NOTA
DA CNBB CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL
P - Nº. 0878 /15
“Eu
estava na prisão, e fostes visitar-me” (Mt 25,37)
O Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP) da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunido em Brasília, nos dias
24 e 25 de novembro de 2015, acompanha, com preocupação, a tramitação, no Senado
Federal, do PLS n.º 513/2011 que estabelece normas gerais para a contratação de
parceria público-privada para a construção e administração de estabelecimentos
penais.
Segundo dados do Departamento Penitenciário
Nacional, a população carcerária do Brasil ultrapassa o número de 600 mil
pessoas. Percebem-se escassos sinais de melhoria que atendam à finalidade de
reinserção social dos apenados. Ainda permanecem graves violações de direitos e
garantias fundamentais.
O atual sistema prisional, competência do Estado
brasileiro, mostra-se falido e incapaz de cumprir suas finalidades
institucionais.
Afirma o Papa Francisco e nós bispos com ele: “É
doloroso constatar sistemas penitenciários que não buscam curar as chagas,
sarar as feridas, gerar novas oportunidades. (...). É sempre mais fácil encher
os presídios do que ajudar a andar para frente quem errou na vida (...). Neste
período de detenção, de modo particular, é necessária uma mão que ajude a
reintegração social, desejada por todos: reclusos, famílias, funcionários,
políticas sociais e educativas. Uma reintegração que beneficia e eleva o nível
moral de todos” (Papa Francisco).
A ineficiência do sistema prisional não pode levar
à privatização. O ser humano jamais pode ter sua dignidade aviltada, pois lucro
e pena não combinam. Um sistema carcerário privatizado abre possibilidades para
mais e maiores penas.
Portanto, os Bispos deste Conselho manifestamos
nossa rejeição ao PLS n.º 513/2011 e às propostas tendentes à privatização do
sistema prisional brasileiro ou de parte dele.
Pedindo ao Pai de bondade sua proteção
misericordiosa para todos, manifestamos nosso apoio irrestrito à Pastoral
Carcerária, em sua missão de anunciadora da Boa Nova e defensora da dignidade
da pessoa encarcerada.
Brasília, 25 de novembro de 2015
Dom Sergio da Rocha
Dom
Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de Brasília-DF
Arcebispo de S. Salvador da Bahia-BA
Presidente
da CNBB
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo
Auxiliar de Brasília-DF
Secretário-Geral
da CNBB
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