Mais uma
vez a questão Palestina se acentua com a guerra decretada entre as duas partes:
judeus e palestinos. Centenas de foguetes e bombas caem de lado a lado. E as
nações assistem perplexas dois povos confrontando-se numa guerra insana.
Desde o
ano 70 de nossa Era, quando Jerusalém foi destruída pelos romanos, os judeus
ficaram dispersos pelo mundo. Esta dispersão e destruição de Jerusalém estão
previstas em várias profecias, inclusive do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.
É a famosa diáspora judaica que perdura até os dias atuais. No decorrer de
quase 2 mil anos os judeus ficaram dispersos pelo mundo sem terra onde pudessem
se estabelecer politicamente no concerto das nações.
Foi o
judeu Theodor Herzl que lançou o “movimento sionista”, visando criar o Estado
de Israel. Em 1904, Herzl obteve uma audiência com o Papa São Pio X, do qual
obteve a seguinte resposta ao pedido de apoio ao seu movimento: “De duas
uma: ou os judeus guardarão sua antiga fé e continuarão a esperar pelo Messias,
que nós cristãos cremos já ter vindo à terra, - e nesse caso negarão a
divindade de Cristo, e não poderemos ajudá-los; ou então irão para a Palestina
não professando nenhuma religião, e nesse caso nada teremos a ver com eles”.
Mais
adiante, São Pio X acrescenta: “A fé judaica foi o fundamento de nossa
própria fé, mas foi ultrapassada pelo ensinamento de Cristo e não podemos
admitir que ela tenha qualquer validade hoje em dia. Os judeus, que deviam ser
os primeiros a reconhecer Jesus Cristo, não o fizeram ainda”.
Herzl
argumentou que o povo judeu vivia errante e precisava de uma terra, ao que o
Papa retrucou: “Tem que ser Jerusalém?”. O judeu respondeu
que não estava pedindo Jerusalém, mas a Palestina. Mesmo assim o Papa não
concordou: “Não nos podemos declarar a favor desse projeto”.
No
decorrer do século XX, de uma forma misteriosa (principalmente durante o
Nazismo), começou a haver uma ignominiosa perseguição aos judeus dispersos pelo
mundo e alguns milhões deles foram mortos. Isso causou nas Nações Unidas um
sentimento de pena (um tanto artificial) deste povo, fazendo com que após a
Segunda Guerra a ONU reunida tivesse aprovado a concessão de um território para
ele. Escolheram a Palestina, região onde surgiram os judeus, mas ocupada
há séculos por muçulmanos, árabes ou não. Para que os judeus ocupassem o
terreno doado arbitrariamente pela ONU teriam que expulsar os atuais ocupantes,
e para isto tiveram que mover uma guerra, a primeira de uma série delas...
É bem
verdade que, logo após a proclamação de seu Estado, Israel foi implacavelmente
atacado por países muçulmanos, alguns com regimes islâmicos (Egito, Líbano,
Síria, Iraque, etc.), os quais não reconheciam o novo país naquela área, pois
temiam o que veio ocorrer depois: a expulsão dos palestinos. Dentro de poucos
dias, Israel (auxiliado inclusive por tropas francesas e inglesas) já era dono
de área superior àquela preceituada pela ONU, expulsando inapelavelmente a
população civil de suas propriedades para serem ocupadas pelos judeus
imigrantes.
Consta de
um “Petit Guide de Terre Sainte”, escrito em 1964 pelo padre franciscano Paulin
Lamaire, as seguintes observações: “No momento em que extinguiu o
Mandato Britânico sobre a Palestina (1947), ali existia uma população de
2.260.000 habitantes, dos quais 1.140.000 eram muçulmanos, vivendo ao lado de
cerca de 775.000 judeus, 145.000 cristãos e 15.000 outros. Atualmente, segundo
o recenseamento de 1960, existem em Israel 2.140.000 habitantes, dos quais
apenas 240.000 não são judeus. Os cristãos são agora perto de 45.000, os
muçulmanos, próximo de 135.000 e os druzos, 17.000”. Em 1948, o Estado
de Israel tinha 12.000 km2, aumentando para 21.000 km2 a partir de 1967. Sua
população total, hoje, supera os 8 milhões de habitantes, a maioria composta de
judeus (cerca de 7 milhões). Segundo o censo de 2012 vivem por lá cerca de 1,6
milhão de árabes e alguns milhares de cristãos. Inicialmente, escolheram
como capital a cidade Tel Aviv, mas a partir de 1980 o parlamento israelense
(Knesset) proclamou Jerusalém como capital, embora houvesse resolução da ONU em
contrário.
De 1948
até nossos dias o Estado de Israel não teve um só dia de paz. Depois da guerra
de 1948, veio a de 1956 (em 29 de outubro, a “campanha do Sinai), apoiados por
forças anglo-francesas, e a grande guerra dos seis dias em 1967. A ONU tem
procurado sempre estar favorável a Israel, e nunca suas resoluções foram
cumpridas, porque aquela organização tem se mostrado inteiramente incapaz de
solucionar os conflitos internacionais. Vejamos, por exemplo, como as
coisas, no âmbito da ONU, ocorrem:
- Em data de 29 de novembro de 1947
(apenas dois anos depois da formal criação da ONU), foi aprovada a resolução n.
181, que decide pela divisão do território palestino em dois Estados, um judeu
e outro composto pelos atuais ocupantes da região. O Estado judeu foi criado
logo no ano seguinte, por decisão e imposição dos mesmos, mas o palestino nunca
o foi até nossos dias;
- Resolução n. 303, de 9 de dezembro
de 1949, determina que a cidade de Jerusalém tenha “status” internacional
e seja administrada pela ONU. Hoje, os judeus mandam na cidade, embora ainda
tolerem algumas áreas cristãs e muçulmanas;
- Após a guerra dos seis dias, a 22
de novembro de 1967, resolução n. 242 do Conselho de Segurança da ONU determina
que Israel se retire dos territórios ocupados naquela guerra. Nada se cumpriu
até o momento;
- Resolução n. 3379, de 10.11.75,
qualifica o sionismo como uma forma de racismo e de discriminação racial. Mas
tudo no papel, nada na prática, pois nenhum país ousou pôr em uso contra o
sionismo as leis que eles criaram contra o nazismo e outras formas de racismo;
- Em março de 1978 são aprovadas
duas resoluções, de n. 425 e 426, exigindo o fim das ações bélicas de Israel
contra o Líbano e decide criar uma força internacional da ONU na região. Em
parte, isto foi cumprido, mas após terrível massacre dos judeus contra
palestinos em Sabra e Chatilla;
- Em 14 de dezembro de 1978, a
resolução 33/71 da Assembléia Geral da ONU proíbe seus integrantes de
cooperação bélica com Israel e de lhe fornecer qualquer equipamento militar.
Sabe-se que os Estados Unidos até hoje mantêm forte cooperação e ajuda militar
a Israel, sem qualquer censura do inócuo organismo da ONU;
- Mais uma resolução é feita, em 30
de junho de 1980, a de n. 476, determinando que Israel se retire dos
territórios ocupados na guerra de 1967. Tal resolução, como as demais, foi
ignorada por Israel;
- Com violência inaudita, o
exército de Israel lança tanques de guerra contra loucos atiradores de pedras,
forçando mais uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, em 07 de outubro
de 2000, a de n. 1322, que condena tais ações bélicas. Israel continua surdo ao
que determina o máximo organismo internacional de paz entre as nações.
Como
esperar, pois, que Israel atenda hoje ao pedido da ONU para cessar fogo?
A
impressão que se tem é que o judaísmo, infiltrado e poderoso em vários setores
chaves dos postos de mando (ONU, Estados Unidos, etc), consegue “abafar” normas
que possam impedir o crescimento do Estado judaico. Mas de outro lado, quanto
mais este Estado cresce, mais aumenta o ódio de seus vizinhos contra ele.
Assim, aquilo que poderia ser tido como um desafio ao próprio Deus, que lhes
amaldiçoou com a dispersão pelo mundo por causa do deicídio praticado em Jesus
Cristo, trouxe aos judeus amargos frutos, uma convivência difícil com vizinhos
inconformados e justamente revoltados, a ponto talvez de provocar, ou melhor
suscitar, um sentimento de repúdio entre eles para com o Ocidente Cristão e a
deflagração de uma Revolução islâmica universal. Pior ainda, suscitou entre
eles a formação de redes terroristas capazes de horríveis ataques suicidas, com
bombas atadas ao próprio corpo do atacante, e com a morte de inúmeras vítimas
civis inocentes.
O
problema da Palestina é tão importante para a revolução islâmica que todos os
terroristas e dirigentes muçulmanos em geral o alegam como principal ódio que
mantêm contra a América do Norte. Quando Israel os guerreia, os combate com seu
exército, com seus tanques e bombas “legais”, está diretamente lhes açulando o
ódio contra os Estados Unidos e contra todo o Ocidente cristão. Pesquisa
publicada pelo jornal “Al Watan” (em abril de 2002), da família real da Arábia
Saudita, constatou que 60% dos sauditas odeiam os EUA. Perante a pergunta “Você
odeia o Ocidente em geral?”, 49% responderam que sim, 30% não, e o restante se
manteve indiferente. Perguntados qual a razão deste ódio, 75% responderam que
era por causa do apoio logístico que os americanos davam aos judeus no conflito
israelo-palestino.
E assim,
tanto Israel quanto o Próprio EUA e a ONU ficam num impasse: precisam acalmar
os beligerantes palestinos islâmicos e lhes prometem criar um Estado, um País
onde possam viver; mas como manter este povo na fronteira de Israel com perigo
constante para seu território? Mais cedo ou mais tarde, estando a Palestina
estruturada como País e com assento na ONU, o Estado de Israel correria perigo.
Da mesma forma os judeus não abrem mão de seu território, conquistado a ferro e
fogo. Como sair do impasse? Aparentemente como as coisas andam no momento, não
há saída. O impasse continua, as guerras continuam e Israel terá que conviver
sem paz...
A solução
para o problema encontra-se por enquanto nas elucubrações teóricas utópicas:
todos os judeus se tornarem muçulmanos ou então todos muçulmanos tornarem-se
judeus, ou, mais difícil ainda, quase impossível, muçulmanos e judeus
tornarem-se cristãos. Provavelmente, será a única solução para a Palestina,
embora hoje pareça utópica e irrealizável. Para que haja paz é necessário que a
doutrina praticada entre aqueles povos seja a de um amor fraterno verdadeiro, e
isso só existe entre cristãos, especialmente os católicos. Um religioso
franciscano que dirige uma escola em Israel declarou recentemente que os
católicos por lá são vistos como seres de outro planeta, e isso porque praticam
uma coisa inusitada: a capacidade de perdoar; Sim, judeus e islamitas não sabem
o que é perdoar, e por isso odeiam-se tanto.
Há uma
outra questão. A imposição de um poder pela força nunca foi estratégia segura e
duradoura. A forma usada por Israel de impor seu estado laico pela força das
armas nunca vai conseguir trazer paz a seu povo. Isso só ocorrerá no dia em que
seus líderes levarem em conta a noção cristão de perdão e compreensão humana de
seus adversários. Se nada disso ocorrer continuarão se degladiando
infinitamente.
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Fonte: Quodlibeta
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