Massivas,
históricas e decididas manifestações pró-família tomaram conta
das ruas da Itália ao longo de 2015 e 2016 em reação aos
avanços da chamada ideologia de gênero nas escolas do país.
Como acontece
frequentemente no universo paralelo da política, porém, o clamor das ruas foi
solenemente ignorado e desprezado pelo senado da Itália, que,
pressionado por lobbies, decidiu equiparar as uniões civis homossexuais ao
matrimônio natural entre um homem e uma mulher que, indissoluvelmente e por
amor, se comprometem entre si e com a abertura de si mesmos à concepção e à
criação dos próprios filhos.
Imediatamente
após este passo, os lobbies ideológicos já avançaram para as
suas próximas metas: legalizar a adoção de crianças por qualquer um dos assim
chamados “arranjos familiares”, incluindo pessoas solteiras e parceiros do
mesmo sexo; agilizar mais ainda o divórcio, tornando o compromisso matrimonial
cada vez mais superficial e inconsequente; e levar adiante nada menos que
quatro projetos de lei para liberalizar a eutanásia.
O
clamoroso desprezo político pela vontade popular, no entanto, levou a uma
reação católica.
Gianfranco
Amato, presidente dos Juristas pela Vida e um dos organizadores das
manifestações pró-família no país, e Mario Adinolfi, redator-chefe do jornal
católico “La Croce” (“A Cruz”), anunciaram o nascimento do partido político “Povo
da Família” – em italiano, “Popolo della Famiglia” (a
pronúncia é “Pópolo de la Familha”).
Adinolfi é
explícito: “A Itália precisa dos católicos”.
Ele diz que o
Popolo della Famiglia, porém, vai além dos limites confessionais e pretende “oferecer
representação a todos aqueles que são constantemente traídos no parlamento
pelo voto de ‘representantes’ que ignoram as exigências concretas manifestadas
com clareza pela população”. E exemplifica, entre essas manifestações, o
protesto massivo de 30 de janeiro de 2016, em Roma, contra a equiparação entre
as uniões civis e o matrimônio natural. Adinolfi ainda aproveita para desmascarar
hipocrisias: “Alguns [dos políticos que depois votaram a favor dessa
equiparação] tinham até estado presentes na manifestação…”.
O comunicado de
lançamento do Popolo della Famiglia faz aberta referência à “ajuda de
Deus e ao olhar benevolente de Nossa Senhora”. Adinolfi reafirma que o
partido não quer esconder a sua “clara inspiração” nem a sua evidente “raiz
cultural” católica. E destaca, diante de uma sociedade laicista e intolerante,
disfarçada justamente de “tolerante”:
“Nós não temos
vergonha de pedir a ajuda de Deus. Eu espero que isto não escandalize as
pessoas!”.
A propósito de
“tolerância”, Mario Adinolfi avisou que “cada insulto aumenta dez vezes as
nossas energias” e relatou:
“Pessoalmente,
eu recebo milhares [de insultos] por dia, já que decidi me expor nas redes
sociais sem filtros e aceitando toda crítica e ataque. E vieram ataques
pesadíssimos, inclusive contra a minha família, contra a minha filhinha que só
tem cinco anos!”.
Por outro lado,
quando o Popolo della Famiglia tornou público e oficial o seu compromisso
político, “as ofensas recebidas foram até menores”, conta ele. “Já os
incentivos vieram de milhares de pessoas, que já se disseram decididas
a colaborar”.
Trata-se,
afinal, de algo raro, talvez inexistente, no cenário político atual: um partido
com uma proposta católica explícita. Adinolfi confirma: o fato
é “único na paisagem política dos partidos de hoje, todos sem entusiasmo. Nós
despertamos muitíssimo entusiasmo em poucas horas (…) Eu acredito que [nas
eleições de junho na Itália] nós vamos sorrir por ter dado esperança e futuro a
um povo que não tem nenhuma vontade de se resignar”.
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Aleteia
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