Caros irmãos e irmãs, o Evangelho deste domingo nos
apresenta Jesus recolhido em oração. Ele tinha o costume de passar noites
e noites em oração; horas e horas em intimidade com o Senhor. Em todos os
momentos da vida Jesus estava rezando. Ele fazia da sua vida uma oração e da oração
a sua vida. Este exemplo de Cristo despertou em um dos seus discípulos o
desejo de aprender a rezar como ele, por isto lhe disse: “Senhor, ensina-nos a
orar” (Lc 11,1), e Jesus respondeu: “Quando orardes, dizei: Pai Nosso…”.
E ensinou a eles a oração do Pai Nosso (cf. Lc 11, 2-4).
A
Oração do Pai nosso é a mais bela de todas as orações, sendo rezada milhões de
vezes por dia pelos cristãos, em toda a terra, às vezes até de maneira muito
espontânea, em certos momentos de dor ou de alegria coletiva. É também o
mais profundo itinerário daquilo que significa a oração, pois nos faz começar
invocando Deus como nosso Pai. É a intimidade que deve existir entre filho e
Pai; e entre Pai e filho. Deus é Pai de todos nós, por isto a oração está
no plural, para indicar que toda oração deve ser para todos.
Uma das
maiores graças que recebemos pelo sacramento do batismo, está no fato de
podermos tratar Deus como Pai. Quando chamamos a Deus de “nosso Pai”,
precisamos lembrar de que devemos ter um comportamento de filhos de Deus.
Podemos invocar a Deus como “Pai” porque, pelo batismo, somos incorporados e
adotados como filhos de Deus. Jesus nos ensina a chamar Deus de Pai e a
recorrer a Ele como filhos. Em Deus vemos um pai cheio de bondade e amor.
Na
oração do Pai Nosso, pedimos inicialmente que o nome de Deus seja santificado e
que seu reino venha até nós. Começamos pedindo aquilo que deve estar
acima de tudo, dominando nossos afetos e aspirações. Pedimos que o nome
de Deus seja conhecido, honrado e amado por todos. Desejamos que o nome
de Deus seja conhecido como santo e seja glorificado. E pedimos que
o nome de Deus seja santificado pelas nossas alegrias, nossos sofrimentos,
nosso trabalho, nossas orações e por toda a nossa vida.
A
oração tem início com um louvor a Deus. O objetivo da oração é elevar
nosso pensamento para o alto, e de desprender-nos da materialidade das coisas
do tempo, que muitas vezes podem nos impedir de rezar bem. Após esta
inovação a Deus como Pai, seguem os pedidos. Os sete pedidos da Oração do
Pai Nosso, normalmente são divididos em duas partes, na primeira parte pedimos
pelo que é eterno e na segunda, pelo que é transitório.
O
número sete na Sagrada Escritura significa a plenitude, plenitude de tudo
aquilo que o homem precisa. Então, esta oração é fundamental para o cristão,
pois contém aquilo que precisamos para nossa vida, para a experiência da nossa
fé em Deus e os pedidos em nosso benefício: o pão de cada dia, o perdão dos
nossos pecados, a libertação das tentações e de todo o mal.
Pedimos
que Deus perdoe as nossas ofensas, porque também nós perdoamos uns aos
outros. E o ideal do perdão nos é apresentado por Jesus: “Vai primeiro
reconciliar-te com teu irmão” (Mt 5,24). E agora Jesus nos manda dizer que
queremos ser perdoados, pois nós também perdoamos. A nossa sorte está em
nossas mãos: como perdoamos, assim também nos será perdoado. A oração do Pai
Nosso nos ensina a dizer: “Assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido”. Este “como” indica que o perdão que podemos receber de
Deus está condicionado ao perdão que também nós devemos oferecer ao irmão que
errou contra nós. O próprio Cristo também nos exorta: “Dou-vos um
mandamento novo: que vos ameis uns aos outros ‘como’ eu vos amei” (Lc 13,34).
É a unidade do perdão mútuo que torna possível a reconciliação, tendo
como exemplo o próprio Cristo, que na cruz perdoou os seus adversários (cf. Lc
26,34).
Assim
adquirem vida as palavras do Senhor sobre o perdão, esse amor que ama até o
extremo do amor. A oração cristã chega até o perdão dos inimigos. O
perdão é um ponto alto da oração cristã; o dom da oração não pode ser recebido
a não ser num coração em consonância com a compaixão divina. O perdão dá também
testemunho de que, em nosso mundo, o amor é mais forte que o pecado. O perdão é
a condição fundamental da reconciliação dos filhos de Deus com seu Pai e dos
homens entre si (cf. CIgC 2844).
Na
parte final da oração, pedimos ao Senhor: “Não nos deixeis cair em tentação”.
É um pedido que atinge a raiz do nosso pecado, que é fruto do consentimento na
tentação. Pedimos ao nosso Pai que não nos “deixe cair” nas ciladas do inimigo
tentador. Nós pedimos que o Senhor não nos deixe enveredar pelos caminhos que
conduzem ao pecado. Este pedido implora o Espírito de discernimento e de
fortaleza, para que possamos vencer a tentação.
Este
“não cair em tentação” envolve uma decisão do coração. É a luta contra o mal e
neste combate não conseguimos a vitória, a não ser através da oração. Foi pela
força da oração que Jesus venceu o tentador no deserto, o que sequenciou até o
último combate de sua agonia. Também somos chamados a seguir este exemplo
de Cristo, para isto necessitamos estar sempre em vigilância. Esta vigilância
consiste em “guardar o coração”, e Jesus pede ao Pai que “nos guarde em seu
nome” (cf. CIgC, n. 2863).
Isto
nos faz lembrar uma significativa oração pronunciada pelo sacerdote no decorrer
da Santa Missa, logo após a oração do Pai Nosso: “Livrai-nos de todos os males,
ó Pai, e dai-nos hoje a vossa paz. Ajudados por vossa misericórdia, sejamos
sempre livres do pecado e protegidos de todos os perigos, enquanto, vivendo a
esperança, aguardamos a vinda do Cristo Salvador”. Com isto temos o
último pedido: “Mas livrai-nos do mal”. O cristão pede a Deus, com a Igreja,
que manifeste a vitória sobre tudo aquilo que nos impede de viver dignamente a
nossa união com Ele.
Com
isto, podemos observar que a oração do Pai Nosso acolhe e expressa também as
necessidades humanas, materiais e espirituais. E precisamente por causa das
necessidades e das dificuldades de cada dia, Jesus exorta com vigor: “Portanto,
eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será
aberto” (Lc 11,9-10). Não é um pedir para satisfazer as próprias vontades, mas
para manter viva a amizade com Deus.
Para
demonstrar a eficácia da oração perseverante é que Jesus nos apresenta também,
no final do Evangelho, uma pequena parábola, para nos ensinar que uma oração
bem feita sempre será ouvida. Nesta parábola Jesus nos fala em pedra e
pão, peixe, serpente, ovo e escorpião. Quer Ele nos ensinar que, se o que
pedimos é bom, é útil à nossa salvação, se pedimos com fé e perseverança, Deus
nos concederá.
Com
isto Jesus nos ensina duas importantes lições, que devem dominar nossas
orações: a perseverança e a confiança. De noite, não é fácil atender ao
amigo inoportuno. No entanto, o pedido perseverante e confiante consegue
tudo. Jesus também quer nos ensinar que, mesmo depois de “fechada a
porta”, a oração será atendida, pois sua eficácia é importante.
A
oração do Pai Nosso é realmente um compêndio de todo o Evangelho. É a
mais perfeita das orações. Nela, não só pedimos tudo quanto podemos desejar
corretamente, mas ainda, segundo a ordem em que convém desejá-lo. De modo que
esta oração não só nos ensina a pedir, mas ordena também todos os nossos afetos
(cf. CIgC 2763).
Peçamos
também nós ao Senhor com a mesma consciência do discípulo do Evangelho:
“Mestre, ensina-nos a rezar”, para que, através da oração, possa ser cumprida a
vontade de Deus em cada um de nós. Assim seja.
Comentário dos textos bíblicos
LEITURAS: Gn 18,20-32;
Sl 137; Cl 2,12-14; Lc 11,1-13
A oração constitui um dos elementos
essenciais da vida cristã e do seguimento de Cristo.
Na primeira leitura (Gn 18, 20-32) aparece a comovente e
atrevida oração de Abraão, em favor das cidades pecadoras, expressão magnífica
da sua confiança em Deus e da sua solicitude pela salvação dos outros. Deus
revelou-lhe o Seu desígnio de destruir as cidades de Sodoma e Gomorra,
pervertidas ao máximo, e o patriarca procura deter o castigo, em atenção aos
justos que, possivelmente, poderia haver entre os pecadores.
O Evangelho (Lc 11, 1-13) apresenta-nos Jesus recolhido em
oração, um pouco retirado dos seus discípulos. Quando terminou, um deles
disse-Lhe: “Senhor, ensina-os a orar” ( Lc 11, 1 ). Jesus não fez objeções, não
falou de fórmulas estranhas nem esotéricas, mas com muita simplicidade disse:
“Quando orardes, dizei: Pai,” e ensinou-lhes o Pai Nosso (Lc 11, 2 – 4 ),
tirando-a da sua própria oração, com a qual se dirigia a Deus, seu Pai. Estamos
diante das primeiras palavras da Sagrada Escritura que aprendemos desde
crianças. Elas imprimem-se na memória, plasmando a nossa vida, acompanham-nos
até ao último suspiro. Elas revelam que “não somos já de modo completo filhos
de Deus, que no-lo devemos tornar e sê-lo cada vez mais mediante a nossa
comunhão sempre mais profunda com Jesus. Ser filho torna-se o equivalente a
seguir Cristo” ( Bento XVl, Jesus de Nazaré).
Esta oração acolhe e expressa também as necessidades
humanas materiais e espirituais: “Dai-nos em cada dia o pão da nossa
subsistência; perdoai-nos os nossos pecados” ( Lc 11, 3 – 4 ). E precisamente
por causa das necessidades e das dificuldades de cada dia, Jesus exorta com
vigor: “Digo-vos, pois: Pedi e vos será dado; quem procura, encontra e ao que
bate, vos será aberto” ( Lc 11, 9 – 10 ). Não é um pedir para satisfazer as
próprias vontades, quanto ao contrário, para manter viva a amizade com Deus, o
qual – diz sempre o Evangelho – “dará o Espírito Santo àqueles que O pedirem” (
Lc 11, 13 ). Experimentaram-no os antigos “Padres do deserto” e os
contemplativos de todos os tempos, que se tornaram, pela oração, amigos de
Deus, como Abraão, que implorou o Senhor para que poupasse os poucos justos do
extermínio da cidade de Sodoma ( Gn 18, 23 – 32 ). Santa Teresa de Ávila,
convidava as irmãs de hábito, dizendo: “ devemos suplicar a Deus para que nos
liberte, definitivamente, de qualquer perigo e nos preserve de todo o mal. E
por mais imperfeito que seja o nosso desejo, esforcemo-nos por insistir com
este pedido. O que nos custa pedir muito, visto que nos dirigimos ao
Onipotente?” ( Obras Completas ). Todas as vezes que recitamos o Pai Nosso, a
nossa voz entrelaça-se com a da Igreja, porque quem reza nunca está sozinho.
Cada fiel deverá procurar e poderá encontrar na verdade e na riqueza da oração
cristã, ensinada pela Igreja, o próprio caminho, o seu modo de oração…,
portanto, deixar-se-á conduzir… pelo Espírito Santo, o qual guia, através de
Cristo, para o Pai” ( Congregação para a Doutrina da Fé, Alguns aspectos sobre
a meditação cristã ).
O cristão, autorizado por Jesus, chama a Deus de Pai, nome
que dá à oração uma atitude filial, que pode derramar o seu coração no coração
de Deus, apresentando-Lhe as suas necessidades, de maneira simples e
espontânea, como indica o Pai-nosso.
Com a parábola do amigo importuno, Jesus ensina a orar com
perseverança e insistência, como fez Abraão, sem temer a ser indiscreto: “Pedi,
procurai, batei”. Não há horas inconvenientes para Deus. Nunca se aborrece da
oração humilde e confiada dos Seus filhos, mas antes se compraz com ela: “Todo
aquele que pede recebe; quem procura encontra; e ao que bate abrir-se-á” (Lc
11, 10). E, mesmo que o homem nem sempre obtenha aquilo que pede, é certo que a
sua oração não é em vão, pois o Pai celeste responde sempre com o Seu amor e a
seu favor, embora de uma maneira oculta e diferente da que o homem espera. O
mais importante não é obter isto ou aquilo, mas sim, que nunca lhe falte a
graça de ser cada dia fiel a Deus. Esta graça está garantida ao que ora sem
cessar: “Se vós que sois maus sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto
mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que O pedirem” (Lc 11, 13). No dom
do Espírito Santo, estão incluídos todos os bens que Deus quer conceder aos
Seus filhos.
Jesus retirava-se para rezar, com frequência! E um dia, ao
terminar a sua oração, disse-lhe um de seus discípulos: “Senhor, ensina-nos a
orar… É o que nós temos de pedir também: Jesus, ensina-me de que modo
relacionar-me contigo, diz-me como e que coisas devo pedir-te…Pois, se Jesus
foi um homem orante, também os cristãos são chamados a serem homens e mulheres
orantes. Para que possam transformar toda a sua vida numa comunhão profunda com
Deus, importa dedicar espaços de tempo explicitamente ao exercício da oração.
Sem dúvida a oração constitui uma profunda experiência pascal. Daí cuidarmos da
vida de oração, pois a oração é o grande recurso que nos resta para sair do
pecado, perseverar na graça, mover o coração de Deus e atrair sobre nós toda a
sorte de bênçãos do céu, quer para a alma, quer pelo que respeita às nossas
necessidades temporais.
Aos jovens, ensinava São João Paulo II: “É preciso
reconhecer humilde e realmente que somos pobres criaturas com idéias confusas,
frágeis e débeis, com necessidade contínua de força interior e de consolação. A
oração dá força para os grandes ideais, para manter a fé, a caridade, a pureza,
a generosidade; a oração dá ânimo para sair da indiferença e da culpa, se por
desgraça se cedeu à tentação e à debilidade; a oração dá luz para ver e julgar
os acontecimentos da própria vida e da própria história na perspectiva
salvífica de Deus e da eternidade. Por isto, não deixeis de orar! Não passe um
dia sem que tenhais orado um pouco! A oração é um dever, mas também é uma
grande alegria, porque é um diálogo com Deus por meio de Jesus Cristo! Cada
domingo a Santa Missa e, se vos é possível, alguma vez também durante a semana;
cada dia as orações da manhã e da noite e nos momentos mais oportunos!”
O que devemos pedir e desejar é que se cumpra a vontade de
Deus: Faça-se a tua vontade assim na terra como no céu. E este é sempre o meio
de acertar, o melhor caminho que podíamos ter sonhado, pois é o que foi
preparado pelo nosso Pai do Céu. “Diz-Lhe: – Senhor, nada quero fora do que Tu
quiseres. Não me dês nem mesmo aquilo que te venho pedindo nestes dias, se me
afasta um milímetro da tua vontade (S. Josemaria Escrivá, Josemaria Escrivá,
Forja, 512).
“Orai sem cessar”, diz-nos S. Paulo. “Não sabes orar? –
Põe-te na presença de Deus, e logo que começares a dizer: “Senhor, não sei
fazer oração!…,” podes ter certeza de que começaste a fazê-la” (Caminho, 90).
Continua S. Josemaria no nº. 101 de Caminho: “Persevera na oração. – Persevera,
ainda que o teu esforço pareça estéril. – A oração é sempre fecunda.”
A Virgem Maria nos ajude a redescobrir a beleza e a
profundidade da oração cristã.
PARA REFLETIR
Basta recordar a primeira leitura e o
evangelho para ver claramente que a Palavra de Deus deste domingo fala da
oração. Abraão reza, intercedendo por Sodoma e Gomorra; Cristo ensina seus
discípulos a rezar. Portanto, a oração.
É impressionante não somente o fato de Jesus nos ter
mandado rezar, nos ter ensinado a rezar, mas sobretudo, o fato de ele mesmo ter
rezado com muitíssima freqüência. Basta recordar o início do evangelho de hoje: “Jesus estava rezando num certo
lugar”. Nós sabemos que ele passava noites inteiras em oração, que
rezava antes dos grandes momentos de sua vida, que morreu rezando.
Afinal, por que rezar? Para nos abrir para Deus, para nos
fazer tomar consciência dele com todo o nosso ser, para que percebamos com cada
fibra do nosso ser, do nosso consciente e do nosso inconsciente que não nos
bastamos a nós mesmos, mas somos seres chamados a viver a vida em comunhão com
o Infinito, em relação com o Senhor. Sem a oração, perderíamos nossa referência
viva a Deus, cairíamos na ilusão que somos o centro da nossa vida e
reduziríamos o Senhor Deus a uma simples idéia abstrata, distante e sem força.
Todo aquele que não reza, seja leigo, seja religioso, seja padre, perde Deus,
perde a relação viva com ele. Pode até falar dele, mas fala como quem fala de
uma idéia, de uma teoria e não de alguém vivo e próximo, que enche a vida de
alegria, ternura, paz e amor. Sem a oração, Deus morre em nós. Sem a oração é
impossível uma experiência verdadeira e profunda de Deus e, portanto, é
impossível ser cristão. Por tudo isso, a oração tem que ser diária,
perseverante e fiel.
Assim, quando agradecemos, reconhecemos que tudo recebemos
de Deus; quando suplicamos, reconhecemos e aprendemos que dependemos dele e da
sua providência; quando intercedemos, aprendemos e experimentamos que tudo e
todos estão nas mãos amorosas de Deus; quando pedimos perdão, reconhecemos que
nossa vida é vivida diante dele e a ele devemos prestar contas da existência
que recebemos. Portanto, a oração nos abre, nos educa, nos amadurece, nos faz
viver em parceria com o Senhor.
Quanto aos modos de rezar, são variados. A melhor forma é
com a Sagrada Escritura: tomando a Palavra de Deus, lendo-a com os lábios,
meditando-a com o coração e procurando vivê-la na existência. Tome diariamente
a Bíblia, leia-a com fé, repita as palavras ou frases que tocaram seu coração e
derrame sua alma diante do Senhor. Nunca esqueçamos que essa Palavra de Deus é
viva e eficaz, transformando a nossa vida e dando-lhe um novo sentido. Também é
importante a oração espontânea, com nossas palavras e a oração vocal, aquela
decorada, como o Pai-nosso e a Ave-Maria. Aqui, é bom recordar o terço, que
tanto bem tem feito ao longo dos séculos. Mas, a oração por excelência é a
própria missa. Aí, de modo pleno, nós somos unidos à própria oração de Cristo,
participando do seu sacrifico pela salvação nossa e do mundo inteiro.
Mas, recordemos que a oração não é uma negociata com Deus
nem é para dobrar Deus aos nossos caprichos. É, antes, para nos tornar disponíveis
à vontade do Senhor a nosso respeito. Uma das coisas muito belas da oração é
que, tendo rezado e pedido, o que acontecer depois podemos saber com certeza
que é vontade de Deus! É nesse sentido que Nosso Senhor afirmou que tudo quanto
pedirmos em seu nome, o Pai no-lo concederá. Ora, o que é pedir em nome de
Jesus? É pedir como Jesus; “Pai,
não se faça a minha, mas a tua vontade”. Rezar assim é entrar no
cerne da oração de Jesus. Então, tudo que nos vier, saberemos que é vontade do
Pai, pois sabemos que nossa oração foi atendida; e nisto teremos paz.
Que nesta Missa, nós peçamos, humildemente, como os
primeiros discípulos: “Senhor, ensina-nos a rezar”. E aqui não se trata de
fórmulas, mas de atitudes. Observemos que a oração que Jesus ensinou, o Pai-nosso,
é toda ela centrada não em nós, mas no Pai: no seu Reino, na sua vontade, na
santificação do seu nome. Somente depois, quando aprendermos a deixar que Deus
seja tudo na nossa vida, é que experimentaremos que somos pessoas novas,
transformadas pela graça do Senhor.
Cuidemos, pois de avaliar nossa vida de oração e retomar
nosso caminho de busca de intimidade com o Senhor, ele que é a fonte e a razão
de ser da nossa existência. Amém.
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