A Carta
circular da Congregação para o Culto divino e as disciplinas dos sacramentos
diz que o Canto da Paz não existe no Rito Romano e que portanto deve ser
evitado.
O rito da
paz faz parte da Missa, ou seja, dentro do "rito da paz", o qual está
presente dentro da legislação da Igreja, mais precisamente no número 82, da
Instrução Geral do Missal Romano.
O rito da
paz é composto de uma parte obrigatória e outra facultativa. A parte obrigatória
é a oração do sacerdote e a parte facultativa é a saudação entre os
fiéis.
A oração
obrigatória prevista no missal é esta:
Senhor
Jesus Cristo, que dissestes aos vossos Apóstolos: eu vos deixo a paz, eu vos
dou a minha paz: não
olheis aos nossos pecados, mas à fé da vossa Igreja e dai-lhe a união e a paz,
segundo a vossa vontade, Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito
Santo.
Domine Iesu Christe, qui dixisti Apóstolis tuis: Pacem relinquo vobis,
pacem meam do vobis: ne respicias peccata nostra, sed fidem Ecclesiæ tuæ; eamque secundum
voluntatem tuam pacificare et coadunare digneris. Qui vivis et regnas in
saecula saeculorum.
Essa
oração, ao contrário do que acontece em algumas paróquias, deveria ser
pronunciada somente pelo padre e os fiéis permaneceriam em silêncio, anuindo ao
desejo do sacerdote com seu “Amém”. Esta
oração é obrigatória e constitui o núcleo do rito da paz. A Instrução Geral do
Missal Romano diz: "Segue-se o rito da paz, no qual a Igreja implora a paz
e a unidade para si própria e para toda a família humana, e os féis exprimem
uns aos outros a comunhão eclesial e a caridade mútua, antes de comungarem no
Sacramento." Ora, essa expressão dos fiéis de comunhão eclesial e caridade
mútua é que é facultativa.
O missal "Ordinário
da Missa com o Povo", em seu número 128 diz: "deinde, pro
opportunitate, diaconus vels sacerdos, subungit: offerte vobis pacem",
ou seja, se for oportuno, o diácono ou o próprio sacerdote pedem que se deem um
ao outro o sinal de paz.
Esse
gesto é facultativo, segundo o missal, porque a oferta da paz já aconteceu
quando o sacerdote, olhando para a assembleia, disse: "Pax Domini sit
semper vobiscum" (a paz do Senhor esteja sempre convosco). E o povo
respondeu: "Et cum spiritu tuo" (o amor de Cristo nos uniu).
Deste modo, o padre já significou o abraço da paz de forma coletiva.
O fato de
o abraço da paz não ser obrigatório pode causar estranheza, porém, é o Missal
quem assim define. Ele é facultativo. Cabe ao sacerdote julgar se, naquela
circunstância, a comunidade pode ou não expressar a caridade e a comunhão
eclesial por meio do sinal da paz. Se
decidir expressar, que a comunidade o faça em silêncio, sem sair do lugar onde
está. O abraço nada mais é do que uma
expressão, um sinal de uma paz que já estava lá, que já fora desejada pelo
sacerdote, recebida pelas pessoas.
O cuidado
é devido pois qualquer dispersão pode perturbar a devida preparação, que se
requer para a frutuosa participação no sacramento a receber.
Expressar
a paz não é algo sem lei, que pode ser feito de qualquer modo. Quanto a isso a
Instrução Geral do Missal Romano diz:
"Quanto
ao próprio sinal com que se dá a paz, as Conferências Episcopais determinarão
como se há de fazer, tendo em conta a mentalidade e os costumes dos povos. Mas
é conveniente que cada um dê a paz com sobriedade apenas aos que estão mais
perto de si."
Portanto,
está bem claro que esse momento não é de congraçamento, de festa, de
reconciliação. Isso se dá pelo simples fato de que esse momento antecede ao da
comunhão, ou seja, não é oportuno que as pessoas se dispersem. Da mesma forma,
como o sacerdote está tocando as espécies eucarísticas, não é oportuno que ele
se congrace com as pessoas. É por isso que no rito romano, é previsto apenas um
leve toque, algo que pontue que se trata realmente de um rito, de um abraço
ritual.
A
sobriedade, que é prevista pela legislação do missal, deve expressar a
realidade interior, ou seja, a preparação para receber a comunhão, o Cristo que
é a fonte de toda paz. Trata-se de um momento cristocêntrico, por isso, a
comunidade não deve tomar o lugar de Cristo.
O Cardeal
Joseph Ratzinger, em sua obra "Introdução ao espírito da liturgia"
alerta para o fato de que a maneira pela qual o Missal de Paulo VI está sendo
vivido denota um certo antropocentrismo, ou seja, é o homem, a comunidade no
centro, e não Cristo.
Assim, o
canto da paz não é necessário. Primeiro, porque não é absolutamente previsto na
legislação litúrgica. Segundo, porque a própria natureza das coisas impede que
ele exista, pois, se a saudação é um "sinal ritual" não há
necessidade de uma música que o acompanhe.
A
Congregação para o Culto divino e as disciplinas dos sacramentos enviou uma
carta circular com o tema: O SIGNIFICADO RITUAL DO DOM DA PAZ NA MISSA, fazendo
as seguintes recomendações:
De todos
os modos devem ser evitados no Momento de se dar a paz:
- Que
seja introduzido um "canto para a paz", inexistente no Rito Romano .
- Que os
fiéis se desloquem para trocar a paz.
- Que o
sacerdote abandone o altar para dar a paz a alguns fiéis.
- Que em
algumas circunstâncias, como a solenidade de Páscoa ou de Natal, ou
Confirmação, o Matrimônio, as sagradas Ordens, as Profissões religiosas ou as
Exequias, o dar-se a paz seja ocasião para felicitar ou expressar condolências
entre os presentes.
Por isso
é sempre bom conhecer e estudar as normas litúrgicas para celebrar bem e
orientar os fieis na forma correta de participar dos sacramentos.
Padre Paulo Ricardo
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Disponível em: Região Lapa
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