O canto e a
música são de vital importância em qualquer festa e celebração – também nas
celebrações eclesiais. Uma celebração sem canto, especialmente da Eucaristia,
seria como um dia nublado: é dia, mas falta alguma coisa de luz e cor para que
esteja mais alegre. O canto será mais santo na medida em que estiver unido à
ação litúrgica.
Antes de falar
sobre a possibilidade de cantar o Pai-Nosso, é importante destacar que esta
oração merece o máximo de respeito e solenidade. Isso é um convite a que
revisemos em profundidade nossa situação diante de Deus e das pessoas, com
muita devoção.
Os cantos da
missa, de acordo com a instrução “Musicam Sacram”, se dividem em três grupos:
1. Primeiro
grau: são as ações que correspondem ao povo, como aclamações e respostas ao
celebrante: “Amém”, “Graças a Deus”, “Anunciamos, Senhor, a vossa morte…”, bem
como os hinos: “Santo”, “Pai-Nosso”.
2. Segundo grau:
Kyrie, Glória, Agnus Dei, Credo, oração dos fiéis.
3. Terceiro
grau: cantos de entrada, comunhão, ofertório, Aleluia antes do Evangelho,
leituras (quando são cantadas).
Sendo assim, o
Pai-Nosso pode ser cantado, é opcional, e é um canto de primeiro grau.
Portanto, o Pai-Nosso não apenas pode ser cantado, senão que, ao ser do primeiro
grau, é dos cantos que mais deveriam ser cantados.
A instrução
“Musicam Sacram” afirma no número 35: “O Pai-Nosso, é bom que o diga o povo
juntamente com o sacerdote. Se for cantado em latim, empreguem-se as melodias
oficiais já existentes; mas se for cantado em língua vernácula, as melodias
devem ser aprovadas pela autoridade territorial competente”.
A melodia para
cantar o Pai-Nosso nunca deve ser escandalosa, para não perder de vista a
intenção do ato, que é orar.
As pessoas não
sabem se o Pai-Nosso pode ser cantado precisamente porque é raro que se cante
esta oração nas missas. Por quê? Justamente por causa dos abusos cometidos. Em
muitos casos, este canto é deformado e mal interpretado.
Na América
Latina, sobretudo, é frequente ouvir o Pai-Nosso com mais palavras que na
oração original, ou com menos palavras, e até com outras palavras (exemplo
comum no Brasil: “Pai, meu Pai do céu, eu quase me esqueci que o teu amor vela
por mim, que seja sempre assim…”).
Por que mudar as
palavras de Jesus? É por isso que os padres costumam seguir o caminho mais
seguro, que é recitar o Pai-Nosso.
Portanto, quando
cantamos o Pai-Nosso, é importantíssimo conservar intacto o texto original da
oração. Outra coisa é a música que acompanha o canto, que precisa ser realmente
música sacra, e não qualquer música (não pode ser um canto adaptado com ritmo
popular).
Outro texto a
ser levado em consideração é a Instrução Geral do Missal Romano, que afirma no
número 81: “Na Oração do Senhor pede-se o pão de cada dia, que lembra para os
cristãos antes de tudo o pão eucarístico, e pede-se a purificação dos pecados,
a fim de que as coisas santas sejam verdadeiramente dadas aos santos. O
sacerdote profere o convite, todos os fiéis recitam a oração com o sacerdote, e
o sacerdote acrescenta sozinho o embolismo, que o povo encerra com a doxologia.
Desenvolvendo o último pedido do Pai-nosso, o embolismo suplica que toda a
comunidade dos fiéis seja libertada do poder do mal O convite, a própria
oração, o embolismo e a doxologia com que o povo encerra o rito são cantados ou
proferidos em voz alta”.
Em resumo, o
Pai-Nosso pode ser cantado, sim. Mais ainda: deve ser cantado. Mas, como
mencionamos antes, o problema é que as pessoas costumam usar versões que não se
parecem em nada com a oração que Jesus nos ensinou.
Pe. Henry
Vargas Holguín
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Aleteia
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