Mt 26, 47-56: “47 E
enquanto ainda falava, eis que veio Judas, um dos Doze acompanhado de grande
multidão com espadas e paus, da parte dos chefes dos sacerdotes e dos anciãos
do povo. 48 O seu traidor dera-lhes um sinal, dizendo: ‘É aquele que eu beijar;
prendei-o’. 49 E logo, aproximando-se de Jesus, disse: ‘Salve, Rabi!’ e o
beijou. 50 Jesus respondeu-lhe: ‘Amigo, para que estás aqui?’ Então, avançando,
deitaram a mão em Jesus e o prenderam. 51 E eis que um dos que estavam com
Jesus, estendendo a mão, desembainhou a espada e, ferindo o servo do Sumo
Sacerdote, decepou-lhe a orelha. 52 Mas Jesus lhe disse: ‘Guarda a tua
espada no seu lugar, pois todos os que pegam a espada pela espada perecerão. 53
Ou pensas tu que eu não poderia apelar para o meu Pai, para que ele pusesse à
minha disposição, agora mesmo, mais de doze legiões de anjos? 54 E como se
cumpririam então as Escrituras, segundo as quais isso deve acontecer?’ 55 E
naquela hora, disse Jesus às multidões: ‘Como a um ladrão, saístes para
prender-me com espadas e paus! Eu me sentava no Templo ensinando todos os dias
e não me prendestes’. 56 Tudo isso, porém, aconteceu para se cumprirem os
escritos dos profetas. Então todos os discípulos, abandonando-o, fugiram”
(conferir também: Mc 14, 43-52; Lc 22, 47-53 e Jo 18, 2-11).
Em Mt 26, 47
diz: “E enquanto ainda falava, eis que
veio Judas, um dos Doze acompanhado de grande multidão com espadas e paus, da
parte dos chefes dos sacerdotes e dos anciãos do povo”.
Já é alta noite, a lua brilha, Jesus Cristo está no
Getsêmani conversando com os sonolentos Apóstolos. Um pouco distante, as
oliveiras refletem uma certa claridade provocada por tochas. Galhos secos
estalam ao serem pisados pelos inimigos do Senhor que se aproximam como lobos
sanguinários. Ouvem-se gritos. Aparecem pontas de lanças. Aproximam-se os
inimigos do Manso Cordeiro. À frente, jovial como um amigo, mas com o demônio
no coração e a hipocrisia na língua, avança Judas Iscariotes, perigosa e
venenosa serpente.
Quem é Judas
Iscariotes? Quem é esse monstro ingrato e frio?
Ele é um dos
Doze: “Em todas as listas dos Doze é acrescentada ao seu nome a observação de
que ele foi o traidor de Jesus (Mt 10, 4; Mc 3, 19; Lc 6, 16). João acrescenta
que ele era um diabo – talvez aqui no sentido de ‘adversário’ ou ‘ informador’
(Jo 6, 71, mas cf. Jo 13, 27) – e um ladrão, atribuindo-lhe a infeliz e
hipócrita objeção à unção de Jesus em Betânia (Jo 12, 4-6), ao passo que Mt 26,
8 e Mc 14, 4 atribuem a objeção aos ‘discípulos’ (Mt) e a ‘alguns’(Mc). Os
evangelhos sinóticos registram a visita de Judas aos grão-sacerdotes e o acordo
sobre a traição e o preço a ser pago (Mt 26, 14-16; Mc 14, 10s; Lc 22, 3-6).
Entretanto, a soma de trinta moedas de prata só é mencionada por Mt, derivando
provavelmente de Zc 11, 12” (Pe. John L. Mackenzie, S.J, Dicionário
Bíblico).
O atrevimento e a ingratidão de Judas Iscariotes
foram tão grandes, e seu coração já estava tão mergulhado nas trevas, que o
mesmo tomou a frente, tornou-se o guia dos inimigos do Salvador: “...eis que
chegou uma multidão. À frente estava o chamado Judas, um dos Doze...” (Lc 22,
47), e: “...Judas, que se tornou o guia daqueles que prenderam a Jesus” (At 1,
16).
Católico, grande foi a estupidez de Judas
Iscariotes em trair o Amado Senhor. Ele viveu três anos na companhia do Salvador:
andava, comia, rezava, ouviu inúmeras pregações do Mestre, porém, jogou tudo
fora e acabou se condenando: “Judas se
condenou, porque se atreveu a pecar confiando na clemência de Jesus Cristo”
(São João Crisóstomo).
Hoje, infelizmente, milhões de pessoas seguem a
ingratidão e a estupidez desse infeliz Apóstolo. Quantos católicos batizados e
crismados abandonaram a Cristo Jesus para seguir o mundo, o demônio e a própria
carne. Esses receberam graças e mais graças de Nosso Senhor, receberam também uma
fiel e piedosa formação, mas a exemplo de Judas Iscariotes jogaram tudo fora,
vivendo agora na lama do pecado: “Com
efeito, se, depois de fugir às imundícies do mundo pelo conhecimento de nosso
Senhor Jesus Cristo, de novo são seduzidos e se deixam vencer por elas, o seu
último estado se torna pior do que o primeiro. Assim, melhor lhes fora não
terem conhecido o caminho da justiça do que, após tê-lo conhecido, desviarem-se
do santo mandamento que lhes foi confiado. Cumpriu-se neles a verdade do
provérbio: O cão voltou ao seu próprio vômito, e: A porca lavada tornou a
revolver-se na lama” (2 Pd 2, 20-22).
Infeliz do católico que abandona a amizade com
Jesus para viver nas trevas, esse jamais entrará na Pátria Eterna: “O laço com que o demônio arrasta quase todos
os cristãos que se condenam é, sem dúvida, esse engano com que os seduz,
dizendo-lhes: ‘Pecai livremente, porque, apesar de todos os pecados, haveis de
salvar-vos” (Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a Morte,
Consideração XVII, Ponto I).
Judas
Iscariotes viveu três anos ao lado de Cristo Jesus, e depois tornou-se o guia
dos inimigos do Salvador, isto é, caminhou à frente daqueles que estavam
prestes a prenderem Nosso Senhor.
Também existem milhões de ex-católicos, que antes
adoravam Jesus Sacramentado, veneravam a Virgem Maria, defendiam o Papa, etc.,
e agora, encabeçam em muitas igrejolas o coro daqueles que caluniam sem cessar
a Santa Igreja. Esses são os Judas de hoje!
A multidão encabeçada por Judas não vinha de mãos
abanando, mas bem armada, até perece que Nosso Senhor era um grande malfeitor:
“...grande multidão com espadas e paus” (Mt 26, 47).
Como já foi comentado, milhões de ex-católicos que
receberam uma ótima formação dentro da Igreja, hoje, caminham furiosamente
contra a Esposa de Nosso Senhor, a Igreja Católica; esses usam as “espadas” da
língua e os “paus” da perseguição para tentarem destruir a Única Esposa de
Cristo.
Existem também os Judas que vivem dentro da Igreja,
de mitra e sem mitra; estes, com mentiras e hipocrisia nos lábios, perseguem
continuamente a Cristo Jesus: “Aludimos, Veneráveis Irmãos, a muitos membros do
laicato católico e também, coisa ainda mais para lastimar, a não poucos do
clero que, fingindo amor à Igreja e sem nenhum sólido conhecimento de filosofia
e teologia, mas, embebidos antes das teorias envenenadas dos inimigos da
Igreja, blasonam, postergando todo o comedimento, de reformadores da mesma
Igreja; e cerrando ousadamente fileiras se atiram sobre tudo o que há de mais
santo na obra de Cristo, sem pouparem sequer a mesma pessoa do divino Redentor
que, com audácia sacrílega, rebaixam à caveira de um puro e simples homem” (Pio
X, Carta Encíclica “Pascendi Dominici Gregis”, Introdução), e: “Meus queridos
amigos – neste momento, só posso dizer: orai por mim, para que eu possa
aprender a amar o Senhor mais e mais. Orai por mim, para que eu possa aprender
a amar Seu rebanho mais e mais – em outras palavras, a santa Igreja, cada um de
vós e todos vós juntos. Orai por mim, para que eu possa não fugir com medo dos
lobos” (Bento XVI, Sermão na Missa de entronização, 24 de abril de 2005, Praça
de São Pedro).
Por que será que Judas, o traidor, se previne tanto
para prender o Manso Cordeiro? Ele vivera com Ele por três anos e conhecia
muito bem a mansidão do Senhor: “...aprendei de mim, porque sou manso e humilde
de coração” (Mt 11, 29), e conhecia também os milagres que Cristo havia
realizado: “Mas Judas já de nada se lembra, nada enxerga; esta é a primeira
astúcia do Demônio para arrastar os pecadores, torna-os cegos para que nada
vejam, em nada reparem. Como estamos vendo que os maiores pecadores, estando no
fim da vida, ou por uma doença incurável, ou por uma idade avançada, já quase
com os pés na sepultura, todavia desprezam todo o conselho, resistem à toda
admoestação caridosa, e sempre se lisonjeando de irem dilatando a vida, morrem
sem receber os Sacramentos e vão se apresentar ao Tribunal de Deus, sem terem
reparado os escândalos” (Sacerdote da Congregação da Missão).
Em São João
18, 3-8 diz que Nosso Senhor saiu ao encontro de Judas e dos outros inimigos: “Judas, então, levando a coorte e guardas
destacados pelos chefes dos sacerdotes e pelos farizeus, aí chega, com
lanternas, archotes e armas. Sabendo Jesus tudo o que lhe aconteceria,
adiantou-se e lhes disse: ‘A quem procurais?’ Responderam: ‘Jesus, o Nazareno’.
Disse-lhes: ‘Sou eu’. Judas, que o estava traindo, estava também com eles.
Quando Jesus lhes disse ‘ Sou eu’, recuaram e caíram por terra.
‘Perguntou-lhes, então, novamente: ‘A quem procurais?’ Disseram: ‘Jesus, o
Nazareno’. Jesus respondeu: ‘Eu vos disse que sou eu...”
Nosso Senhor não se intimidou diante dos inimigos.
Nem o número de soldados, nem as lanças, nem os paus assustaram a Cristo Jesus.
Ele é o Senhor do céu e da terra, por isso, as serpentes perecíveis não
Lhe causaram medo.
Ele
adiantou-se e lhes perguntou: “A quem
procurais?” Os inimigos disseram que estavam à procura de Jesus. Ele
disse-lhes: “Sou eu”. E todos caíram por terra.
Está claro que o Imaculado Cordeiro, porque quis, é
que se entregou às mãos dos inimigos. O “Sou eu”, foi o bastante para que todos
os inimigos caíssem tontos por terra, e assim, as serpentes sentiram o cheiro
do pó: “Os perseguidores, que vinham com o traidor para prender Jesus,
encontraram O que buscavam e ouviram-nO dizer Sou eu. Por que não O prenderam ,
mas retrocederam e caíram? Porque assim o quis quem podia fazer o que queria.
Se não o tivesse permitido, nunca teriam realizado o intento de O prenderem,
mas também Ele não teria cumprido a Sua missão. Eles buscavam com ódio O que
queriam matar; Jesus, pelo contrário, buscava-nos com amor querendo morrer. E
assim, depois de manifestar o Seu poder àqueles que sem poderem fazê-lo queriam
prendê-lO, prendê-lo-ão e deste modo cumprirá o Seu desejo por meio daqueles que
o ignoravam” (Santo Agostinho, In Ioann. Evang., 112, 3).
Nunca ninguém derrubara os inimigos somente com a
voz como fez Nosso Senhor: “Nem Alexandre, nem César com todo seu poder, nem
Pompeu, nem Anibal com todas as suas astúcias, puderam jamais produzir efeitos
semelhantes a este: Sou eu! E uma corte inteira, com os Escribas, Fariseus e
com os anciãos do povo, todos se acharam de repente prostrados por terra.
Verdade é que Sansão derrotou a mais de mil, foi porém não com uma palavra, mas
com os esforços de seus braços, servindo-se da queixada de um jumento. Sangar
derrotou a seiscentos, mas foi com o instrumento da sua lavoura. Igualmente
Davi derrotou em um dia a oitocentos Filisteus, mas foi com o poder de
suas armas. Só pertencia a Jesus, só pertencia ao Unigênito Filho de Deus, só
pertencia Àquele que com uma palavra criara o mundo, e com uma única palavra o
teria podido destruir, mostrar nesta hora todo seu poder, prostrando assim a
seus inimigos com as palavras: Sou eu!” (Sacerdote da Congregação da Missão).
Católico, seja fiel a Nosso Senhor e viva de acordo
com a Sua Santa Vontade. Não seja ingrato e não traia Aquele Senhor que cuida
de ti continuamente. Lembre-se de que a vida passa e que existe um julgamento
após a morte, e nesse terrível Dia, Cristo Jesus lhe dirá: “Sou eu, a quem ofendestes tantas vezes. Sou eu, contra quem vos
tendes levantado. Sou eu, a quem tendes desprezado. Sou eu, sim, sou eu, que
venho agora fazer justiça à minha Majestade infinita ofendida” (Sacerdote
da Congregação da Missão).
Nosso Senhor
não se intimidou diante dos soldados, mas disse-lhes abertamente: “Sou eu... Eu vos disse que sou eu...”
(Jo 18, 5. 8).
Sejamos também corajosos, não tenhamos medo de
professar a nossa fé em Jesus Cristo, falemos a todos e abertamente que Ele é o
Nosso Salvador, mesmo quando o ambiente é difícil: “Cada cristão deve dar testemunho – não só com o exemplo, mas também
com a palavra – da mensagem evangélica. E para isso devemos aproveitar todas as
oportunidades – sabendo também provocá-las prudentemente – que se apresentam no
convívio com os nossos familiares, amigos, colegas de profissão, vizinhos; com
pessoas com quem nos relacionamos, mesmo que seja por pouco tempo, durante uma
viagem...” (Pe. Francisco Fernández-Carvajal).
Quando formos interrogados se somos católicos, não
nos recuemos nem nos intimidemos, mas falemos com convicção e coragem: “Estive, estou e estarei sempre com Cristo.
Eis a minha fé, pela qual darei minha vida, se assim for preciso. Cortai, pois,
batei, queimai; dou todos os membros do meu corpo, para confessar a meu Deus e
Senhor” (São Teodoro, mártir, ao Juíz ).
Em Mt 26,
48-49 diz: “O seu traidor dera-lhes um
sinal, dizendo: ‘É aquele que eu beijar; prendei-o. E logo, aproximando-se de
Jesus, disse: ‘Salve, Rabi!’ e o beijou”.
É lamentável a atitude de Judas Iscariotes, a sua
frieza e maldade são espantosas; com certeza esse infeliz que recebeu tanto de
Nosso Senhor não caiu de uma vez, mas foi escorregando aos poucos até mergulhar
desgraçadamente na traição: “Uma casa não
desaba por um movimento momentâneo. Na maioria dos casos, esse desastre é consequência
de um antigo defeito de construção. Mas, por vezes, o que motiva a penetração
da água é o prolongado desleixo dos moradores: a princípio, a água infiltra-se
gota a gota e vai insensivelmente roendo o madeiramento e apodrecendo a
armação; com o decorrer do tempo, o pequeno orifício vai ganhando proporções
cada vez maiores, ocasionando fendas e desmoronamentos consideráveis; por fim,
a chuva penetra na casa como um rio caudaloso” (Cassiano, Colações, 6).
Católico, examine diariamente a sua consciência com
o termômetro da sinceridade, para saber se você está sendo fiel a Jesus Cristo.
Muitos começam bem, mas com o passar do tempo vão se relaxando, cometendo
pequenos erros, depois cometem grandes e já não se preocupam mais em
corrigi-los, e assim, de erro em erro acabam por abandonar a Nosso Senhor: “Perseverar é responder positivamente às
pequenas e constantes chamadas que o Senhor faz ao longo de uma vida, ainda que
não faltem obstáculos e dificuldades...” (Pe. Francisco
Fernández-Carvajal).
Judas
Iscariotes é falso, mau e frio. Esse traidor saúda Jesus chamando-O de
Mestre, beija-O e depois O entrega nas mãos dos inimigos: “A turba perversa e desenfreada, que nessa fatal noite procurava a
Jesus no jardim das Oliveiras, devia naturalmente ser precedida, guiada pelo mais
perverso, pelo mais infame dos homens; e como Caim na antiga lei se tornou
detestável convidando o irmão a passeio para lhe tirar a vida, assim e muito
mais detestável se tornou Judas entregando o filho de Deus à morte com um
fingido beijo de amizade” (São Cipriano).
Não abusemos
da Bondade de Cristo Jesus, sejamos sinceros com o Senhor que nos há de julgar.
Aquele que quiser ter Jesus por amigo na hora da morte é preciso ser amigo
d’Ele aqui na terra.
É assustadora a hipocrisia de Judas Iscariotes. Ele
chamou Cristo de Mestre sendo que já tinha renunciado ser seu apóstolo. Hoje,
muitos chamam a Nosso Senhor de Mestre e dizem da boca para fora que são seus
seguidores; mas na verdade são os seus piores inimigos, esses se alimentam da
hipocrisia.
O desejo de prender a Cristo era tão grande no
coração de Judas, que o mesmo dissera aos soldados: “É aquele que eu beijar; prendei-o” (Mt 26, 48), e: “Judas deu-lhes um sinal, para que
conhecessem a pessoa do Salvador, e para que, ao fazê-lo se lançassem sobre Ele
para o prender: e isto é próprio de quem faz de capitão. O sinal que lhes deu
foi a saudação habitual que se usava entre amigos, que era o beijo na face. E
foi também um sinal próprio de um traidor, porque como homem falso e com
duplicidade, quis conseguir duas coisas ao mesmo tempo: entregar-lhes o preso e
ficar a coberto diante do Mestre, como se, ao entrar no horto e ao dar-lhe o
beijo, fosse ali como simples apóstolo sem ter nada a ver com o assunto”
(Pe. Luis de La Palma).
Santo Agostinho escreve: “Ó Judas, que infâmia! Que sacrilégio! Serviste de um sinal pacífico
para quebrantar a paz, do amor para ferir, da amizade para matar!”, e Santo
Ambrósio diz também: “Como te atreveste
imprimir teus lábios e derramar o fel da perfídia sobre aquele divino rosto,
donde brotava a graça e a vida? Quem sem pasmar poderá contemplar Jesus
abraçado com Judas, o Cordeiro com o lobo, a santidade com o crime, o amor com
o ódio, a sinceridade com a perfídia, a bondade com a ingratidão, a verdade com
a hipocrisia!”, e São Leão Magno diz ainda: “Jesus sentiu mais esta falsidade de Judas do que todos os demais
ultrages da Sagrada Paixão”.
Católico, viva sempre unido a Cristo Jesus; fuja
daquelas pessoas que zombam e criticam o Salvador. Quanto a você, peça perdão à
Luz Eterna por ter-Lhe sido infiel por tantas vezes: “Aquele que antes da culpa nos proibiu de pecar, uma vez que a
cometemos, não cessa de nos esperar para conceder-nos o perdão. Vede que nos
chama precisamente Aquele que nós desprezamos. Afastamo-nos d’Ele, mas Ele não
se afasta de nós” (São Gregório Magno, Homilia 34 sobre os Evangelhos).
Cristo
Jesus, Manso Cordeiro, não tratou Judas, traidor e hipócrita, com aspereza, mas
disse-lhe: “Amigo, para que estás aqui?”
(Mt 26, 50), e: “Judas, com um beijo
entregas o Filho do Homem?” (Lc 22, 48).
Nosso Senhor, não recusou o beijo de Judas, mas
como escreve Santa Brígida: “...se
inclinou para que Judas o pudesse beijar, mostrando que não se perturbava com a
traição, mas que se entregava voluntariamente nas mãos dos seus inimigos, e no
mesmo tempo para atrair Judas à penitência com este excesso de bondade”, e:
“Jesus deixou-se beijar por Judas. E
fê-lo, não só por mansidão, mas também para demonstrar que embora se entregasse
por vontade própria, não desprezava o sinal que o traidor tinha dado. Também
não perdeu o Senhor a ocasião de fazer bem a quem lhe fazia mal. Depois de ter [sido] beijado sinceramente [por] Judas, [Jesus] admoestou-o, não com dureza que merecia, mas com a suavidade com que
se trata um doente. Chamou-o pelo seu nome que é sinal de amizade, e fez-lhe
ver a gravidade do crime que cometia” (Pe. Luis de La Palma).
Católico, não se desespere diante de suas quedas,
mas confie em Cristo misericordioso. Por maiores que sejam os nossos pecados, o
Senhor está sempre pronto a nos perdoar: “Quantas
vezes, cristãos, te mostrastes surdo à voz de Deus? Há muito merecias que não
te chamasse mais. Deus, entretanto, não cessa de chamar-te, porque deseja que
estejas em paz com ele e assim te possas salvar...” (Santo Afonso Maria de
Ligório, Preparação para a Morte, Consideração XVI, Ponto II), e: “Jesus está sempre disposto a chamar-nos
amigos, a dar-nos as graças necessárias para continuarmos em frente, se há
sinceridade de vida e desejos de lutar. Ante o aparente fracasso de muitas das
nossas tentativas, devemos lembrar-nos de que Deus não nos pede tanto o êxito,
mas a humildade de recomeçar, sem nos deixarmos levar pelo desalento e pelo
pessimismo, pondo em prática a virtude teologal da esperança” (Pe.
Francisco Fernández-Carvajal).
Quanta ingratidão
e quanta dureza de coração! Mesmo depois de Cristo Jesus ter tratado Judas
Iscariotes com mansidão, os soldados não desistiram da ideia de prender o Amado
Senhor: “Então, avançando, deitaram a mão
em Jesus e o prenderam” (Mt 26,50).
Hoje, milhões de católicos imitam a dureza de
coração desses soldados. Recebem tudo de bom das mãos do Senhor, e vivem como
se Cristo não existisse, tratando-O com ingratidão e desprezo. Esses infelizes
que abusam da misericórdia do Doce Cordeiro, com certeza se condenarão: “O Senhor é bom, mas também é justo. Não
queiramos considerar unicamente uma das faces de Deus” (São Basílio), e: “Quem ofende a Deus, fiado na esperança de
ser perdoado, é um escarnecedor e não um penitente” (Santo Agostinho).
Em Mt 26,51-54 diz: “E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, desembainhou
a espada e, ferindo o servo do Sumo Sacerdote, decepou-lhe a orelha. Mas Jesus
lhe disse: ‘Guarda a tua espada no seu lugar, pois todos os que pegam a espada
pela espada perecerão. Ou pensas tu que eu não poderia apelar para o meu Pai,
para que ele pusesse à minha disposição, agora mesmo, mais de doze legiões de
anjos? E como se cumpririam então as Escrituras, segundo as quais isso deve
acontecer?”
Vendo tamanha algazarra e que corriam perigo, os
Apóstolos disseram a Jesus Cristo: “Senhor,
e se ferirmos à espada?” (Lc 22, 49), e um deles sem esperar a resposta do
Manso Cordeiro, tirou a espada e feriu o servo do Sumo Sacerdote: “Então, Simão Pedro, que trazia uma espada,
tirou-a, feriu o servo do Sumo Sacerdote, a quem decepou a orelha direita. O
nome do servo era Malco” (Jo 18, 10).
Mais uma vez, Pedro manifesta o seu temperamento
impetuoso e a sua lealdade a Nosso Senhor: “Com
o risco da própria vida, defende o Mestre. Pedro, porém, não tinha compreendido
ainda os planos salvíficos de Deus; continua a resistir à ideia do sacrifício
de Cristo, como já o tinha feito no momento do primeiro anúncio da Paixão
(Mt 16, 21-22). Cristo não aceitou aquela
defesa violenta. As suas palavras aludem à oração no horto (cf. Mt 26, 39),
em que tinha aceitado livremente a
Vontade do Pai, entregando-Se sem resistência para levar a cabo a Redenção pela
Cruz” (Edições Theologica).
Malco, por ser servo do Sumo Sacerdote, se sentiu
no dever de tomar à frente para encorajar os outros inimigos do Senhor: “Malco estava mais indignado que os outros
contra o Salvador, e assim entendeu que devia demonstrar diante dos outros. Por
isso, quando o Senhor se deu a conhecer, Malco, com mais atrevimento que os
outros, adiantou-se para o prender” (Pe. Luis de La Palma).
Tudo indica que Malco levava um capacete, a espada
resvalou e atingiu a orelha, cortando-a. Jesus, Manso Cordeiro, não aprovou a
atitude de Pedro, e mandou que o mesmo guardasse a espada: “Guarda a tua espada no seu lugar, pois todos os que pegam a espada
pela espada perecerão” (Mt 26, 52).
Nosso Salvador não quer que façamos o mal a
ninguém, mesmo aos inimigos que insistem em nos destruir. Ele, Humilde e Manso
Cordeiro, quer que paguemos o mal com o bem: “...amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5,
44), e: “Amai os vossos inimigos, fazei o
bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que
vos difamam” (Lc 6, 27-28).
Jesus Cristo não estava à procura de alguém para
defendê-lO, porque se o mesmo quisesse, pediria para o Pai enviar algumas
legiões de anjos que são bem mais fortes que a espada de Pedro: “Ou pensas tu que eu não poderia apelar
para o meu Pai, para que ele pusesse à minha disposição, agora mesmo, mais de
doze legiões de anjos?” (Mt 26, 53). O que estava acontecendo, foi
profetizado há muitos séculos, e convinha que acontecesse tudo isso: “E como se cumpririam então as Escrituras,
segundo as quais isso deve acontecer?” (Mt 26, 54).
Em Mt 26, 55-56 diz: “E naquela hora, disse Jesus às multidões: ‘Como a um ladrão, saístes
para prender-me com espadas e paus! Eu me sentava no Templo ensinando todos os
dias e não me prendestes’. Tudo isso, porém, aconteceu para se cumprirem os
escritos dos profetas. Então todos os discípulos, abandonando-o, fugiram”.
Judas
Iscariotes, péssimo Apóstolo e hábil traidor, que já estava com a alma
mergulhada nas trevas, quis escolher a noite para trair a Luz Eterna.
Judas, cego de ódio, escolheu entregar o Manso
Jesus longe da cidade: “Do mesmo modo que
os corvos, quando se precipita sobre uma presa, logo lhes arranca os olhos;
assim fez o demônio com Judas” (Um Santo Padre dos primeiros séculos).
O traidor, cheio de maldade, preparou uma guarda
bem armada com lanças, paus, espadas, etc. Até parece que o Bom Senhor era um
perigoso bandido e que sempre agira às escondidas: “Tudo isso, porém, aconteceu para se cumprirem os escritos dos
profetas” (Mt 26, 56).
O Senhor nunca fez ou disse nada às escondidas, mas
agiu sempre com sinceridade: “Aconteceu
que ao terminar Jesus essas palavras, as multidões ficaram extasiadas com o seu
ensinamento, porque as ensinava com autoridade e não como os seus escribas”
(Mt 7, 28-29), e: “Falei abertamente ao
mundo...” (Jo 18, 20).
Imitemos o exemplo do Deus Verdadeiro, que no nosso
comportamento não tenha a mínima duplicidade e inverdade, mesmo que tenhamos
que passar por perseguições e humilhações: “Bem-aventurados
sois, se sofreis injúrias por causa de Cristo...” (1 Pd 4, 14).
Depois que
Cristo fora preso, os Apóstolos, envergonhados e assustados, esquecendo do que
dissera ao Senhor depois da ceia, O abandonaram: “Então todos os discípulos, abandonando-o, fugiram” (Mt 26, 56).
Não nos acovardemos a exemplo dos Apóstolos, jamais
abandonemos Aquele Senhor que nos ama e que cuida de nós.
Sabemos que para seguir a Cristo é preciso
renunciar as coisas da terra e carregar a cruz todos os dias: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si
mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16, 24). Aquele que abraça a cruz por
amor, salva-se, aquela que resmunga sob o seu peso, perde-se: “É preciso sofrer e todos têm de sofrer;
seja justo ou pecador, cada um deve carregar sua cruz” (Santo Afonso Maria
de Ligório, A Prática do Amor a Jesus Cristo, capítulo V).
Aquele que foge da cruz encontrará uma bem mais
pesada, e a cruz que arrastamos torna-se mais pesada do que aquela que
carregamos por amor a Nosso Senhor: “O
sinal mais certo para saber se uma pessoa ama a Jesus Cristo é, não tanto o
sofrer, mas o querer sofrer por amor dele” (Santo Afonso Maria de Ligório,
A Prática do Amor a Jesus Cristo, capítulo V).
Oração
Doce Senhor,
que deixaste Judas beijar a Sua Sagrada Face com aqueles lábios de hipocrisia;
ajude-nos a amá-lO e servi-lO com um coração sincero e puro. Ó Cristo Amigo,
quão grande é vossa mansidão e bondade em deixar ser preso por criaturas tão
desprezíveis. Deixai então Senhor que O prendamos em nosso pobre coração para
que jamais sai dele. Tu, Manso Cordeiro, deixaste que homens vis amarrassem as
Suas Santas Mãos; dai-nos a graça de permanecermos sempre unidos a Ti, porque
longe do Seu Amável Coração não encontraremos a verdadeira felicidade.
Jesus Amado,
coloque em nosso coração a fortaleza, para que jamais nos afastemos de Ti. Ó
Senhor, Tu és a fonte da verdadeira alegria e da mais pura paz! Se fugirmos de
Ti, onde encontraremos segurança? Ajude-nos Cristo Jesus a segui-lO através do
caminho apertado, porque esse é o caminho seguro para o céu.
Pe. Divino
Antônio Lopes FP.
Anápolis, 10 de março de 2007
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Filhos da
Paixão
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