O chefe da igreja satânica da
cidade norte-americana de Oklahoma, que planeja realizar uma missa negra em um
espaço público do Centro Cívico municipal no mês que vem, afirmou que a hóstia
consagrada que pretende usar no ritual satânico já foi enviada a ele por um
amigo.
"Estou
farto de ouvir falar sobre essa hóstia consagrada", diz Adam Daniels, da
organização Dakhma de Angra Mainyu, em resposta a perguntas enviadas por e-mail
pela Aleteia. "Como a minha substituta já disse a outros inquisidores
católicos, a Eucaristia foi enviada a nós por um amigo. Isso é tudo que eu vou
dizer sobre esta consecução. A minha pergunta é: por que um pedaço de pão,
sobre o qual um homem disse algumas palavras, é tão sagrado?".
Daniels,
que usa o título de “dastur”, um termo equivalente a “sumo sacerdote” no
zoroastrismo, confirmou que a controversa missa negra em Oklahoma será
realizada conforme planejado, em 21 de setembro.
"A
missa negra resumida [a partir dos rituais satânicos de
Anton Lavey] vai acontecer", afirmou ele. "Depois, The Choke [uma banda
local] vai se apresentar. Em seguida, Matthew Garman vai fazer um exorcismo
arimânico [ou seja, satânico: trata-se de “expulsar” o Espírito Santo da pessoa
“exorcizada”]. Kelsey e eu [Daniels] vamos presidir este rito. Antes de cada
ritual, eu vou explicar o propósito de cada rito da fé arimânica
[satânica]".
Adam
Daniels prossegue: "Eu alugo um pequeno espaço uma vez por ano para
ensinar o público sobre a minha religião. Isto é um direito meu, protegido pela
Primeira Emenda [à constituição norte-americana], como cidadão dos Estados
Unidos, e não como uma ovelha do império católico que sofreu lavagem
cerebral".
O
evento satânico acontecerá
no teatro do Centro Cívico de Oklahoma, que tem capacidade para 92 pessoas.
Daniels afirma que nenhuma autoridade municipal lhe pediu que reconsiderasse o
caso à luz dos protestos de católicos locais, liderados pelo arcebispo, dom
Paul S. Coakley.
Dom
Coakley está convidando os católicos a “sacudir o céu” com orações para que a
missa negra seja cancelada.
"Apesar
dos repetidos pedidos, não houve nenhuma indicação de que a prefeitura tenha a
intenção de impedir este evento", escreveu o arcebispo em uma carta desta
semana dirigida aos fiéis da arquidiocese. "Eu levantei as minhas
preocupações em conversa com as autoridades da cidade e apontei o quanto esse
ato sacrílego é profundamente ofensivo para os cristãos, especialmente para os
mais de 250.000 católicos que
vivem na cidade de Oklahoma".
Na
carta, datada de 4 de agosto, memória litúrgica de São João Maria Vianney, o
arcebispo se disse preocupado com os "poderes obscuros" que a missa
negra invocaria no seio da comunidade local e com o "perigo espiritual que
isso representa para todos os que estão direta ou indiretamente
envolvidos". Embora o evento esteja sendo promovido como "apenas um
tipo de entretenimento ocultista, este ritual satânico é muito sério",
avisa o arcebispo. "É uma inversão blasfema e obscena da missa católica.
Usando uma hóstia consagrada, obtida ilicitamente de uma igreja católica, e
profanando-a da forma mais vil que podemos imaginar, os praticantes a oferecem
em sacrifício a Satanás".
Em sua
carta, o arcebispo pediu que os católicos da arquidiocese intensifiquem a
oração durante as semanas que antecedem o evento. A partir do dia 6 de agosto,
festa da Transfiguração do Senhor, e até a Festa dos Arcanjos, em 29 de
setembro, todas as missas serão encerradas com a oração a São Miguel Arcanjo,
que, antes das reformas litúrgicas do final da década de 1960, era recitada
depois de cada celebração eucarística.
"Convido todos os católicos a orar diariamente, pedindo
a proteção divina pela intercessão deste patrono celeste que já derrotou
Lúcifer em sua rebelião contra o Todo-Poderoso e que está pronto para nos
ajudar nesta hora de necessidade", escreveu o arcebispo.
Dom
Coakley também pediu que cada paróquia realize uma hora santa com bênção
eucarística pelo menos uma vez entre a Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada
Virgem Maria, no dia 15 de agosto, e a data agendada para a realização da missa
negra, 21 de setembro. Naquele dia, ele pretende realizar uma hora santa e uma
procissão eucarística com bênção ao ar livre na igreja de São Francisco de
Assis, em Oklahoma, às 3h da tarde, quatro horas antes do evento satanista.
O
arcebispo pediu ainda que os católicos da arquidiocese entrem em contato com o
prefeito de Oklahoma, Mick Cornett, para expressar a sua "indignação com
este ato sacrílego, ofensivo e blasfemo e com esse mau uso de um espaço público
mantido com os nossos impostos".
O
gabinete do prefeito recebeu os pedidos de muitas pessoas desde que o arcebispo
enviou um primeiro comunicado à imprensa no início de julho, relata uma
porta-voz da prefeitura. Houve um aumento desses contatos desde última a carta
do arcebispo aos católicos, publicada nesta segunda-feira.
"Podemos
dizer que recebemos telefonemas de vários Estados", disse a porta-voz,
Jennifer Lindsey-McClintock. "Em geral, as manifestações têm sido de raiva
e de decepção".
O
arcebispo dom Coakley se posicionou contra os planos de realização desta missa negra já
no início de julho, quando foi divulgado que a Dakhma de Angra Mainyu planejava
encenar tal ritual. A notícia gerou uma polêmica semelhante à de um caso
ocorrido meses antes, quando outro grupo satânico, em Nova Iorque, tentou
realizar o mesmo rito dentro da Universidade de Harvard. Lá, porém, uma grande
manifestação católica de oração e de protesto conseguiu fazer com que o evento
fosse cancelado.
A
carta de dom Coakley seguiu um apelo semelhante ao do bispo dom Edward J.
Slattery, de Tulsa, também no Estado de Oklahoma. Dom Slattery tinha pedido que
os católicos da sua diocese jejuassem e orassem de 6 a 15 de agosto pelo
cancelamento da missa negra.
Jim
Brown, administrador geral do Centro Cívico de Oklahoma, declarou que, como
espaço público, o centro não pode impedir um grupo de cidadãos de alugar as
suas instalações, desde que o evento proposto para o local não seja contrário à
legislação norte-americana.
Dom Coakley
não concordou com a validade deste argumento e retrucou: "É difícil
imaginar o Centro Cívico fechando os olhos e permitindo que um grupo utilizasse
as suas instalações para queimar uma cópia do alcorão ou para realizar alguma
performance abertamente antissemita, por exemplo", disse ele em declaração
de algumas semanas atrás.
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Fonte: Aleteia
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