domingo, 6 de julho de 2014

É correto o uso da Bíblia na Missa?


A Bíblia não é o livro mais importante para nós católicos? Por que não a levamos paras as missas? Já tem padres que pedem aos fiéis que nas Liturgias eles levem.
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“Dispensável. Não precisamos imitar os protestantes. Nunca foi prática católica, em qualquer rito, levar Bíblia para o culto litúrgico. Bíblia é para catequese e para devoção, não para adoração.

Cria-se uma mentalidade bibliólatra no povo, um espírito de que seja imprescindível a leitura da Escritura, e se valoriza demais a Palavra a ponto de igualá-la à presença real e substancial de Cristo na Eucaristia.


Sou contra: Missa tem Liturgia da Palavra para preparar o sacrifício. Esse é o foco.

A Bíblia é importante, mas tudo tem hora e lugar.

Se for para estar sempre com as fontes da Revelação, então vamos levar na Missa pilhas e pilhas de livros dos Doutores, dos Padres, exemplares dos vários Catecismos, livros litúrgicos, enfim, todas os loci theologici onde se encontram testemunhos da Tradição Oral, que tem o mesmo peso que a Bíblia

E daí que a Bíblia e o Catecismo sejam mais importantes? Não discordo. Mas não significa que eu tenha que levar o Catecismo pro vaso enquando faço minhas necessidades fisiológicas. Nada contra, mas prefiro ler a Veja ou o jornal nesse momento “sublime”.
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Claro que a Bíblia e o Catecismo são importantíssimos. Mas não precisamos levá-los a tiracolo para cada lugar que vamos. Uso sempre minha Bíblia na meditação diária, além de refletir diariamente sobre o Evangelho. Nem por isso, levo um dos muitos exemplares da Escritura na Missa. Cada coisa no seu lugar. 

Aliás, se querem levar algum livro para a Missa, levem um missal de fiéis. Pena que não temos um latim-português para o rito novo (só para o tridentino), mas só em português tem o da Paulus. 
 
Não levamos a Bíblia para a Missa simplesmente porque é inapropriado.


Primeiramente, vamos a algumas considerações: é falso que não se dá valor às sagradas escrituras na missa, pois que toda a liturgia da pelavra é enriquecida durante o ano pela leitura organizada e harmônica da Bíblia, dividida em seus vários livros. Aliás, essa prática vem do judaísmo, foi incorporada no cristianismo desde os primeiros cristãos, mesmo antes do cânon bíblico ter sido definido.” By Rafael Vitola Brodback, do Doméstica Ecclesia.



Alguns dizem que é algo artificial demais ler a bíblia dessa forma. Bem, se por “artificial” se entende algo planejado, arquitetado, então isso é verdade, e não é ruim de forma alguma. Muito pelo contrário: diferente do culto protestante, especialmente dos ramos pentecostais, o nosso culto não é improvisado. É organizado, é metódico sim, porque bíblia não é brinquedo para se ler à revelia, é o registro sagrado das interpretações divinas, que deve ser tratado com respeito e interpretado com a autoridade de quem é devida.

Por isso, as leituras bíblicas de todas as missas do ano são escolhidas A DEDO para que possam, simultaneamente, se incorporar na nossa vida espiritual, revelar os aspectos teológicos e os mistérios da salvação que se vivenciam mais fortemente de acordo com o tempo litúrgico, evidenciar as suas ligações, principalmente entre o AT e o NT), enfim, ser aquilo que ela deve ser: um instrumento para conduzir a nossa fé à plenitude do mistério da Páscoa cristã. 


Interessante que acopanhando a liturgia diária, se apreende uma riqueza muito maior do que em grupos de oração, de catequese, onde sempre se insistem em tomar as leituras mais 
“batidas”, mais fáceis ou mais ao gosto do pregador. Na missa não tem isso não, a bíblia é realmente interpretada como um todo, está toda à disposição da liturgia e do povo, com o devido respeito que merece. Nenhum livro é relegado, nenhuma passagem passa despercebida, tudo é considerado, tudo é levado em conta.


Do livro O Banquete do Cordeiro, de Scott Hahn: 
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Algumas pessoas de coração romântico gostam de pensar que o culto primitivo era puramente expontâneo e improvisado. Gostam de imaginar os primeiros fiéis tão cheios de entusiasmo que o louvor e a ação de graças simplismente transbordavam em profunda oração qdo a Igreja se reunia para partir o pão. Afinal de contas,quem precisa de missal a fim de exclamar “eu te amo”?

Outrora acreditava nisso. Entretanto, o estudo das Escrituras e da tradição me levaram a ver o bom senso da ordem no culto. Enquanto ainda era protestante,aos poucos fui sendo atraído à liturgia e procurei “formar uma liturgia a partir das palavras das Escrituras.”

Mal sabia eu que isso já tinha sido feito. Já com São Paulo,vemos a preocupção da Igreja com a exatidão ritual e o cerimonial litúrgico. Creio haver boa razão para isso!

Peço que algum romantico tenha paciencia enquanto digo que“ordem e rotina” não são necessariamente más. De fato, são indispensáveis para uma vida boa, piedosa e serena.Sem horários e rotinas, pouco realizaríamos em nosso dia de trabalho. Sem frases pré determinadas, o que seriam nossos relacionamentos humanos? Nunca encontrei pais que se cansassem de ouvir os filhos repetirem antiga expressão:“Obrigado”. Nunca encontrei esposos que se enjoassem de ouvir: “Eu te amo”.

A fidelidade a nossas rotinas é um meio de demonstrar amor. Não trabalhamos por trabalhar,ou agradecemos ou damos afeto qdo estamos inclinados a fazê-lo por fazê-lo. Amores verdadeiros são amores que vivemos com constância se revela na rotina.

As rotinas não são apenas boa teoria. Funcionam na prática. A ordem deixa a vida mais tranquila, mais eficiente e mais eficaz.

De fato, quanto mais rotinas criamos, mais eficientes nos tornamos. As rotinas nos libertam da necessidade de cogitar a todo momento em pequenos detalhes; as rotinas deixam os bons hábitos tomar conta e libertam a mente e o coração a seguirem para frente e para o alto.

Os ritos da liturgia cristã são as frases pré determinadas que,através do tempo,se manifestaram: o obrigado dos filhos de Deus; o “eu te amo” da Esposa de Cristo, a Igreja.
 

A liturgia é o hábito que nos faz altamente eficientes,não apenas na “vida espiritual”, mas na vida em geral, pois a vida deve ser vivida em um mundo que Deus criou e redimiu.
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Fonte: Tradição em Foco com Roma

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