terça-feira, 24 de novembro de 2015

Judeus interpretavam a diferença entre imagens e ídolos semelhante aos católicos


Basta analisarmos o catecismo judaico. (Só os protestantes é que interpretaram o Velho Testamento de forma diferente).

A sinagoga construída para culto judaico localizada na cidade helenística e romana Dura Europos na província Síria é um exemplo do elo entre Escritura e arte. Existem cenas do livro de Ester na Sinagoga de Dura Europos, Mesopâtamia, Parthia, Museu de Damasco.

Numa fortaleza, em Kuntillet ‘Ajrud, na Península do Sinai, foram encontrados graffiti com imagens de Iahweh ao lado de uma Ashera, Grafitti de Kuntillet Ajrud, sul do Negev, séc. VIII a.C. Encontrado em fragmento de cerâmica, com figura de Javé, à esquerda, e sua consorte Asherah, à direita.

O assunto sobre imagens volta à tona no Talmud, entre seus tratados existe um específico para imagens e ídolos, o ‘Abodah Zarah.

Em relação aos ídolos o Talmud é totalmente rígido, proibindo não só sua fabricação como também olhar para eles ou apenas pensar neles. (Tosefta, Shabbath 17,1 et passim; Berakhot 12b).

Os ídolos não deviam ser apenas quebrados, mas jogados no Mar Morto para que não pudessem ser mais vistos (‘Abodah Zarah 3,3).

Suas madeiras não podem nem ser utilizadas para aquecer-se (Pesahim, 25a). 

Nem relações lucrativas ou comerciais com idolatras poderiam ser feitas pelos judeus nos três dias que antecedem a suas festas cultuais (‘Abodah Zarah 1,1).

Era proibido caminhar sobre pedras que foram utilizadas para esculpir ídolos (‘Abodah Zarah 50a) e nos sábados não era permitido ler o que estava escrito numa pintura de um deus (‘Abodah Zarah 149).

Em contrapartida o judaísmo é aberto em relação a outras imagens. São permitidas artes de cunho cultural esculpidas, estátuas de reis sem intuito de culto ('Abodah Zarah 40ª), imagens ornamentais como qualquer figura do planeta exceto o sol e a lua ('Abodah Zarah 43b).

Com o reflexo do movimento Haskalah, conhecido como iluminismo judaico, vimos o surgimento de grandes artistas judeus como Marc Chagall (1887-1985) nos séculos XIX e XX com seus magníficos vitrais das doze tribos de Israel guardados na Sinagoga do Hospital Hadassa em Jerusalém, e Lasar Segall, um judeu lituano radicado no Brasil que transformou sua casa em museu com um acervo em torno de 2.500 obras.

A história do povo de Deus é repleta de simbolismos, vemos vários objetos de culto com alicerce escriturístico. O Menorah, por exemplo, é uma palavra hebraica que indica candeeiro com sete braços, usado no Tabernáculo. Êxodo 25, 31-40; Êxodo 37, 17-24, Zacarias 4, 2-5. A luz da “Menorah” simbolizava a presença de Deus (no hebraico Shekinah).


Paulo Leitão de Gregório,

publicação de pesquisa.

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