pé, superando as misérias que nos afligem.
Nele temos que aprender a ser humildes, porque esse é o caminho que nos leva a
acolher a divindade e nos tornar divinos. As trevas que nos encobrem precisam
transformar-se em luz para dar claridade em nossas ações.
Passado
o Natal, agora a vida vai tomando novos rumos e, entre eles, temos a posse dos
novos dirigentes municipais. A transparência tem sido um desafio, porque o
poder está muito enraizado na ânsia pelo dinheiro. Até parece que Deus virou
dinheiro. Significa que a felicidade está longe. Repito as palavras de Tereza
de Calcutá: “A pessoa é tão pobre, que só tem dinheiro”.
Pedimos
a benção de Aarão para o ano de 2017. Que seja uma benção protetora: “O Senhor
te abençoe e te guarde”; uma benção de perdão: “O Senhor faça brilhar sobre ti
a sua face, e se compadeça de ti”; e uma benção de paz: “O Senhor volte para ti
o seu rosto e te dê a paz” (Nm 6,22-27). São Paulo diz que Jesus é a benção
encarnada do Pai, e seu único mediador (cf. I Tm 2,5).
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
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