Recebemos
de um (ou de alguns) leitor(es) anônimo(s) algumas mensagens breves e
repetidas, ligeiramente diferentes entre si mas com idêntico teor e conteúdo.
Todas trazem as mesmas afirmações, que de fato já foram indiretamente
respondidas por aqui, em diversas de nossas postagens. Em todo caso,
reproduzimos abaixo uma destas mensagens, seguida de nossa resposta. Esperamos
que nossas reflexões sejam de proveito para quem vier a lê-las.
"Você
vive dizendo que a igreja romana é a certa, mas tem muitos podres na sua igreja
romana , na história da sua igreja nem se fala. Vc me diz que não tem podres na
história da igreja romana? Não tem padre pedófilo, padre fornicador? Entao
Quem é vc pra falar alguma coisa? sigo evangélico e com muito
orgulho"
Bem,
anônimo, para começar esta conversa, devo dizer que logo de início talvez eu
não seja a pessoa mais indicada para responder às suas perguntas, porque eu não
conheço "igreja romana". Conheço e integro, com a Graça de Deus, a Igreja Católica ApostólicaRomana. Na história desta, sim, posso afirmar que
houveram muitas páginas ou atos "podres", – para usar a sua
expressão, – começando pelo de Judas, que traiu o Senhor, o de Pedro, que o
negou por três vezes, e o de Tomé, que depois de conviver longo tempo com o
Senhor, mesmo assim não pôde crer na sua Ressurreição antes de tocar as suas
santas chagas. Poderia somar a estes exemplos o de todos os outros Apóstolos,
exceto João, que fugiram para salvar as próprias peles quando Jesus foi preso.
Então, os homens que integram a Igreja, desde o começo, sempre foram
imperfeitos, falhos, fracos e pecadores. Nenhum problema em admitir isso.
Nada
disso, porém, afeta a santidade e a pureza da imaculada Esposa de Nosso Senhor
Jesus Cristo, que é a mesma Igreja. "Podres" no correr de sua
história, sim, sempre existiram e continuam existindo, partindo de alguns de
seus filhos ingratos e traidores. Podres ou manchas na própria Igreja, não,
nenhum sequer.
Ocorre
que "a Igreja é, aos olhos da fé, indefectivelmente (infalivelmente) santa. Unida a Cristo, é santificada por Ele e nEle
se torna também santificante.”
(Lumen Gentium n.39 / CIC §823-824).
E
aqui você provavelmente estará se perguntando se esses tais olhos da fé
precisam de óculos, ou se estarão totalmente cegos... Se a Igreja é santa,
porque então ouvimos dizer de tantos escândalos e graves pecados envolvendo
padres e bispos? Você deverá achar que, se aos olhos da fé a Igreja não falha,
então esses olhos devem estar precisando urgentemente de um oftalmologista!
A
verdade, porém, é o exato oposto desta impressão superficial. Não é que os
olhos da fé não vejam bem; de fato, os olhos da fé vêem muito além das
aparências, e enxergam que a Igreja é a continuidade da Encarnação do Cristo
neste mundo. É por isso que ela não se desvia do seu Caminho, não naufraga, não
se perde. O Espírito Santo a assiste, e mesmo com tantos pecados de filhos
traidores, que lhe dão as costas e não ouvem a sua voz, ela permanece fiel à
sua missão e cumprindo plenamente o seu propósito.
Sim,
porque é por meio da Igreja que nós chegamos à salvação, já que é por meio dela
que temos o Batismo, – porta de entrada para a vida cristã; – é por meio dela
que comungamos Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, na sagrada e
preciosa Eucaristia; é por meio da Igreja que alcançamos o perdão dos nossos
pecados, pela Confissão, como Jesus determinou, dizendo aos primeiros pastores
desta mesma Igreja, que é una e indivisível: "Os pecados que perdoardes
serão perdoados, e os que retiverdes serão retidos" (Jo 20,22-23).
É somente na Igreja, sendo membros da Igreja, que podemos ser cristãos de fato. A Igreja, então, continua cumprindo fielmente a sua missão, continua sendo fiel Esposa de Cristo, nos santos da Terra e nos do Céu, em perfeita Comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
É somente na Igreja, sendo membros da Igreja, que podemos ser cristãos de fato. A Igreja, então, continua cumprindo fielmente a sua missão, continua sendo fiel Esposa de Cristo, nos santos da Terra e nos do Céu, em perfeita Comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
Assim,
por mais bobagens ou mesmo barbaridades que alguns filhos da Igreja cometam,
por mais pecados que acumulem, a autêntica Igreja continua pura e sendo
divinamente conduzida.
Ora,
a Igreja não pode ser julgada a partir dos seus traidores, e sim a partir
daqueles que lhe são fiéis. Isso não é óbvio?
Vou
deixar aqui um exemplo muito simples, para facilitar a compreensão do que estou
dizendo: imagine um time de futebol, do qual um de seus jogadores aceitou suborno
para entregar a final do campeonato à equipe que é a sua grande rival. Seja
este jogador o goleiro ou o atacante principal, ou o responsável pela armação
das jogadas ou um zagueiro, de qualquer jeito ele vai ter muitas oportunidades
durante a partida para facilitar a vitória do time adversário. Certo. Aí o time
perde, e depois se descobre a falcatrua e a traição deste jogador vendido. Pois
bem; ele evidentemente deveria ser afastado. Mas o que nos interessa aqui é
saber o seguinte: este jogador infiel, vendido e traidor, representa o
seu time? Poderia ele servir como exemplo daquela equipe de atletas?
Se pedissem ao treinador deste time que apontasse um jogador para simbolizar aquela equipe, será que ele escolheria o traidor? E se perguntassem ao patrocinador do time, ou ao diretor, ou a algum membro da torcida? Será que alguém escolheria o traidor para ser o símbolo da equipe, o atleta que representaria "o espírito" dessa agremiação esportiva?
Se pedissem ao treinador deste time que apontasse um jogador para simbolizar aquela equipe, será que ele escolheria o traidor? E se perguntassem ao patrocinador do time, ou ao diretor, ou a algum membro da torcida? Será que alguém escolheria o traidor para ser o símbolo da equipe, o atleta que representaria "o espírito" dessa agremiação esportiva?
Claro
que não. Só poderia representar o time um atleta que fosse dedicado,
comprometido, um que tenha honrado sua camisa, que tenha sido fiel ao escudo no
seu peito.
Do
mesmo modo, se você quer saber o que é a Igreja, não pode olhar para o padre
acusado de pedofilia. Você deve olhar para Francisco de Assis, Vicente de
Paulo, João Maria Vianney, Maximiliano Maria Kolbe, Filipe Neri, Pio de
Pietrelcina, Gianna Beretta Molla, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce dos
Pobres, etc, etc, etc... Você deve olhar para o exemplo de Pedro e de todos os
Apóstolos depois de Pentecostes, quando foram batizados no Espírito Santo e se
tornaram de fato santos. Você deve olhar para São Paulo, para a Santíssima
Virgem Maria, etc, etc, etc... São estes que representam a Igreja Católica
Apostólica Romana.
São
os milhões de santos da Igreja, canonizados ou anônimos, os do Céu e os da
Terra, que a representam, simplesmente porque são estes que fizeram e fazem o
que a Igreja manda fazer. São estes que a honram e lhe são fiéis. Os que a
desobedecem, os que a traem, não podem de modo algum representá-la.
Encerro
deixando meus agradecimentos a todos os leitores anônimos que procuram me fazer
perguntas embaraçosas e me dão a oportunidade para esclarecer as dúvidas
daqueles que realmente querem aprender as coisas da fé. Todos vocês têm as
minhas frequentes orações.
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Autor: Henrique Sebastião
Fonte: O Fiel Católico
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