Este ano de 2015 foi proclamado como o Ano da Paz
pela Conferência dos Bispos do Brasil. Creio que a busca da paz nunca deixou de
estar presente no coração dos homens e mulheres de boa vontade na história da
humanidade, mesmo convivendo com experiências de dor, de violência e de morte
no itinerário da vida.
O Papa Francisco tem procurado, no seu ministério
de pastor, ajudar os governantes das nações a serem construtores de pontes de
diálogo que favoreçam a aproximação dos povos. Porém, diante do flagelo da
violência e da guerra que atinge muitas nações, alguns governantes procuram
solucionar o problema erguendo cercas e muros, para excluir as vítimas
relegando-as à condição de pessoas sem pátria e sem direitos, “indesejadas”.
“É possível percorrer o caminho da paz? Podemos
sair desta espiral de dor e de morte?”, nos interroga o Papa Francisco. O
cristão, que tem consciência de que, em Cristo, foi agraciado com a paz, deve
se tornar um reconciliador, um construtor de paz. “Não haverá paz na terra,
enquanto perdurarem as opressões dos povos, as injustiças e os desequilíbrios
econômicos que ainda existem. A paz exige quatro condições essenciais: verdade,
justiça, amor e liberdade”, dizia o santo Papa João XXIII, retomadas por São
João Paulo II.
Às vezes, podemos ser tocados pelo pecado da
omissão e da indiferença, não nos envolvendo, achando que a violência só
acontece lá longe ou na casa do vizinho, no bairro do lado e por isso não
assumimos nenhuma ação que promova a paz e cuide da pessoa, da sua dignidade
humana. “O que mais preocupa não é o grito dos corruptos, dos violentos, dos
desonestos, dos sem caráter, dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio
dos bons”, dizia Martin Luther King, baluarte da não violência.
Para percorrermos o caminho da paz, não precisamos
de grandes manifestos, mas de pequenas ações concretas no dia-a-dia. “A paz começa
com um sorriso”, dizia Madre Tereza de Calcutá. Deus nos livre do comodismo e
da indiferença, que nos tornam cegos e surdos diante do grito da dor, causada
por tantas formas de violência que atingem nossos irmãos e irmãs.
Não devemos ter medo de sermos ousados em nossas
ações pela paz. O Santo Papa João XXIII, que viveu o flagelo da Segunda Grande
Guerra e as tensões da guerra fria no seu pontificado, encorajava as pessoas a
não desanimarem diante das dificuldades do seu tempo. E na sua sabedoria de
homem simples e de pastor que conhecia as angústias do coração das ovelhas,
exortava: “Não consulte os seus medos, mas as suas esperanças e os seus sonhos.
Pense, não nas suas frustrações, mas nas suas potencialidades ainda não
exploradas. Preocupe-se não com o que você tentou e falhou, mas com o que ainda
é possível fazer”.
Dom José
Gislon
Bispo de
Erexim (RS)
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