quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Celebração litúrgica não é palco!


Outro dia, numa conversa com leigos, um deles comentou um fato que eu não sei definir se inquietante ou preocupante. Talvez o segundo adjetivo qualifique melhor aquela história ou, quem sabe, unindo os dois tenhamos um resultado mais realista do fato. Eram leigos de diversas comunidades e cada um deles dizia ter conhecimento de fatos semelhantes, o que faz aumentar a inquietação. 

Aconteceu com uma banda musical que exercia o ministério da música numa comunidade. Tocavam mal e alto. Um dia, o padre os chamou e, com muita caridade, fez ver que o trabalho deles era importante, mas do jeito que estava sendo feito, sem se prepararem devidamente, nunca ensaiando as canções e escolhendo músicas em cima da hora dificultava o caminho que a Pastoral Litúrgica da comunidade estava fazendo. Eles protestaram e queriam bater boca com o padre. Educado e acostumado a conversar, o padre os ouviu e pediu que repensassem seu modo de agir, porque a Liturgia merece o melhor.

Como a tática do bate boca não funcionou, porque o padre lhes mostrou, com dados inquestionáveis, que eles não estavam bem neste serviço litúrgico, eles apelaram e desafiaram o padre: “ou a gente toca do jeito que a gente quer ou ninguém mais toca nesta Missa”. O padre ponderou que não é assim que funciona a coisa e fez ver que eles não eram os donos da missa. A proposta era outra: exercer o ministério da música como a Pastoral Litúrgica da comunidade estabelecera para todos os ministérios. Depois daquela conversa, o pessoal da banda disse que não queria mais saber da Igreja e da comunidade e foram embora, alguns, inclusive, foram para uma Igreja evangélica, concluiu o leigo. 

Outro participante do grupo disse que algo semelhante havia acontecido com uma catequista da comunidade, outro emendou e falou que um ministro da distribuição da comunhão também deixou a Igreja por um desentendimento, outro falou de um Leitor que não escolhia trabalho e porque alguém lhe disse que precisava participar mais da preparação das Missas, não gostou e sumiu. Com casos assim, a conversa se estendeu por um bom tempo. No final, um deles questionava sobre o que essa gente tinha na cabeça para agir assim. Uma senhora, muito simples, ponderou: “eu acho que tem coisas demais na cabeça e pouco Jesus no coração”. Acertou! De fato, quem abandona o projeto de Jesus e abandona a Igreja porque não pode fazer do jeito que quer, demonstra ter pouco Evangelho no coração. As pastorais e, em especial a Pastoral Litúrgica exige respeito às normas da Igreja e harmonia para que o trabalho alcance seus objetivos. Celebração litúrgica não é palco.

Lembrei-me dessas conversas, preparando-me para refletir sobre Ministérios Litúrgicos. Muitos trabalham na Igreja, dedicam-se à comunidade, mas ainda não transformaram a vida em Evangelho; ainda não se alimentaram o bastante de Jesus Cristo a ponto de buscar o que é bom para todos. É uma análise dura, mas não deixa de ser realista. É o exemplo daqueles discípulos de Jesus que conheciam sua doutrina, mas se negavam a alimentar-se da vida do Cristo e foram embora (Jo 6,66).


Francisco Régis
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Serviço de Animação Litúrgica

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