Discurso
do Papa no encontro com os líderes do apostolado leigo
Centro de Espiritualidade em Kkottongnae, Coreia do Sul
Sábado, 15 de sábado de 2016
Queridos irmãos
e irmãs!
Sinto-me grato
por ter esta oportunidade de me encontrar convosco, que representais as
múltiplas expressões do florescente apostolado dos leigos na Coreia. Agradeço
ao Presidente do Conselho do Apostolado Laical Católico, o senhor Paul Kwon
Kil-joog, as amáveis palavras de boas-vindas que me dirigiu da vossa parte.
Como sabemos, a
Igreja na Coreia é herdeira da fé de gerações de leigos que perseveraram no
amor de Jesus Cristo e na comunhão com a Igreja, apesar da escassez de
sacerdotes e da ameaça de graves perseguições. O Beato Paul Yun Ji-chung e
demais mártires hoje beatificados representam um capítulo extraordinário desta
história. Eles deram testemunho da fé não só através dos seus sofrimentos e da
morte, mas também com a sua vida de mútua solidariedade amorosa nas comunidades
cristãs, caracterizadas por uma caridade exemplar.
Esta preciosa
herança prolonga-se nas vossas obras de fé, de caridade e de serviço. Hoje,
como sempre, a Igreja precisa que os leigos prestem um testemunho credível à
verdade salvífica do Evangelho, ao seu poder de purificar e transformar o
coração humano e à sua fecundidade na edificação da família humana na unidade,
justiça e paz. Sabemos que há uma única missão da Igreja de Deus, e cada
cristão batizado tem um papel vital nesta missão. Os vossos dons de fiéis
leigos, homens e mulheres, são múltiplos, tal como é variado o vosso
apostolado; e tudo o que fazeis destina-se à promoção da missão da Igreja,
garantindo que a ordem temporal seja permeada e aperfeiçoada pelo Espírito de
Cristo e orientada para a vinda do seu Reino. De modo particular, desejo
agradecer a obra de tantas associações diretamente empenhadas em ir ao encontro
dos pobres e necessitados.
Como demonstra o
exemplo dos primeiros cristãos coreanos, a fecundidade da fé expressa-se na
solidariedade concreta para com os nossos irmãos e irmãs, independentemente da
sua cultura ou condição social, porque em Cristo «não há judeu nem grego» (Gal
3, 28). Sinto-me profundamente grato a quantos de vós, com o trabalho e o
testemunho, levam a presença consoladora do Senhor às pessoas que vivem nas
periferias da nossa sociedade. Esta atividade não se limita à assistência
caritativa, mas deve estender-se também a um compromisso com o crescimento
humano. Dar assistência aos pobres é coisa boa e necessária, mas não é
suficiente. Encorajo-vos a multiplicar os vossos esforços no campo da promoção
humana, de modo que cada homem e cada mulher possa conhecer a alegria que
deriva da dignidade de ganhar o pão de cada dia, sustentando assim a própria
família.
Desejo ainda
agradecer a preciosa contribuição das mulheres católicas coreanas para a vida e
a missão da Igreja neste país, como mães de família, catequistas e professoras,
e de vários outros modos. Da mesma forma, não posso deixar de destacar a
importância do testemunho prestado pelas famílias cristãs. Numa época de crise
da vida familiar, as nossas comunidades cristãs são chamadas a apoiar os casais
e as famílias no cumprimento da sua missão na vida da Igreja e da sociedade. A
família permanece a unidade basilar da sociedade e a primeira escola onde as
crianças aprendem os valores humanos, espirituais e morais que as tornam
capazes de ser faróis de bondade, integridade e justiça nas nossas comunidades.
Queridos amigos,
qualquer que seja a contribuição particular que dais à missão da Igreja, peço-vos
que continueis a promover nas vossas comunidades uma formação mais completa dos
fiéis leigos, através duma catequese permanente e da direção espiritual. Em
tudo o que fizerdes, peço-vos que atueis em completa harmonia de mente e
coração com os vossos pastores, procurando colocar as vossas intuições,
talentos e carismas ao serviço do crescimento da Igreja na unidade e no
espírito missionário. A vossa contribuição é essencial, pois o futuro da Igreja
na Coreia, como aliás em toda a Ásia, dependerá em grande parte do
desenvolvimento duma visão eclesiológica alicerçada numa espiritualidade de
comunhão, participação e partilha dos dons (cf. Ecclesia in Asia, 45).
Uma vez mais
exprimo a minha gratidão por tudo o que fazeis pela edificação da Igreja na
Coreia na santidade e no zelo. Possais vós obter constante inspiração e força
para o vosso apostolado do Sacrifício Eucarístico, onde é comunicado e
alimentado o amor de Deus e da humanidade, que é a alma do apostolado, (cf.
Lumen gentium, 33). Sobre vós, vossas famílias e quantos participam nas obras
corporais e espirituais das vossas paróquias, das associações e dos movimentos,
invoco alegria e paz no Senhor Jesus Cristo e na carinhosa protecção de Maria,
nossa Mãe.
Disponível: Canção Nova
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