Se há um exemplo de sacerdote a imitar, eis o frei Liberato! Não só pelo seu carisma franciscano, mas por sua entrega incondicional, e seu imenso desejo de servir a Cristo no Brasil. Tão logo ordenado presbítero, escreveu ao seu superior pedindo a vinda ao Brasil. E foi ao Maranhão que o Senhor o enviou, primeiro em Alto Alegre, depois Presidente Dutra, Tuntum, Pedreiras, Paço do Lumiar e Porto Franco. Na capital, São Luís, frei Liberato desenvolveu atividades na Igreja do Carmo, no Anil, Olho D'Água e na Cohab (onde daremos destaque neste histórico).
Frei Liberato
foi por tantos anos na Província o grande construtor são inúmeras as construções que receberam seu esforço e
dedicação, como a magnifica Igreja Matriz de Tuntum-MA, homem prático e apaixonado
pela música, pela liturgia e dedicação aos pobres, seja nas Casas do Pão que administrou, como no Convento do
Carmo, seja nas que construiu, como a da Cohab, em São Luís. Na cidade de Porto
Franco, enviou muitos jovens para o seminário e tinha a maior alegria em
preparar as ordenações presbiterais de vários sacerdotes daquela cidade.
De minha parte, sempre serei grato a Deus pela sua vida, por o ter conhecido e por ouvir seus conselhos. Muita coisa não está aqui registrada, muita ficou apenas na memória, mas o que há em comum em todas elas sobre a vida deste santo homem, é o seu zelo apostólico. Que o Senhor o acolha em sua glória e lhe recompense por sua entrega total ao projeto do amor de Deus.
Frei
Liberato tem por nome de Batismo Alessandro, nasceu em 26 de agosto de 1933 na
cidade de Vilmaggiore da diocese de Bergamo, na Itália. O nome de seus pais é
Ernesto e Bendotti Alceste (“Alxeste”).
Entrou
no seminário dos capuchinhos no ano de 1944, fez o noviciado em Louveri em 1951.
Religioso da Ordem dos Frades Menores
Capuchinhos recebeu o hábito no dia 14 de agosto de 1951, fez a profissão temporária
no dia 15 de agosto de 1952 e a profissão perpétua no dia 15 de agosto de 1955,
tudo na cidade de Lovere e no dia da Assunção de Nossa Senhora.
Foi ordenado
sacerdote no dia 23 de maio de 1959, em Milão. No dia 5 de novembro deste mesmo ano veio fazer missão no Brasil. Chegou no
dia 17 de novembro no Convento Nossa Senhora do Carmo – Centro.
No dia 20 de
fevereiro de 1960 fez desobriga em Presidente Dutra, interior do Maranhão,
talvez sua 1ª desobriga. (Desobriga é
quando o sacerdote se dirige a uma comunidade bem distante que geralmente não
tem assistência de padres com frequência e lá realiza batizados, primeira eucaristia,
confissões e casamentos. Após a realização desta função, o sacerdote está
“desobrigado”, já cumpriu sua tarefa). Em 18 de agosto de 1961, frei
Liberato também fez desobriga em Tuntum – MA. Em 12 de março de 1971 foi
superior e pároco em Alto Alegre – MA.
Em 30 de
janeiro de 1974 foi colaborador no Anil e em 1º de maio de 1974 passou a dar
assistência à Igreja da Cohab. Foi um dos primeiros frades a morar lá e um dos
fundadores desta Igreja.
Entre as
obras que frei Liberato realizou na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,
mencionamos algumas:
O Cine Beta era uma “sessão de
cinema” com filmes da época que funcionava de sexta a domingo, ficava onde hoje
é a Capela Mortuária e foi criado no Natal de 1975. Com a chegada da televisão
nas casas vizinhas, o Cine Beta acabou e deu lugar ao Teatro Popular onde eram realizadas a apresentação de peças da
semana santa, natal, etc. Tudo isso com o apoio do Frei Liberato.
Frei Liberato juntamente com a Irmã Heráclia elaboraram em
26 de julho de 1978 o regimento interno do Clube
das Mães da Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, esse Regimento foi
baseado no estatuto do Clube das Mães de Bacabal que a pedido de frei Liberato
(que se tornou o diretor espiritual do Clube das Mães) foi trazido por Dona
Madalena, primeira diretora do mesmo em São Luís. Por meio do Clube das Mães em
1979 foram realizados vários cursos: Datilografia, Corte e Costura, Crochê,
Artesanato, Arte Culinária, Pintura, Primeiros Socorros e Gestantes.
O clube funcionava
inicialmente na praça que fica atrás da igreja, entre a igreja Católica e a
igreja Batista. Na época era uma espécie de Associação da Cohab que se reunia
num galpão. Mais tarde passou a se reunir na área da igreja onde hoje existe a Sala
05 do Centro Catequético até o período em que deixou de ter ligação direta com
a Igreja. A conselheira do clube era a Irmã Heráclia.
No dia 2 de setembro de
1979, frei Liberato celebra a primeira
missa no bairro do Cohatrac a pedido de um morador. A missa foi celebrada
no CSU do cohatrac, ainda sem muita participação de fiéis.
Entre os anos de 1979 e 1980, durante o governo de João
Castelo e após muita insistência de dona Graça Barros (do grupo Antoniano) ao
Prefeito Mauro Fecury, frei Liberato consegue autorização para avançar a Igreja
3 metros à frente a fim de construir a fachada
da Igreja Matriz. Ela se eleva bem mais alta do resto da construção, com a
imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro grafitada na parede externa que,
iluminada, pode ser vista de longe. Em 1981 frei Liberato se despede da COHAB e
a pedido do frei Ulderico fez o projeto de construção da primeira Igreja no bairro do cohatrac, localizada onde hoje é a
Matriz de Nossa Senhora de Nazaré.
No dia 20 de fevereiro de 1981, Frei Liberato vai em missão
a Pedreiras- MA e retorna a São Luís, precisamente ao Convento de Nossa Senhora
do Carmo, como superior e ecônomo e, no dia 13 de janeiro de 1986 torna-se o
guardião do mesmo Convento.
Em 17 de julho 1987, frei Liberato retorna à COHAB e depois
passa a morar no cohatrac para dar melhor assistência à comunidade.
Em 26 de fevereiro de 1989, frei Liberato é nomeado
guardião e pároco em Porto Franco – MA e no dia 28 de janeiro de 1995 passa a
ser o vigário geral da diocese de Carolina, Porto Franco-MA.
Em 1999, quando foi feita a província de Nossa Senhora do
Carmo, frei Liberato morou mais ou menos um ano e meio no Convento do Carmo
encarregado do refeitório dos pobres
e em 2000 foi nomeado pároco da paróquia de Nossa Senhora da Luz – Paço do
Lumiar; lá, morou na capela Divino Espírito Santo, pois na paróquia não havia
casa paroquial. Ele foi o autor do projeto da construção da casa paroquial e
realização do mesmo, correndo atrás dos recursos que custearam essas
construções, assim como a reforma da
Igreja que estava precária; juntamente com os paroquianos, foi em busca da
área e documentação da casa e do salão
paroquial na prefeitura do Município de Paço do Lumiar e no Cartório de
Registros e Imóveis. E com essa documentação em mãos, deu-se início a essas
duas construções: a casa paroquial e o Centro Catequético (Salão Paroquial).
Depois de construída a casa paroquial, frei Liberato mudou-se para a mesma.
Esta, atualmente, é a maior casa paroquial dos padres da Arquidiocese de São
Luís. Frei Liberato passou três anos à frente desta paróquia, onde desenvolveu
o seu ministério sacerdotal, criando
comunidades e construindo capelas.
No dia 5 de
março de 2003, frei Liberato foi morar no Olho d’Água, comunidade N. Senhora do
Perpétuo Socorro, compondo a fraternidade da Cohab e retornou novamente para a
Igreja da Cohab em 2006.
Em 30 de Abril de 2007, com o objetivo de “dar de comer a
quem tem fome” foi inaugurada a Associação
do grupo dos Antonianos e dos Franciscanos (religiosos e seculares), que
contava com a colaboração de pessoas voluntárias. Esta obra conhecida como
“Casa do Pão”, foi construída com a ajuda de Antonio Torrente (in memoria) e foi administrada pelo
frei Liberato, coordenador geral, que posteriormente deu lugar ao frei
Deusivan, ecônomo e vice-provincial da província de Nossa Senhora do Carmo.
Paroquianos se despedem de frei Liberato antes de ele retornar à Itália |
Depois de completar 50 anos de sacerdote e 50 anos no
Brasil, frei Liberato, que também é irmão do ex-pároco da paróquia da Cohab,
frei Luís Giudici, em 2009 se despediu de nossa Comunidade e de nosso país,
onde fez questão de passar todos os seus 50 anos de missão estrangeira
trabalhando no Maranhão. Teve como protetor São José, carpinteiro e construtor.
Certamente frei Liberato se espelhou nele mesmo e aqui, embora mencionadas
brevemente poucas das muitas coisas que ele realizou durante sua permanência no
Brasil, no Maranhão e na Cohab, devemos agradecer a Deus, à Virgem Maria e a
São José pela sua vinda em nosso meio e para nós ficará a sua memória, certos
de que é impossível olhar para esta igreja e não ver uma impressão digital sua,
pois como está escrito na sua lembrança de aniversário de Ordenação Sacerdotal:
“A doação só é verdadeira quando torna
feliz tanto quem dá quanto quem recebe, e quando o limite entre dar e receber
desaparece. Quem dá, sem esperar nada em troca, tem sempre nas mãos a linda
flor da feliz gratuidade. O que se faz por amor nunca ficará perdido, antes, há
de permanecer e de se multiplicar”. Que o Senhor, na sua infinita
misericórdia, receba o frei Liberato, exemplo de sacerdote e de dedicação a
Deus e à Sua Igreja. Amém!
"Felizes os
que morrem no Senhor!
Descansem agora de seus trabalhos,
pois suas obras
os acompanham" (Ap 14,13)
Gilberto B. Passos
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