O Papa Francisco acaba de
fazer sua primeira viagem à Ásia. Foi o primeiro Pontífice a
sobrevoar o território chinês com explícita autorização daquele regime comunista
com quem o Vaticano não tem relações diplomáticas.
A viagem à
Coréia do Sul foi um sucesso! Discursos oficiais e homilias em inglês,
(diga-se muito melhor que o português que ele ensaiou no Brasil), visitas aos
lugares do martírio dos santos coreanos que foram crucificados e mortos pela fé
(o Papa rezou diante de uma “coroa de espinhos” feita de arame farpado
que foi instrumento de tortura dos mártires), visita aos excluídos da sociedade
coreana, ou seja, pessoas com diferentes tipos de problemas mentais e
físicos e que são muito discriminados naquela região, missa para um milhão de
pessoas, a maioria jovens que participavam da Jornada da Juventude Asiática,
encontros com grupos inter-religiosos e os costumeiros com bispos, religiosos e
autoridades.
Na ida e na
volta, é também tradição que o Papa dê entrevista coletiva aos jornalistas que
o acompanham no mesmo voo. As perguntas são as mais variadas possíveis e o Papa
não costuma fugir das respostas. Interessante é que na viagem de volta
o Papa tocou em assuntos muito delicados como a “guerra justa” em caso de
genocídio como ocorre no momento com as minorias no Iraque e Síria,
dizendo que é justo deter o inimigo, não com o uso da violência, mas é justo e
imperativo proteger a vida dos indefesos.
Para mostrar com
clareza a posição de um Chefe de Estado que conhece os bastidores dos atuais
conflitos mundiais, disse ainda que “iniciamos a Terceira Guerra
Mundial, só que em pedaços”. Essa frase é uma “bomba”, na linguagem
jornalística! Interessante que isso não causou tanto estardalhaço
quando a sua resposta a um jornalista francês que perguntava sobre
como Francisco administrava a sua popularidade estrondosa, ao que ele
respondeu: “Mas, não sei como dizer…Eu a vivo [a popularidade] agradecendo ao
Senhor por seu povo estar feliz: isso faço mesmo, não? E desejando ao povo de
Deus o melhor. A vivo [a popularidade] como generosidade do povo, isso é
verdade. Interiormente, procuro pensar em meus pecados e nos meus erros para
não acreditar nisso. É porque sei que isso [a popularidade!] durará pouco
tempo: dois ou três anos, e depois… à Casa do Pai. E depois, não é sadio dizer
isso, mas a vivo [a popularidade] como presença do Senhor no seu povo que usa
os bispos e pastores do povo, para manifestar tantas coisas. A vivo [a
popularidade] naturalmente como antes. Antes me assustava um pouco, mas faço
estas coisas, não é mesmo? Me vem em mente: não se engane, não dê vazão a esse
povo e a essas coisas. Um pouco assim.”
Bastou
que algum imbecil tirasse do contexto a frase sobre como a fama é efêmera
e vimos hoje manchetes como: “ Papa disse que viverá apenas 3 anos!”
Que em grandes veículos como Globo, Uol e algumas agências de notícias não
se saiba mais escrever é óbvio e ululante, mas que agora também não saibam ler é
tão grave quanto uma guerra mundial. E que não vença essa a burrice
sensacionalista e mau agourenta!
Artigo
escrito por Fr. Francisco Lopes, OFMCap , especialmente para o
ANCORADOURO.
Disponível em: O povo Online
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