NOTA
DO CONIC SOBRE A
TRAGÉDIA EM MARIANA (MG)
Caros irmãos e caras irmãs,
Recebam nossa saudação por meio da palavra do
profeta Isaías 66.18,
prevista para o dia de hoje, que diz:
“Eu venho para ajuntar todas as nações e línguas,
elas virão e contemplarão a minha glória”.
Como todo o Brasil, temos acompanhado as notícias
relacionadas à tragédia ocorrida nos seus Estados em consequência do rompimento
das barragens Santarém e Fundão. Já faz tempo que os movimentos sociais, em
especial, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), estão denunciando os
impactos provocados pelas ações das mineradoras e hidroelétricas. No entanto,
pouco ou nenhuma atenção é dada aos indicadores de impacto ambiental e social
apontados por esses movimentos. As histórias de vida das pessoas atingidas por
essas propostas de desenvolvimento, agressoras do meio ambiente, também não são
levadas em consideração, nem por parte das empresas envolvidas e nem por parte
do Estado. A defesa dos interesses de grupos financeiros e empresariais é
sempre colocada acima dos interesses das comunidades locais afetadas. O cuidado
com o meio ambiente é relativizado sempre que confrontado com os interesses dos
grupos financeiros. O Código da Mineração é um exemplo concreto disso.
É lamentável que, em momento algum, tenham sido
ouvidas as organizações que diariamente têm denunciado as consequências
provocadas por esses projetos. O silêncio das autoridades empresariais,
governamentais diante das denunciais realizadas, ao longo de muitos anos, é
cúmplice dessa tragédia, que como bem dizem os afetados, não foi acidente.
Cabe-nos, nesse tempo em que nos aproximamos do
advento, refletirmos sobre essa profunda “erosão do caráter humano” que se
expressa na defesa de interesses privados em detrimento dos interesses
coletivos e do cuidado da criação.
A “Tragédia de Mariana”, sabemos, é um capítulo de
uma história que diariamente têm produzido destruição ambiental, mortes,
repressões e violações de direitos. Chorar os mortos, reivindicar reparações
justas, tudo isso é necessário. No entanto, sabemos que não pagam as histórias
de vida construídas ali. Também não devolvem a vida ao Rio Doce, cuja morte se
torna símbolo maior do que a ambição humana tem sido capaz de produzir.
Às pessoas atingidas, nossa solidariedade e oração!
Às empresas e autoridades envolvidas, nosso pedido é para que este fato sirva
para uma regulação transparente e rigorosa das atividades das grandes
corporações minerados no país.
Que nesse domingo de oração e celebrações possamos
refletir profundamente sobre os rumos que estamos tomando como humanidade. Que
Mariana, seu povo e sua biodiversidade destruída possam representar o anúncio
de que precisamos de outros caminhos. Como todo o Brasil, estamos de luto!
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CONIC
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