A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga ameaças
de morte ao padre polonês Pedro Stepien, que desde ano passado acolhe no
Distrito Federal 15 pessoas de cinco famílias cariocas expulsas de um
condomínio do 'Minha Casa, Minha Vida', em Campo Grande, Zona Oeste.
A região é controlada pela milícia chamada 'Liga da
Justiça'. Os policiais milicianos invadiram e se apossaram de dezenas de
apartamentos. Há relatos até agora de sete mortes de quem resistiu às ordens. E
um homem entrou no programa de proteção a testemunhas, do governo do Estado.
E pelo ocorrido com o padre, os milicianos estão
muito bem informados sobre os paradeiros das famílias na capital federal. As
famílias também correm risco de vida.
Há três dias, o padre Stepien passou a receber
mensagens ameaçadoras no seu celular, pelo aplicativo Whatsapp, e o caso chegou
ontem ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O ministro avalia pedir a
Polícia Federal para entrar na investigação, pelo cenário envolver denúncias em
um programa federal.
O religioso já entregou seu celular às autoridades.
“O que você está fazendo no Congresso? Não adianta pedir ajuda a político
porque muitos nos devem favores'', registra a última mensagem recebida pelo
padre.
O padre se recusa a participar do programa de
proteção federal e deixar a capital. As famílias estão distribuídas em casas da
Igreja em cidades satélites do DF e contam com doações de alimentos e
assistência psicológica voluntária. O religioso as visita todos os dias.
O religioso também relatou a amigos que desde
semana passada carros com placas do Rio de Janeiro têm rondado o bairro nas
cidades satélites do DF onde as famílias estão refugiadas.
O CERNE
Os milicianos passaram a persegui-los após
audiência pública em novembro passado na Comissão de Direitos Humanos da Câmara
dos Deputados, na qual o padre denunciou a atuação da 'Liga da Justiça' na
expulsão de moradores em condomínios do Minha Casa em bairros da Zona Oeste
carioca.
Os investigadores desconfiam de que há
interlocutores ou 'olheiros' da milícia morando em Brasília desde então. E com
bom trânsito no Congresso Nacional. Numa das mensagens no celular do padre,
dizem que o estão monitorando de perto, inclusive por telefone. E falam de
ligações com deputados e senadores.
O caso chegou ao delegado Alexandre Herdy, chefe da
Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas da Secretaria de
Segurança do Estado do Rio. Ele e o delegado Alexandre Capote, ex-diretor do
órgão, estiveram com o padre Pedro Stepien em Brasília em novembro.
Os relatos tensos e atualizados foram comunicados
também ao ministro das Cidades, Gilberto Kassab, pelo deputado federal Goulart
(PSD-SP). Kassab prometeu levar a situação à presidente Dilma Rousseff.
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Instituto
Humanitas Unisinos
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