“Pedimos que a normalidade seja retomada o mais
rápido possível, porque existem muitas dificuldades e ansiedades em meio a quem
vive em ambos os lados do confim, e não só entre eles, mas em toda a população
dos dois países, que seguem com indignação os acontecimentos que degradam a
condição de seres civilizados e irmãos”. Assim se expressa a Comissão “Justiça
e Paz” da Conferência Episcopal da Venezuela sobre a atual situação de conflito
na região de confim com a Colômbia, que provocou o fechamento da fronteira
entre os dois países decidida pelo Presidente venezuelano, a expulsão de cerca
de mil colombianos e a convocação de seus embaixadores, informou a Agência
Fides.
A motivação é a defesa dos direitos humanos e da
segurança alimentar dos venezuelanos, pois segundo o governo, quase metade dos
gêneros alimentícios venezuelanos é contrabandeada na Colômbia. A fronteira
também é usada cotidianamente por contrabandistas, traficantes de seres humanos
e narcotraficantes, em seus crimes.
A Comissão Justiça e Paz “está profundamente
preocupada com as várias denúncias de graves violações de direitos humanos no
âmbito do decreto de suspensão das garantias constitucionais em diferentes
municípios do confim, é uma situação que afeta todos nós que vivemos na
Venezuela, já que é notável a presença de colombianos em nossa terra e existem
muitas relações de fraternidade e cooperação... Não se pode estigmatizar todo
um grupo de presumíveis crimes sem um justo processo e o direito à defesa”.
Assim - informa Fides - os Bispos lançam um
apelo às autoridades venezuelanas para que garantam “um justo processo e a
integridade física das pessoas, especialmente pelo direito à vida”, segundo
estabelecido pela Constituição e pelas leis. Às autoridades garantes dos
direitos humanos dos dois países, pedem que este problema “tenha uma rápida
solução e não se torne uma questão ideológica ou política, nem uma ocasião para
promover a xenofobia ou o desprezo de qualquer cidadão por causa de sua
origem”. Solidários com milhões de colombianos que enriqueceram a Venezuela com
seus valores e capacidades, os Bispos convidam à responsabilidade, à calma e à
oração, auspiciando que o fato de se declarar cristãos movimente a solidariedade,
a misericórdia, o perdão, e rechace tudo o que leva ao desprezo, à violência e
à guerra.
“Muitos dos expulsos não puderam pegar suas coisas,
que deixaram no território venezuelano – prosseguem os Bispos – é justo
restituir aos proprietários os bens imóveis e outros objetos; é urgente que as
famílias se reúnam na totalidade de seus membros, a fim de evitar uma crise
humanitária causada pelas deportações de massa; como venezuelanos, queremos ver
a resposta do Poder Moral em plenitude, trabalhando para que sejam respeitados
os direitos humanos de todos os cidadãos, venezuelanos ou colombianos”.
Os Bispos estão conscientes do sofrimento de tantas
pessoas por causa desta situação e expressam a sua solidariedade: “Nos,
cidadãos venezuelanos, nos sentimos irmãos do país vizinho, nunca fomos
estranhos, porque temos uma história comum”, prossegue o texto, convidando a
colher a ocasião destes eventos para refletir “sobre o futuro de nosso país,
sobre as responsabilidades da liderança política e militar em conduzir a nossa
nação, sobre a paz interna e sobre o que queremos e desejamos como
venezuelanos”.
O comunicado se conclui reiterando que “o Estado
tem a obrigação de garantir os direitos humanos de todos os seus cidadãos,
incluindo os estrangeiros sob a sua jurisdição”.
_____________________________________
ZENIT
Nenhum comentário:
Postar um comentário