Israel retomou nesta terça-feira os bombardeios contra a
Faixa de Gaza, depois de uma breve trégua, e anunciou que vai
intensificar seus ataques, após o registro da primeira vítima israelense neste
conflito que já matou cerca de 200 palestinos.
A rejeição por
parte do Hamas da iniciativa egípcia de cessar-fogo obriga Israel a
"expandir e intensificar" suas operações militares em Gaza, declarou
nesta terça o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
"Uma solução
diplomática teria sido melhor, é o que tentávamos fazer quando aceitamos a
proposta de trégua hoje, mas o Hamas não nos
deixa outra opção a não ser expandir e intensificar nossa campanha",
afirmou.
Sua declaração
coincide com o anúncio da morte de um civil israelense atingido por um foguete
perto da passagem de Erez, na fronteira com Gaza, a primeira vítima israelense
em oito dias de hostilidades.
Um porta-voz dos
serviços de emergência israelense declarou à AFP que o homem de 38 anos estava
entregando comida a soldados que atuam na região.
Na Faixa de Gaza,
mais três palestinos morreram vítimas dos ataques aéreos israelenses, elevando
a 197 o número de óbitos no território. Os bombardeios também deixaram 1.500
feridos.
Seis horas depois
de ter aceitado uma trégua a partir das 06h00 GMT (03h00 de Brasília), Israel
retomou seus bombardeios contra Gaza em resposta às dezenas de disparos de
foguetes, indicou o porta-voz do Exército, Peter Lerner.
Mais de trinta
foguetes foram disparados desde as 06h00 GMT (03h00 de Brasília) a partir do
enclave palestino, segundo o Exército.
Um ataque aéreo
foi dirigido contra a cidade de Khan Yunes, no sul do enclave, e outro contra o
bairro de Zeitun, no leste da Cidade de Gaza.
- Tensões no governo –
O Exército
israelense se mantém mobilizado perto de Gaza, com 40.000 reservistas
preparados para uma eventual invasão, que pode custar vidas humanas.
A forma como as
operações estão sendo realizadas vem causando tensões no governo de Israel, e
levaram Netanyahu a destituir o vice-ministro da Defesa, Danny Danon, da ala
mais à direita de seu partido, o Likud, que havia taxado a intervenção militar
de "fracasso".
Um outro
importante nome conservador, o ministro das Relações Exteriores Avigdor
Lieberman, pediu que "a operação só acabe quando o Exército estiver no
controle de toda a Faixa de Gaza", de onde se retirou unilateralmente em 2005.
Netanyahu
respondeu, considerando que as decisões devem ser "tomadas com paciência,
sem precipitação".
Já o Hamas,
que diz ter tomado conhecimento do plano do Egito através da imprensa, rejeitou
qualquer trégua que não inclua um acordo completo sobre o conflito.
O movimento
islamita exige o fim dos bombardeios e do bloqueio a Gaza, a abertura do posto
fronteiriço de Rafah com o Egito e a libertação de presos que voltaram a ser
detidos depois de sua libertação em virtude de um acordo de troca por um
soldado israelense em 2011.
"Descartamos
uma trégua sem alcançar um acordo. Em tempos de guerra não se faz uma trégua
para depois negociar", declarou à AFP Fawzi Barhum, um porta-voz do Hamas.
O braço armado do
Hamas também rejeitou a proposta egípcia, taxada de rendição, e ameaçou
intensificar sua luta contra Israel.
No entanto, a
direção política do movimento islamita parecia dividida. O número dois do
movimento, Mua Abu Marzuk, que vive no Cairo, afirmou em sua página no Facebook
que as consultas prosseguiam.
Diante da piora
da situação em Gaza, as movimentações diplomáticas se intensificavam nesta
terça-feira.
O secretário
americano de Estado, John Kerry, pediu que o Hamas aceite a proposta egípcia de
cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza.
"A proposta egípcia de cessar-fogo e as negociações dão
a oportunidade de acabar com a violência e restabelecer a calma", declarou
Kerry.
A imprensa
egípcia anuncia a chegada de Kerry ao Cairo nesta terça-feira, mas a visita não
foi confirmada.
- Abbas no Cairo –
O presidente
palestino, Mahmud Abbas, convocou as duas partes a um cessar-fogo. Está
previsto que o presidente viaje à Turquia, um aliado do Hamas, e depois ao
Egito para abordar a situação de Gaza, segundo fontes palestinas.
O
primeiro-ministro islâmico conservador turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou
Israel de ter cometido um ato de terrorismo de Estado e ter massacrado a
população civil.
O chefe da
diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, iniciou nesta terça uma breve visita
a Israel e à Cisjordânia, onde se reunirá com Abbas. A ministra italiana das
Relações Exteriores, Federica Mogherini, também chegou a Israel.
A Agência da ONU
para os Refugiados Palestinos (UNRWA) lamentou a destruição de casas na Faixa
de Gaza.
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Fonte: Aleteia
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