Algumas
pessoas podem correr o risco de participarem da Missa apenas de modo emocional
e sentimental. Buscam Missas diferenciadas apenas para celebrar seus momentos
sociais ou procurarem por cura e libertação. De fato, pela Missa podemos
agradecer a Deus tantas coisas e podemos pedir outras, no entanto, esse não
pode ser o nosso foco. Sobretudo, não podemos antagonizar a Missa Católica a um
“novo estilo de Missa”, como se o modo de celebrar, seguindo as normas
litúrgicas e o Missal, sem adendos, fosse “morto”, “sem emoção”, sem “tocar”.
Ora, o Rito romano é único para todas as nossas paróquias e nenhum ministro
ordenado pode modificá-lo sem que haja um ordenamento da Igreja. Se algum
movimento da Igreja vive a Missa de uma maneira diferente, ele é livre para
isso, desde que não se firam as normas litúrgicas, nem se menospreze a Missa
que não siga tal escopo. Missa é Missa, não precisa de adjetivos!
A grandeza infinita
da Santa Missa deve fazer-nos compreender que não somos sujeitos da Liturgia,
protagonistas dela, mas sim Jesus. Amor e adoração devem ser as práticas mais
dominantes nos ritos e não a nossa emoção; mesmo que eu não “sinta” nada, a
Missa continua com seu valor; mesmo que eu não tenha vontade de ir à Missa,
devo ir porque objetivamente ela é meritória e me santifica. O estado de alma,
na hora da celebração, deve ser o mesmo em que se achava o nosso divino Redentor,
quando fez o sacrifício de si mesmo: uma humilde submissão do espírito, isto é,
a adoração, o amor, o louvor e ao agradecimento à Suma Majestade de Deus. E
mesmo que eu não consiga dispor minha alma para isso, o Senhor completa em mim
o que não posso ou que não consigo. O verdadeiro modo de assistência à Santa
Missa é aquele que nos torna vítimas imoladas como Jesus, que nos põe à Mesa de
seu Banquete, mesmo sem merecimento. É unir nosso sacrifício ao Dele, sem
resistências de modo a “reproduzir em nós os sofrimentos de Jesus”, dando-nos
“uma união comum com Cristo em seus sofrimentos e a conformidade com Ele e sua
morte” (Fl 3,10).
São Gregório Magno
ensinava: “O santo Sacrifício do altar será para nós uma Hóstia (vítima)
verdadeiramente aceita por Deus, quando nós mesmos nos fizermos vítimas.” Por
isso, nas antigas comunidades cristãs os fiéis, para a celebração da Santa
Missa, tendo à frente o Papa, iam em procissão até o altar, vestidos com vestes
de penitência e cantando a Ladainha dos Santos. Na verdade, quando vamos à
Santa Missa, devemos ir, repetindo com São Tomé: “Vamos nós também para
morrermos com Ele!” (Jo 11, 16); vamos nós também para nos entregarmos a Ele,
nos unirmos ao seu amor! Vamos nós também para nos comprometermos com os pobres,
os esquecidos, os doentes, para sermos sal e luz deste mundo! Quando Santa
Margarida Maria Alacoque assistia à Santa Missa, e ficava olhando o altar, não
deixava nunca de lançar um olhar para o crucifixo e para as velas acessas. Para
que se imprimissem bem duas coisas na mente e no coração: o crucifixo fazia-lhe
lembrar o que Jesus tinha feito por ela; e as velas acesas lhe recordavam o que
ela devia fazer por Jesus, isto é, sacrificar-se e imolar-se por Ele e pelas
almas, se consumir de amor pelos irmãos, em todas as suas necessidades, sem
discriminação; servir aos humildes e ter misericórdia para com os pecadores.
Nunca refletimos
bastante sobre o Mistério maravilhoso da Santa Missa que renova sobre os nossos
altares o Banquete Sagrado da última Ceia e o Sacrifício do Calvário. Nunca
amaremos demais a Eucaristia; nunca nos curvaremos demais à Liturgia; nunca
refletiremos o bastante sobre nosso compromisso de amor aos pequenos; nunca
receberemos tantas graças de misericórdia, senão pela Missa. Santa Teresa de
Jesus dizia às suas filhas: “Sem a Santa Missa, que seria de nós? Tudo
pereceria neste mundo, pois somente ela pode deter o braço de Deus.” Sem a
Santa Missa, certamente muitos de nós já teríamos nos perdido, certamente
viraríamos animais e não homens. “Sem a Santa Missa, a Terra já teria sido
aniquilada, há muito tempo, por causa dos pecados dos homens.”, ensinava Santo
Afonso de Ligório. Segundo São Tomás de Aquino: “A Eucaristia é o sacramento do
Amor, significa amor, produz amor”. Defendamos a Missa Católica, ela é nosso
dever, nosso direito e nossa salvação.
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A Fé Explicada
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