Basta
analisarmos o catecismo judaico. (Só os protestantes é que interpretaram o
Velho Testamento de forma diferente).
A sinagoga construída para culto judaico localizada na cidade helenística e romana Dura Europos na província Síria é um exemplo do elo entre Escritura e arte. Existem cenas do livro de Ester na Sinagoga de Dura Europos, Mesopâtamia, Parthia, Museu de Damasco.
Numa fortaleza, em Kuntillet ‘Ajrud, na Península do Sinai, foram
encontrados graffiti com imagens de Iahweh ao lado de uma Ashera, Grafitti de
Kuntillet Ajrud, sul do Negev, séc. VIII a.C. Encontrado em fragmento de
cerâmica, com figura de Javé, à esquerda, e sua consorte Asherah, à direita.
O assunto sobre imagens volta à tona no Talmud, entre seus tratados existe um específico para imagens e ídolos, o ‘Abodah Zarah.
Em relação aos ídolos o Talmud é totalmente rígido, proibindo não só sua fabricação como também olhar para eles ou apenas pensar neles. (Tosefta, Shabbath 17,1 et passim; Berakhot 12b).
Os ídolos não deviam ser apenas quebrados, mas jogados no
Mar Morto para que não pudessem ser mais vistos (‘Abodah Zarah 3,3).
Suas madeiras não podem nem ser utilizadas para
aquecer-se (Pesahim, 25a).
Nem relações lucrativas ou comerciais com idolatras
poderiam ser feitas pelos judeus nos três dias que antecedem a suas festas
cultuais (‘Abodah Zarah 1,1).
Era proibido caminhar sobre pedras que foram utilizadas
para esculpir ídolos (‘Abodah Zarah 50a) e nos sábados não era permitido ler o
que estava escrito numa pintura de um deus (‘Abodah Zarah 149).
Em contrapartida o judaísmo é aberto em relação a outras
imagens. São permitidas artes de cunho cultural esculpidas, estátuas de reis
sem intuito de culto ('Abodah Zarah 40ª), imagens ornamentais como qualquer
figura do planeta exceto o sol e a lua ('Abodah Zarah 43b).
Com o reflexo do movimento Haskalah, conhecido como
iluminismo judaico, vimos o surgimento de grandes artistas judeus como Marc
Chagall (1887-1985) nos séculos XIX e XX com seus magníficos vitrais das doze
tribos de Israel guardados na Sinagoga do Hospital Hadassa em Jerusalém, e
Lasar Segall, um judeu lituano radicado no Brasil que transformou sua casa em
museu com um acervo em torno de 2.500 obras.
A história do povo de Deus é repleta de simbolismos,
vemos vários objetos de culto com alicerce escriturístico. O Menorah, por
exemplo, é uma palavra hebraica que indica candeeiro com sete braços, usado no
Tabernáculo. Êxodo 25, 31-40; Êxodo 37, 17-24, Zacarias 4, 2-5. A luz da
“Menorah” simbolizava a presença de Deus (no hebraico Shekinah).
Paulo Leitão de Gregório,
publicação de pesquisa.
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