O Secretário de
Estado dos Estados Unidos, John Kerry, reconheceu como “genocídio” os crimes do
Estado Islâmico contra os cristãos e outras minorias religiosas no Oriente
Médio e demais regiões que estão sob seu poder.
Em uma
declaração realizada ontem, Kerry assinalou: “Em meu julgamento, Daesh (Estado
Islâmico) é responsável por genocídio contra grupos em áreas sob seu controle,
incluindo yazidis, cristãos e muçulmanos xiitas”.
“Daesh é
genocida por autoproclamação, por ideologia e por atos, no que diz, no que
acredita e faz. Daesh também é responsável por crimes contra a humanidade e
limpeza étnica dirigida a estes mesmos grupos e, em alguns casos, também contra
muçulmanos sunitas, curdos e outras minorias”, assinalou.
A declaração foi
dada no último dia do prazo considerado pelo próprio Departamento de Estado dos
Estados Unidos – liderado por Kerry – para publicar uma consideração deste
tipo.
No dia 14 de
março, a Câmara de Representantes dos Estados Unidos votou de forma unânime a
favor de declarar como “genocídio” os ataques terroristas do Estado Islâmico.
Os Cavaleiros de Colombo, a maior organização fraterna católica do mundo, e o
grupo ‘Em Defesa dos Cristãos’ apresentaram em 22 de fevereiro um abaixo
assinado dirigido ao Departamento de Estado, a fim de que a violência do ISIS
(como também é conhecido o Estado Islâmico) seja qualificada como genocídio.
O documento, que
recolheu mais de 64 mil assinaturas em menos de um mês, foi assinado, entre
outros, pelo Cardeal Timothy Dolan, Arcebispo de Nova Iorque e chefe da
Associação de Católicos próximos ao Oriente; pelo Arcebispo Joseph Kurtz,
presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unido; Mark Burnett, presidente
da famosa produtora Metro Golden Mayer (MGM), e pela atriz irlandesa Roma
Downey, que trabalhou na série de televisão Touched by an Angel.
Ambas as
organizações remeteram também ao Departamento de Estado um relatório de 300
páginas, no qual detalham as atrocidades cometidas contra os cristãos no Iraque
e na Síria.
Em seu discurso
de ontem, Kerry reconheceu: “Sabemos que em Mossul, Qaraqosh e em outras
partes, o Daesh matou os cristãos somente por razão de sua fé; assassinou 49
cristãos coptos e etíopes na Líbia; e também obrigou as mulheres e crianças
cristãs a converter-se em escravas sexuais”.
O Secretário de
Estado explicou que o Estado Islâmico, animado “por uma ideologia extremista e
intolerante” considera os yazidis – uma minoria pré-islâmica – “pagãos” e
“adoradores do demônio” e “ameaçou os cristãos dizendo: ‘conquistaremos sua
Roma, quebraremos suas cruzes e escravizaremos as suas mulheres’”.
No início do mês
de fevereiro deste ano, o Parlamento Europeu qualificou de genocídio os crimes
do Estado Islâmico contra cristãos e outras minorias religiosas no Iraque e na
Síria.
“Os muçulmanos
xiitas, enquanto isso, são designados pelo Daesh como ‘infiéis e apóstatas’ e
são vítimas de ataques frequentes e violentos”, disse Kerry.
“O objetivo
fundamental do genocídio é pretender destruir totalmente ou parte de um grupo
étnico ou religioso. Sabemos que Daesh obriga que suas vítimas escolham entre
abandonar sua fé ou ser assassinados e isso é para muitos uma eleição entre um
tipo de morte ou outra”, acrescentou.
Kerry destacou
que a visão do mundo do Estado Islâmico “está apoiada em eliminar aqueles que
não se aderem a sua perversa ideologia”.
“Espero que
minha declaração assegure às vítimas das atrocidades do Daesh que os Estados
Unidos reconhecem e confirmam a desprezível natureza dos crimes que cometeram
contra eles”, indicou.
O Secretário de
Estado dos Estados Unidos reconheceu que embora “nomear estes crimes seja
importante”, o essencial “é detê-los”.
“Para isto será
necessária a unidade neste país e com os países diretamente envolvidos e a
determinação para atuar contra o genocídio, contra a limpeza étnica, contra os
outros crimes contra a humanidade deve ser forte entre as pessoas decentes no
mundo inteiro”, concluiu.
Agradecimentos
Os Cavaleiros de
Colombo, maior organização leiga do mundo, manifestaram seu agradecimento ao
governo dos Estados Unidos por ter reconhecido o genocídio de cristãos cometido
pelo grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS, na sigla em inglês), no Oriente
Médio.
O Secretário de
Estado dos Estados Unidos, John Kerry, assinalou na quinta-feira, 17, que o
Estado Islâmico (Daesh, em árabe) “é responsável por genocídio contra grupos em
áreas sob seu controle, incluindo yazidis, cristãos e muçulmanos xiitas”.
“Daesh também é
responsável por crimes contra a humanidade e limpeza étnica dirigida a estes
mesmos grupos e, em alguns casos, também contra muçulmanos sunitas, curdos e
outras minorias”, disse Kerry.
Em um comunicado
difundido após a mensagem de Kerry, o diretor geral dos Cavaleiros de Colombo,
Carl Anderson, qualificou o anúncio do Secretário de Estado como “correto e
verdadeiramente histórico”.
“Muito poucas
vezes na nossa história, Estados Unidos designou uma situação como genocídio, e
o Departamento de Estado deve ser elogiado por haver tido a valentia de
dizê-lo”, assinalou Anderson.
Esta declaração,
precisou, é somada às vozes da Câmara de Representantes do Congresso dos
Estados Unidos, do povo americano e da comunidade internacional para exigir que
a violência do Estado Islâmico contra as minorias religiosas “deve acabar”.
Anderson destacou que “os Estados Unidos e o mundo estão unidos nisto e
simplesmente não olharão para outro lado”.
“Os Cavaleiros
de Colombo têm o prazer de haver trabalhado com o Departamento de Estado, ao
proporcionar-lhe um relatório com aproximadamente 300 páginas de provas
convincentes de que estava ocorrendo um genocídio contra cristãos, assim como
outras minorias religiosas”, assinalou.
Em seguida, o
diretor executivo dos Cavaleiros de Colombo sublinhou que depois da declaração
do governo americano, o país “deve continuar focado naqueles que estão sendo
assassinados neste genocídio”.
Os Estados
Unidos junto à comunidade internacional “devem assegurar-se de que esta matança
termine e que estas pessoas inocentes estejam protegidas”, demandou.
“Ainda há muito
trabalho a fazer, mas isto representa um passo importante”, destacou.
Por sua parte, o
diretor executivo de Alliance Defending Freedom (ADF) International, Douglas
Napier, indicou que Kerry, ao usar a palavra genocídio, “reconheceu um nome
apropriado para as ações do ISIS contra os cristãos e outras minorias
religiosas”.
“Este
reconhecimento é um primeiro passo no processo necessário para que os Estados
Unidos, as Nações Unidas e a comunidade internacional detenham a matança no
Oriente Médio”, disse.
A ADF
International esteve muito comprometida a fim de fornecer evidência e análise
legal, tanto ao Departamento de Estado e ao Congresso dos Estados Unidos, como
ao Parlamento Europeu, as Nações Unidas e outros organismos internacionais.
O papel
das Nações Unidas
Napier destacou
que os Estados Unidos têm “um papel determinante” no Conselho de Segurança das
Nações Unidas, para “apoiar um recurso à Corte Criminal Internacional a fim de
condenar e perseguir os acusados de cometer” os crimes no Oriente Médio.
“A partir do
momento que foi reconhecido o genocídio, os 147 países que fazem parte da
Convenção de Genocídio das Nações Unidas, inclusive os Estados Unidos, têm a
obrigação de fazer tudo o que puderem para acabar com a matança de pessoas
inocentes”, explicou.
De acordo com as
cifras da ADF, o número de cristãos na Síria foi reduzido de 2 milhões a menos
de um milhão, desde que o Estado Islâmico desatou a onda de violência. No
Iraque, os cristãos diminuíram de 1,4 milhões a 260 mil.
As atrocidades
cometidas pelo ISIS, explica o organismo internacional, são “assassinato de
líderes religiosos, tortura, matanças, sequestros, escravidão sexual e violação
sistemática de crianças, mulheres cristãs e yazidis; e a destruição de igrejas,
monastérios e cemitérios”.
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ACI Digital
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