Não faz muito tempo, eu recebi um e-mail que me
pedia o seguinte:
“Como mãe, educadora, católica e mulher no mundo
atual, eu gostaria de saber um pouco mais sobre a sua conversão. Você perdeu
amigos? Você não se sente esquisita de vez em quando? Eu tenho 43 anos e sou a
única pessoa que eu conheço que vai à missa mais que uma vez por semana. O que
eu posso fazer para não me desanimar?”.
A minha resposta curta para esse tipo de situação é
que nós temos que descobrir o que faz o nosso coração arder e, então, correr
atrás desse algo com determinação obstinada. Para mim, por exemplo, o que
funciona é escrever.
Já a minha resposta longa é que o catolicismo é uma
busca radical pela verdade. Nós não nos lembramos o suficiente do quanto a
graça custa. Não ouvimos falar o suficiente do quanto é medíocre seguir a
Cristo mais ou menos. A fé não nos chama a viver na miséria, mas nos chama,
claramente, a não possuir muito mais do que realmente precisamos. A fé nos
convida à pobreza, à castidade e à obediência. E o que eu descobri é que estes
três estados de vida são incrivelmente empolgantes e desafiadores! Eles nos dão
um tipo de liberdade e de “consciência de ser” que é completamente inexistente
no meio da nossa cultura entorpecente.
Eu resisto resolutamente a ser uma pessoa
"ocupada demais". Acho que o tipo de ocupação que a nossa cultura
valoriza e almeja não é obra de Deus. Certos tipos de mídia católica dizem que
nós somos quase obrigados a assistir a filmes estúpidos e a programas de TV de
má qualidade para podermos enxergar as pessoas "do jeito que elas
são", mas eu não penso assim. Só a ideia de perder 10 minutos vendo um
programa de TV estúpido para poder jogar conversa fora com algum "não
crente" me deixa arrepiada.
Se Cristo andava com as prostitutas e com os
publicanos, não era porque Ele quisesse nos incentivar a contar piadas infames
e a fazer fuxicos grosseiros. Ele não descia de nível, mesmo quando se
encontrava com as pessoas nos níveis em que elas viviam. Ele ia até lá para
chamá-las a subir de nível. Nós amamos de fato as pessoas quando vemos a sua
fome e sede terrível, mas as convidamos a contribuir, mostrando a elas que elas
também têm uma missão integral e de importância vital.
Eu perdi o meu casamento, em parte, porque me
converti. Eu abandonei o meu trabalho como advogada porque me converti. Não sei
se perdi amigos, mas posso ter perdido certa proximidade com certos amigos. Que
o catolicismo seja constantemente mal interpretado, incompreendido, caluniado,
desprezado, eu posso aceitar. O que me incomoda é que as pessoas vejam o
catolicismo como uma excentricidade sem sentido.
Logo depois que Obama foi eleito, uma amiga minha,
que se derretia toda por ele, me perguntou: "Você também adora o Obama,
não adora?". Eu respondi: "Bom, ele parece uma pessoa legal, mas eu
não morro de amores pelo fato de ele apoiar pesquisas com células estaminais
embrionárias. E aposto com você que não vai melhorar nada para os pobres,
aposto que ele vai começar uma ou duas guerras e aposto que, daqui a um ano,
muita gente vai começar a odiá-lo". Ela retrucou: "Poxa, isso é só
coisa do seu catolicismo". Eu quase pulei da cadeira. "Coisa do meu
catolicismo?! O meu catolicismo é a minha vida! O meu catolicismo é o ar que eu
respiro!".
Foi por causa do meu catolicismo que eu não votei
em Obama nem em Romney. Domingo passado, no Los Angeles Times, eu li que, desde
1995, o Pentágono distribuiu 5,1 bilhões de dólares em equipamentos militares
excedentes para os departamentos de polícia dos Estados Unidos: fuzis, veículos
blindados resistentes a minas, helicópteros. Li sobre Mohamedou Ould Slahi,
preso em Guantánamo, que, embora nunca tenha sido acusado de crime algum, está
sob custódia dos Estados Unidos desde 2001. Ele escreveu um livro de memórias
que fala, entre outras coisas, da tortura que sofreu em nossas mãos. Li também,
recentemente, a resenha de um livro chamado “The Invisible Soldiers: How
America Outsourced Our Security” [“Os soldados invisíveis: como os EUA
terceirizaram a sua segurança”], de Ann Hagedorn, e soube que "metade dos
16 mil funcionários que trabalham para a Embaixada dos Estados Unidos em Bagdá
desde a retirada das tropas norte-americanas são contratados", que
gastamos bilhões de dólares com mercenários e que, de acordo com um executivo
da Blackwater, o ex-SEAL Erik Prince, "o exército dos EUA não é grande o
suficiente para fazer frente a todas as exigências de uma missão ampla, cara e
complexa como a guerra do Iraque".
Então, por que criticar justamente o catolicismo?
O sistema inteiro sob o qual vivemos é muito, muito
afastado de Cristo. Pode não haver respostas, mas nós temos que fazer pelo
menos as perguntas. A nossa inteligência, como católicos, não pode deixar de
notar a violência satânica e cheia de segredos terríveis que é perpetrada pelo
nosso governo! Não podemos esperar, por exemplo, que um país que gasta mais
dinheiro com exército e armas do que todas as outras nações do mundo juntas vá
se preocupar seriamente com as crianças que ainda não nasceram.
Eu, particularmente, não quero ficar alienada. Como
seguidora de Cristo, eu quero lutar pelo bem das pessoas. O que me preocupa é
que o simples fato de expressar opiniões como esta me faça perder amigos
católicos.
Diante de tudo isso, não podemos esquecer que a
ressurreição não é apenas um final feliz. A ressurreição é um final
surpreendente.
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Fonte: Aleteia
Disponível em: CatolicaNet
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