É frequente a
acusação, no âmbito da religião, de que as imagens configurem “idolatria”. No
entanto, na própria Bíblia encontramos exemplos de imagens que nada têm a ver
com ídolos.
Querubins
sobre a Arca da Aliança (cf. Êxodo 25, 18):
– À esquerda, as
imagens dos Querubins sobre a Arca da Aliança, conforme Êxodo 25,18.
– Diante da Arca
com as imagens, o Santo Rei Davi se rejubila e salmodia (2 Sm 6, 5-6)
– Era do meio
dessas imagens que Deus falava a Moisés (Ex 25,22).
Jesus
Crucificado:
– À direita,
Jesus suspenso em sua Cruz dando cumprimento a mais uma “figura bíblica” que
lhe diz respeito: a da imagem da serpente de bronze do deserto (Num 21, 8; Jo
3, 14)
Daí a afirmação
de São Paulo: “Cumpre que nos gloriemos na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo”
(Gl 6, 14).
A Bíblia
manda fazer imagens
1 – Que são
imagens? São, em geral, representações esculturais de pessoas de qualquer
natureza, ou de conceitos morais. Por exemplo, as imagens dos Querubins, de
Moisés, da Liberdade etc.
2 – E as imagens
sagradas, o que são? São representações de Santos, de Anjos, da Virgem Maria,
de Jesus etc.
3 – Quem mandou
fazer imagens? Foi o próprio Deus, conforme a Bíblia nos ensina. Deus mandou
fazer imagens de querubins (anjos) para a Arca da Aliança (Ex 25,18). A Arca da
Aliança com os querubins ficava no lugar mais sagrado do Templo, o “Santo dos
Santos”, que, uma vez por ano o pontífice aspergia com o sangue das vítimas
imoladas a Deus (Hb 9,1 a 7). Também Salomão encheu de imagens o Templo (1 Reis
6, 23 a 29), e Deus aprovou (1 Reis 8,6 a 11).
4 – Para que
servem as imagens? Para lembrar os Anjos, os Santos e o próprio Deus. É o que
também ensina a Bíblia. No Livro dos Números, 21, 8, Deus mandou Moisés fazer e
levantar num poste de madeira uma serpente de bronze e disse que quem a fitasse
ficaria curado das mordeduras das serpentes. E Jesus se referiu a esse fato
como sendo uma “figura” da sua crucificação (Jo 3,14). Os falsos crentes, no
entanto, detestam a Cruz, assim como Satã também a detesta. Escutemos a Bíblia:
“Nós, porém, pregamos a Cristo crucificado” (1 Cor 1,23).
5 – Então era a
serpente que curava? Não. Era Deus. Mas a imagem da serpente serviu para
lembrar a ofensa feita a Deus; serviu, em suma, para lembrar a Deus.
6 – E a imagem
de Cristo na Cruz? Ela lembra muitíssimo mais: lembra o pecado, a Redenção pela
Cruz, o amor de Cristo por nós. Este é o papal das imagens: ajudar-nos a pensar
em Deus, a ir a Deus.
7 – Para que
mais servem as imagens? Elas contribuem para dar aos lugares de culto um
aspecto sagrado e convidam ao recolhimento e à oração (Ex 25,22; 1 Reis 6,23 a
28). Por isso, os querubins da Arca da Aliança não eram simples adornos: eles
lembravam ainda a mediação secundária dos Anjos (Hb 1,14) e integravam os
objetos do culto. Além desses casos, a Bíblia está cheia de “imagens” e
“quadros” que o Artista Divino “pintou” com letras divinas. Esses quadros
inspiraram os artistas humanos em seus lindos painéis, esculturas e imagens.
Ainda a respeito da serpente de bronze: para que ela continue a ser símbolo da Paixão
de Cristo, não importa o fato de o rei Ezequias tê-la destruído cerca de cinco
séculos depois (2 Reis 18,4). O ato de Moisés, levantando-a em um poste por
ordem de Deus, foi aprovado por Jesus dois mil anos depois. Ela conserva todo o
seu valor simbólico, apesar de ter sido destruída.
8 – Nós,
católicos, adoramos as imagens? Não. Quem o afirma não entende o catolicismo,
ou mente e age contra a Bíblia.
9 – Nós
veneramos as imagens. Mas por quê? Porque elas são representações de pessoas
santas e amigas de Deus, ou do próprio Deus. E porque inspiram amor às virtudes
e levam à imitação das pessoas santas que representam. Por isso, as imagens
sagradas são muito úteis. Nada há de idolatria nisto. É semelhante a essa,
também, a razão pela qual respeitamos e veneramos a bandeira nacional: ela
simboliza a pátria e inspira o patriotismo.
10 – O que,
então, a Bíblia condena? A Bíblia condena os falsos deuses e seus ídolos, como
os “deuses mudos” (Sl 134, 15 a 17) e as “imagens e esculturas de coisas do
céu, da terra e das águas” (Ex 20, 3-5). Trata-se dos ídolos que os pagãos
faziam para representar os seus falsos deuses (Rm 1,23). De fato, os gentios
antigos adoravam como “deuses do céu” certos astros (Júpiter, Vênus etc.); “da
terra”, certas aves e quadrúpedes; “das águas”, certos anfíbios e répteis (Ex
32, 1-6; Rom. 1,23). Para os egípcios, por exemplo, o crocodilo era um animal
sagrado. Quem confunde as abominações dos gentios com as sagradas imagens
injuria a Bíblia e a torna contraditória, afirmando uma coisa em um lugar e
negando essa mesma coisa em outro.
11 – Quem é
contra as imagens que a Santa Igreja venera não é só contra a Bíblia. É também
contra o bom senso. Não podemos sequer pensar sem formar imagens em nossa
mente. O uso de imagens é conatural à nossa forma de entender a existência e de
comunicá-la; é um modo natural de aquecermos o coração preservando a imagem
daqueles a quem amamos, como fazemos com os retratos dos pais, filhos,
familiares e amigos.
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